Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Como e Com Quem Morar: O Que é Melhor para o Idoso?

No amplo rol de questões concernentes à qualidade de vida na velhice, o problema da moradia para o idoso, embora seja um tema crucial, não tem sido suficientemente discutido pela sociedade brasileira. O baixo número de trabalhos acadêmicos na área reflete a pouca atenção que o tema até o momento despertou entre os especialistas da gerontologia. A inexistência de políticas públicas habitacionais consistentes e efetivas evidencia a negligência do país nesse importante setor. De fato, constatamos poucas iniciativas nos âmbitos federal, estadual e municipal de governo. Sabemos que há importantes variáveis a configurar as diversas possibilidades de moradia para a pessoa idosa, como seu grau de autonomia física e mental e sua condição financeira, além da presença ou ausência de familiares. Embora todos aqueles que defendem a dignidade dos velhos sejam unânimes em afirmar que ao idoso cabe a decisão de como morar, restrições de saúde, poder aquisitivo ou a presença de familiares dependentes, podem comprometer suas chances de escolha. Há, por exemplo, filhos desempregados que moram com seus pais porque estes são seus dependentes. Outros idosos, ao contrário, vivem com filhos, noras (ou genros) contra sua vontade, porque estão fragilizados financeiramente ou por motivos de saúde. Aos idosos sem família e em precária situação material, a internação em instituições de longa permanência é, muitas vezes, inevitável. O impacto negativo sobre a auto-estima decorrente do confinamento é bem conhecido. Por isso, a prestação de serviços domiciliares aos idosos fragilizados se constitui como importante item de políticas sociais nos países desenvolvidos, ao manter o idoso em seu lar. Desse modo se preserva a identificação com o espaço privado preenchido com as todas as coisas que representam sua história de vida. Essas e outras questões relativas à moradia da pessoa idosa são analisadas nesta edição no artigo “Políticas Públicas para a Habitação do Idoso”, de Andréa Pfützenreuter e Ricardo de Sousa Moretti. Também nessa edição, entrevistamos Olga Quiroga que há vários anos lidera movimentos em defesa da moradia do idoso na cidade de São Paulo e nos dá um magnífico exemplo de sensibilidade e determinação aos 70 anos de idade. Olga nos fala do drama vivido pelos idosos de rua, dos idosos albergados ou dos idosos que habitam cortiços. Histórias tristes que merecem nossa atenção e que nos pedem um posicionamento. Esperamos que a reflexão sobre esse tema estimule mais e mais pessoas a, dentro de suas possibilidades e competências, colaborarem para a construção de um senso comunitário, inclusivo e afetivo, no qual todos possam envelhecer com conforto e dignidade.