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Clubes de leitura proporcionam espaço de diálogo e formação de público

Um livro a cada duas semanas. Foi essa a resolução de ano novo que levou o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, a criar, em janeiro, a página “A Year of Books”, na qual leitores compartilham opiniões sobre títulos previamente escolhidos. A ideia nada mais é do que uma versão online dos clubes de livros, em que grupos selecionam obras para ler em determinado período e depois se reúnem para discuti-las. Populares nos Estados Unidos e na Inglaterra, nos últimos anos esses encontros se espalharam também pelo Brasil, como maneira de ampliar repertórios e formar leitores mais críticos.
Iniciativas online como a de Zuckerberg ganham espaço em blogs e redes sociais, mas os grupos presenciais também têm crescido. Em São Paulo, há clubes consolidados em instituições como a Biblioteca de São Paulo, Biblioteca Mário de Andrade, Academia Paulista de Letras, unidades do Sesc e livrarias. Alguns dos encontros são organizados por editoras. “Começamos em 2010 e hoje temos 60 clubes em 16 cidades brasileiras”, conta a coordenadora dos clubes de leitura da Companhia das Letras, Janine Durand.
Janine participou da implantação dos encontros mensais, alguns dos quais acontecem em parceria com instituições como o Sindi-Clube e a Academia Paulista de Letras. “No começo, a fala dos participantes é ‘gosto’ ou ‘não gosto’. Conforme a gente vai trazendo elementos sobre o livro, olhando personagens e enredo, as pessoas passam a perceber as próprias preferências”, avalia. “Muitas vezes a gente observa que aquele leitor ia desistir do livro, mas no contato com outros participantes a pessoa continua, pela força do grupo.”

Construção de sentidos
Cada clube de leitura costuma ter regras de funcionamento particulares. Os únicos pré-requisitos são a leitura da obra e o diálogo entre os participantes, para que haja uma análise mais consciente e crítica. No Clube de leitura do Sesc Carmo, primeiro a ser criado pelo Sesc em São Paulo, em 2012, o próprio público sugere o livro do mês. Gratuito e com média de 20 pessoas por encontro, o clube também disponibiliza na biblioteca os exemplares das obras.
“O perfil do público é bem diverso, temos inclusive leitores que pela primeira vez estão tomando contato com determinado autor. Em um dos encontros uma das participantes disse que aprendeu a ler no clube”, relata a animadora cultural do Sesc Carmo Ana Emilia de Paula. “O clube tem papel fundamental na formação do leitor autônomo, do leitor que se posiciona e constrói um sentido próprio diante do material que o livro lhe oferece.”
Para isso, o papel do mediador também é essencial. “O mediador precisa ter um repertório literário, mas principalmente gostar de gente e ter a sensibilidade de facilitar o equilíbrio do diálogo no grupo, articulando a fala e a escuta”, explica Janine. “Ele é um perguntador, não um palestrante.”

BOXE - Afinidade literária

Com mediação de especialistas, encontros
no Sesc discutem clássicos e obras atuais

Após ter início no Sesc Carmo em 2012, a ideia dos clubes de leitura espalhou-se para outras unidades do estado. Hoje, há atividades mensais também no Sesc Vila Mariana, Ribeirão Preto, Belenzinho e, a partir deste ano, em outras unidades que passarão a receber encontros de leitura e discussão de obras literárias.
O técnico da Gerência de Ação Cultural Francis Manzoni explica que o fomento à leitura representa o principal objetivo da ação cultural desenvolvida nas áreas de literatura e bibliotecas. “Hoje em dia as pessoas se agrupam por afinidades, como no Facebook, no WhatsApp e em outras redes sociais. Os clubes reúnem pessoas interessadas e que gostam dos mesmos textos, só que as ideias e comentários são compartilhados presencialmente”, explica ele.
Confira alguns destaques da programação de março e veja mais no Em Cartaz desta edição:

Sesc Vila Mariana
26/3, às 15h
Em março, o clube discute o livro Cidades Invisíveis, de Italo Calvino. A mediação é do ensaísta e principal tradutor da obra de Calvino no Brasil, Nelson Moulin.

Sesc Ribeirão Preto
28/3, às 11h
No primeiro CLIP (Clube de Leitura com Interesse em Poesia) de 2015, será abordada a obra de Arnaldo Antunes, com discussão do livro ET Eu Tu e do poema “Metade”. A mediadora convidada é a doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) Carolina Tomasi.

Sesc Carmo
31/3, às 19h
O livro do mês será Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, com mediação do professor de Literatura Brasileira na USP Erwin Torralbo Gimenez.