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Análise do bem-estar de idosos no Centro de Convivência da Terceira Idade

Introdução:

A Atenção Básica é o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. No trabalho das equipes da Atenção Básica/Saúde da Família, as ações coletivas na comunidade, as atividades de grupo, a participação das redes sociais dos usuários são alguns dos recursos indispensáveis para atuação nas dimensões
cultural e social (BRASIL, 2006).

O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. Este fenômeno ocorreu inicialmente em países desenvolvidos, mas, mais recentemente, é nos países em desenvolvimento que o envelhecimento da população tem ocorrido de forma mais acentuada. No Brasil, o número de idosos (≥ 60 anos de idade) passou de 3 milhões em 1960 para 7 milhões em 1975 e 14 milhões em 2002 (um aumento de 500% em 40 anos) e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020 (COSTA & VERAS, 2003).

O prolongamento da vida é idealizado por qualquer sociedade, no entanto não pode ser considerado apenas um período de  sobrevida caracterizado por declínios biológico, psicológico e social, mas como uma fase que deve ser vivenciada com qualidade (VERAS et al., 2008; CAMARGOS, MENDONÇA & VIANA, 2006).

O conceito de qualidade de vida é amplo e inclui uma variedade de dimensões que não se limitam às condições de saúde, controle de sintomas e intervenções médicas. Além dos indicadores objetivos, deve-se considerar algumas dimensões menos tangíveis, como: sentido de segurança, dignidade pessoal, oportunidades de atingir objetivos, satisfação com a vida, alegria e sentido positivo de si (INOYE, PEDRAZZANI & PAVARINI, 2008).

Essa nova visão do envelhecimento, considerando os idosos como participantes ativos na sociedade, desafia os serviços básicos de saúde quanto ao fortalecimento do trabalho interdisciplinar das suas equipes. Estudos relatam que as práticas de interagir saberes e fazeres são eficazes para a constituição de modelos assistenciais centrados na integralidade, no âmbito individual e coletivo (BEZERRA, SANTO & BATISTA, 2005; SANTOS-FILHO et al., 2006).

Do ponto de vista da saúde pública, investir na qualidade de vida de idosos da comunidade, para mantê-los em uma situação de envelhecimento ativo, deveria ser considerado fundamental para reduzir a necessidade de investimentos em prevenções secundária e terciária, em tratamentos, reabilitação e institucionalização (BORGES et al., 2008).

Segundo Domingos (2005), pode-se afirmar que uma das características mais significativas do Centro de Convivência é ser um campo interdisciplinar, um espaço de transversalidade dos aspectos biopsicossociais, culturais e conjunturais no que diz respeito aos idosos e aos profissionais. Assim, parte-se do pressuposto de que esse cenário oferece acolhimento, ampliação da rede social, solidariedade e promoção da saúde. Baseando-se nestas características, buscamos as evidências não empíricas para apontar o  Centro de Convivência como apoio social para o enfrentamento dos agravos físicos, psicológicos e sociais apresentados pelos idosos.

A fisioterapia preventiva reúne um conjunto de exercícios físicos e respiratórios que ajudam a controlar sintomas como insônia, ansiedade, depressão, dores articulares e musculares que podem causar uma simples irritação até as piores consequências. Possibilita também maior flexibilidade do corpo, coordenação, concentração, melhora de postura, relaxamento muscular, diminuição de tensão, além de trabalhar com a melhoria da autoestima (BARBOSA, 2009). E segundo Moreira et al. (2006), a fisioterapia, atuando junto com a equipe multidisciplinar, favorece a promoção da saúde, ou seja, age para que a população adoeça o menos possível.

Este estudo teve como objetivo analisar o bem-estar de idosos de um Centro de Convivência da Terceira Idade e a partir deste demonstrar a importância da atuação fisioterapêutica preventiva tendo em vista que não é realizada nenhuma atividade multiprofissional na promoção e prevenção da saúde com esse grupo.

