Postado em
Zuca Sardan
CUPIDO PROLETA
dez lampejos
por Zuca Sardan
BADERNA
Na Baderna de Salerno
Dante perdeu o caderno
seu pangaré Napoleão
seu charuto George Sand
Lenine perdeu o boné
MARACAS
Suspiran las maracas
vuelan cucarachas
besame besame besame
Remédios Remédios
de mi corazón
AVANTE
Brada o Cupido
Fulgor Juvenil
Avante Avante
Camponesas em flor
Revolução Revolução
TRIUNFO
Operárias robustas
montadas nos sovacos
da Lua pelos ares
cantando e subindo
subindo e cantando
MULHER-BOMBA
Canhão... Caponga !!
Mulher-Bomba voou
zuuuuft plafffttt !!!
fez um rombo na lona
e sumiu
JUSTIÇA
A Balança da Justiça
tem gingar caprichoso
ginga pra lá pra cá
seu fiel é um fio das
barbas de Caronte
PÃO
Pão pros leões
Rosas pra domadora
se o anão avançar
a passos de gigante
vai s’enrolar nas barbas
TUFÃO
Borbulhante tufão
d’água pelo pescoço
Nau Porqueta afundou
Sereia mimosa boia
na boca do Capitão
LUSTRE
Doutor Roskoff se pendura
do lustre da sala nos chifres
brada-lhe o Cupido Proleta
vira agora qual chispa de cós
pra riba barbaças!
FARÓIS
Faróis colossais
pra cegar o galinheiro
Cupido Proleta não pode
ver Doutor Roskoff botar
a galinha no saco
Zuca Sardan é poeta e desenhista, participou da antologia dos marginais 26 Poetas Hoje (Labor, 1978) e prosseguiu fora do circuito editorial até o lançamento de Osso do Coração (Unicamp, 1993) e Ás de Colete (Unicamp, 1994).
Em 2013, lançou Ximerix (Cosac Naify) e, em 2014, Voe no Zeplin (Maria Papelão).