Materiais e métodos

O município de Lagoa do Itaenga localiza-se na Mesorregião Mata e na Microrregião Mata Setentrional do Estado de Pernambuco, a 72 km de Recife, e conta com uma área de 61,7 km2 (BELTRÃO, 2005). A população residente é de 20.614 habitantes (BRASIL, 2010) e adota desde 2000 o Programa Saúde da Família como estratégia de organização dos serviços de saúde. A cidade possui
nove equipes, distribuídas em nove Unidades Básicas de Saúde (sete localizadas na zona urbana e duas na zona rural). As equipes são compostas de médico, odontólogo, enfermeiro e agentes comunitários de saúde (ALBUQUERQUE & CARVALHO, 2009). Existe um Centro de Convivência da Terceira Idade (CCI), mantido pela Secretaria de Ação Social, onde são realizadas atividades religiosas,
de esporte, artes e lazer com idosos a partir de 60 anos. Atualmente cerca de 100 idosos frequentam o CCI.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Agameon Magalhães (ANEXO A). Estudo observacional e descritivo do tipo de corte transversal com um total de 30 idosos com faixa etária igual ou superior a 60 anos. Os critérios de inclusão foram: idoso hígido, ou seja, aquele que mantém sua autonomia e independência, sendo capaz de gerir sua própria vida mesmo que apresente uma ou mais de uma patologia, atendendo-se as limitações naturais da idade (RAMOS, 2003) e a frequência assídua nas dez sessões.

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora de forma individual, no dia de 28 de setembro (15 idosos de manhã e 15 à tarde) de 2009, em espaço reservado pelo CCI. Os instrumentos utilizados na coleta dos dados foram: a Escala de Depressão Geriátrica, simplificada de Yesavage, com 15 itens (EDG-15), que é uma versão curta da escala original (Figura 1). Ela foi elaborada por Sheikh e Yesavage (1986), a partir dos itens que mais fortemente se correlacionavam com o diagnóstico de depressão (PARADELA, LOURENÇO & VERAS, 2005).

Com base no diagnóstico de investigação para a depressão, as 15 perguntas da escala classificam o indivíduo como normal, levemente deprimido ou severamente deprimido (YESAVAGE et al., 1983).

1 - Satisfeito(a) com a vida? (não)
2 - Interrompeu muitas vezes suas atividades? (sim)
3 - Acha sua vida vazia? (sim)
4 - Aborrece-se com frequência? (sim)
5 - Sente-se de bem com a vida na maior parte do tempo? (não)
6 - Teme que algo ruim lhe aconteça? (sim)
7 - Sente-se alegre a maior parte do tempo? (não)
8 - Sente-se desamparado(a) com frequência? (sim)
9 - Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (sim)
10 - Acha que tem mais problemas de memória que outras pessoas? (sim)
11 - Acha que é maravilhoso estar vivo(a) agora? (não)
12 - Vale a pena viver como vive agora? (não)
13 - Sente-se cheio(a) de energia? (não)
14 - Acha que sua situação tem solução? (não)
15 - Acha que tem muita gente em situação melhor? (sim)

Figura 1 – Escala de Depressão Geriátrica (abreviada de Yesavage) Quando a resposta:

• For diferente do exemplo entre parênteses = 0
• For igual ao exemplo entre parênteses = 1
Pontuação total: 0-5: Normal | 6-9: Depressão leve |10: Depressão estabelecida

Na Escala Gráfica Visual de Dor (Figura 2) foram verificadas a presença e intensidade de algias corporais, bem como sua localização, com o Diagrama Postural ou Corporal (Figura 3). A primeira escala, disposta em horizontal, consiste em uma série de faces expressando níveis progressivos de angústias, em que 0 (zero) representa ausência de dor e 5 (cinco) a pior dor já sentida
pelo indivíduo (ANDRADE, PEREIRA & SOUSA, 2006). Em relação ao Diagrama Corporal, o paciente apontou com o dedo ou de forma verbal sua opinião de escolha referente à presença de dor (CALIL & PIMENTA, 2005) (Figura 3). O uso de diagramas corporais para aferição do local da dor tem sido recomendado. O conhecimento de todos os locais dolorosos, a análise em  conformidade com a distribuição nervosa da região e a identificação de possíveis grupos musculares envolvidos podem ajudar a compreender a etiologia e a magnitude do quadro (CALIL, 2008).

Figura 2 – Escala Gráfica Visual

Além das escalas foram realizadas dez sessões de fisioterapia e dez palestras ministradas por profissionais da Atenção Básica. A atuação fisioterapêutica preventiva foi realizada por meio de dez sessões. Estas tiveram em média uma duração de 30 minutos com frequência de duas vezes/semana. O protocolo de atendimento fisioterapêutico está descrito no Quadro 1. Os materiais utilizados foram: cadeiras, bolas e bastões.

Quadro 1 – Protocolo fisioterapêutico realizado pela fisioterapeuta no CCI, no período de 5 de outubro a 11 de novembro de 2009.

Aquecimento (4 minutos):
Andar de frente com passos amplos e com movimentos alternados de flexão de ombro de 90° (1 min). Andar de frente realizando flexão de 90º de quadril e de joelho alternando movimentos de membros superiores (1 min.). Andar de lado com passos amplos, com movimento lateral de membros superiores, segurando um bastão na mão para cada lado (2 min.).


Autoalongamento (9 minutos):
Flexores, extensores e laterais da cabeça (3 min.). Peitoral maior com auxílio do bastão (1 min.). Flexão/adução horizontal cruzando os braços na frente do tórax (2 min.). Flexão do tronco para a frente apoiando as mãos na cadeira (1 min.). Alongamento do gastrocnêmio na posição de pé com as mãos apoiadas na cadeira (2 min.).

Exercícios de fortalecimento (8 minutos)

Flexão e extensão dos braços com bastão (2 min.). Flexão e extensão dos joelhos na posição sentada com o bastão embaixo dos pés (2 min.). Sentar e levantar da cadeira sem o auxílio das mãos com os braços na cadeira a 90º (2 min.). Apertar e soltar
a bola entre as pernas (2 min.).

Exercícios de equilíbrio (6 minutos)

Andar de costas (1 min.). Em pé com um passo à frente com apenas uma mão segurando o bastão (2 min.). Jogar bola com os amigos do grupo com apoio unipodal (2 min.). Ficar em pé só de olhos abertos e depois fechados (1 min.).

Relaxamento (3 minutos)

Com todos sentados, realizou-se exercício respiratório, visando ao relaxamento e, consequentemente, para que a musculatura voltasse gradativamente ao normal.

As palestras foram ministradas por diversos profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e tiveram uma duração 30 minutos (20 min. palestra e 10 min. para dúvidas e discussões) com frequência de duas vezes/semana (Quadro 2). Alguns itens foram entregues, como: panfletos, preservativos e kits de higiene bucal.

Quadro 2 Cronograma de palestras realizadas por profissionais da Estratégia de Saúde da Família no CCI, no período de 5 de outubro a 11 de novembro de 2009.

A apresentação das variáveis mensuradas foi feita por meio de tabelas ou gráficos incluindo também o uso de algumas medidas descritivas. A análise dos dados foi descritiva com a apresentação das frequências.

Resultados e discussão

Na amostra de 30 idosos, houve predominância do sexo feminino com 53,3% (n=16); com relação à faixa etária, temos que 36,6% (n=11) se encontravam entre 60 e 64 anos (Tabela 1).

O perfil da amostra da nossa pesquisa se assemelha aos estudos conduzidos por Oliveira, Gomes e Oliveira (2006) e por Pereira et al. (2008), nos quais a maioria das amostras era composta por idosas jovens. De acordo com Barreto et al. (2003), várias são as explicações para esse fato: as mulheres ficam viúvas e mais solitárias na terceira idade; já os homens tendem a outro casamento;
tradicionalmente, os homens resistem a engajar-se em atividades de cunho mais cultural, educacional e lúdico. Segundo Borges et al. (2008), as ações destinadas aos grupos de convivência de idosos devem considerar o universo feminino na terceira idade e suas peculiaridades, ao mesmo tempo em que considerem alternativas que atraiam os homens, favorecendo sua integração social, informação, lazer e qualidade de vida.

Em relação à faixa etária, dados semelhantes foram encontrados no estudo de Borges et al. (2008) e Pereira et al. (2008). Para que idosos frequentem o Centro de Convivência é necessário competência e manejo razoáveis no desempenho das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), as quais possuem um nível de complexidade maior que as Atividades de Vida Diária (AVD) e que, com o aumento da idade, aumenta proporcionalmente o aparecimento de algum grau de dependência, tanto nas AVDs quanto nas AIVDs. Dessa maneira, é compreensível a maior frequência de idosos jovens que estão com sua capacidade funcional preservada (BARRETO et al., 2003). A localização do CCI também pode contribuir para que idosos mais jovens frequentem esse local, pois existe uma ladeira em frente do centro, dificultando o acesso aos de idade mais avançada.

Ao se analisar a prevalência de depressão na amostra, avaliada por meio da pontuação da Escala de Depressão Geriátrica, observou-se que 3% da amostra foi classificada com depressão estabelecida, assim como depressão leve, e 94% dos casos não tinham depressão (Figura 4).

Figura 4 – Distribuição quanto à Escala de Depressão Geriátrica

Distribuição Escala de Depressão Geriátrica

Normal 94%
Depressão Leve 3%
Depressão Estabelecida 3%

No estudo de Oliveira, Gomes e Oliveira (2006) sobre a prevalência de depressão em idosos que frequentam centros de convivência, observou-se que, dos 118 idosos analisados, 70% não foram caracterizados como depressivos, tendo em vista que seu escore variou entre zero e cinco pontos. Entre os deprimidos, 26% foram caracterizados tendo depressão leve ou moderada (escore de
6 a 10 pontos) e 4% como portadores de depressão grave (escore de 11 pontos ou maior). Em outro estudo com 26 idosos de um Centro de Convivência em Floriano-PI, constatou-se que 38,4% dos indivíduos estudados apresentavam depressão leve, 7,6% depressão grave e 54% sem sinais de depressão (PEREIRA et al., 2008). Pode-se atribuir a baixa prevalência de depressão no presente estudo talvez às atividades desenvolvidas por tais idosos no referido centro.

De acordo com Mazo et al. (2005), a reinserção social por meio de grupos de convivência, a aproximação da família e a atividade física podem permitir que o estado depressivo seja controlado em fase adequada, sendo possível até mesmo a sua reversão com evidentes benefícios para o idoso. Permanecer ativo é componente essencial para envelhecer saudável.

Na Tabela 2, são descritos os resultados encontrados na variável intensidade da dor, assim temos que 30% (n=9) dos idosos relataram ter uma intensidade da dor que machuca um pouco mais, assinalada segundo a escala de faces com a caricatura número 2, e apenas 16,7% (n=5) encontram-se felizes, sem dor.

Tabela 2 – Distribuição quanto à Escala Gráfica Visual (Variáveis N %)
Escala Gráfica Visual

0 - Feliz, sem dor 5 16,7
1 - Dor que machuca muito pouco 7 23,3
2 - Dor que machuca um pouco mais 9 30,0
3 - Dor que machuca muito 8 26,7
4 - Dor que machuca muito mais 1 3,3
5 - Dor que machuca muito mais que se possa imaginar 0 0

A ordem desta frequência foi semelhante no estudo de Oréfice (2007). Os idosos podem relutar em expressar a sua dor por receio de parecerem doentes e por relacionarem a dor com o avanço da doença e/ou aproximação da morte.
Além do mais, os idosos podem omitir sintomas por acreditarem que façam parte do envelhecimento normal ou da sua doença. Deve-se questionar o significado da dor para o paciente, seus receios, bem como atitudes positivas (enfrentamento) ou negativas (isolamento, reclusão social, supervalorização de problemas menores) (GOMES & TEIXEIRA, 2006).

Com relação à localização da dor no Diagrama Postural (Figura 5), 44% (n=11) referiram a região dos punhos e das mãos com a maior prevalência, seguida pelos tornozelos e pés, com 36,0% (n=9,) dos casos. Vale ressaltar que alguns participantes relataram sentir dor em mais de um segmento corporal.

Figura 5 – Distribuição da dor quanto ao Diagrama Postural

Coxas 4%
Não sabe infomar 8%
Quadril e nádegas 8%
Ombros 8%
Todas as articulações 12%
Joelhos 12%
Barriga 12%
Coluna inferior 12%
Pescoço 20%
Cotovelos 28%
Tornozelos e pés 36%
Punhos e mãos 44%

A dor está entre os principais fatores limitadores da possibilidade de o idoso manter seu cotidiano de maneira normal, impactando negativamente na qualidade de vida do indivíduo idoso, prejudicando de algum modo a realização das atividades de vida diária, bem como restringindo, em algumas situações, a convivência, levando-os ao isolamento social. Detectou-se também que muitos idosos sentem dor e convivem com ela diariamente, tentando manter a aparência de uma vida normal. Alguns motivos os levam a não se queixarem, talvez pelo temor em serem mal interpretados, tachados de poliqueixosos ou, ainda, já terem se acostumado com a não valorização de sua dor (CELICH & GALON, 2009).

A Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008, do Ministério da Saúde, que cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), amplia as especialidades e o número de profissionais da Atenção Básica, com ações comuns nos territórios de sua responsabilidade, desenvolvidas de forma articulada com as equipes de Saúde da Família e outros setores. Como, por exemplo, o desenvolvimento
do projeto de saúde no território, planejamentos, apoio aos grupos, trabalhos educativos, de inclusão social, enfrentamento da violência, ações nos equipamentos públicos (escolas, creches, igrejas, pastorais, etc.) (BRASIL, 2010).

Dessa forma, com a implantação do NASF no município haverá a ampliação das atividades desenvolvidas por esses profissionais no CCI. Vale ressaltar que a amostra foi de apenas 30 idosos e que atualmente cerca de 100 frequentam esse centro, ou seja, para que todos os idosos participem, os materiais utilizados nas sessões precisam ser adaptados a um público maior.

De acordo com o Brasil (2010), existem 1.831 idosos em Lagoa de Itaenga. É necessário que um número maior de idosos participe das atividades desse Centro de Convivência.
Os grupos de convivência passam a representar para esses idosos um novo espaço de expressão, aprendizagem, troca de experiências, valorização pessoal, social e de desenvolvimento biopsicossociocultural. Trata-se, portanto, de um projeto de caráter preventivo, terapêutico e promocional, que cria oportunidades para que os idosos possam melhorar e exercitar a convivência grupal,
cooperação, participação cidadã e a consequente organização, influindo diretamente na sua qualidade de vida (SILVA & KINOSHITA, 2009). Sendo assim, esses grupos podem representar uma estratégia eficaz de política pública de promoção de um estilo de vida ativo (TOSCANO & OLIVEIRA, 2009).

Conclusões

Os resultados indicam que entre os 30 idosos que frequentam o Centro de Convivência da Terceira Idade de Lagoa de Itaenga há principalmente mulheres. A faixa etária entre 60-64 anos demonstra a participação de idosos mais jovens. A maioria desses idosos não tem depressão, apenas 16,7% encontram-se felizes, sem dor e 44% referem-se à região de punhos e mãos como o local de
maior prevalência de dor.

O programa adotado na presente pesquisa sugere que a intervenção fisioterapêutica pode favorecer a manutenção da funcionalidade dos idosos envolvidos nas práticas, assim como as palestras educativas esclarecem dúvidas e tabus sobre os assuntos abordados. Dessa forma as atividades desenvolvidas pelos profissionais da Atenção Básica devem ter continuidade, pois esse local, além de ser estratégico na promoção da saúde desses idosos, é de suma importância no seu bem-estar.

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Autores:

MARIA ALICE DE LIMA ALBUQUERQUE é Fisioterapeuta, coordenadora da Atenção Básica de Lagoa de Itaenga, Pernambuco. E-mail: malima60@hotmail.com.

VALÉRIA CONCEIÇÃO PASSOS DE CARVALHO é Professora titular da Universidade Católica de Pernambuco, Doutora em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento.