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O idoso na era da virtualidade
Vivemos em mundo cada vez mais acelerado. Nos últimos 100 anos assistimos a uma revolução científica e tecnológica sem paralelo na história da humanidade. O aumento da velocidade é percebido em várias dimensões do nosso cotidiano. No transporte, do século XIX para cá, superamos o cavalo com o trem e o automóvel. Marco Pólo demorou muitos meses para ir da Europa à China, no século XIII. No entanto, hoje ganhamos os ares com aeronaves cada vez mais velozes. O rápido deslocamento aéreo nos permite alcançar pontos antípodas de nosso planeta em algumas horas. Nas próximas décadas, almejamos conquistar o sistema solar. A aceleração mais impressionante, no entanto, é a das comunicações. Em curto espaço de tempo passamos do telégrafo ao telefone, deste ao rádio e à TV. Mais recentemente, graças à disseminação mundial da internet, não só recebemos informações em tempo real do que acontece no mundo, mas também repassamos o que quisermos a quem quisermos, no momento que bem entendermos. Obviamente o acesso a tantas maravilhas tecnológicas não é para todos. Em um mundo no qual cerca de um terço da população enfrenta sérias dificuldades para sobreviver, tais sofisticações para muitos não passam de um luxo sem serventia. Mas é óbvio, também, que, a cada dia, mais e mais pessoas têm usufruído as novas tecnologias de comunicação. Não é difícil constatar que são os jovens os mais assíduos frequentadores do mundo virtual. Games, Chats, Blogs, Orkut, YouTube, pesquisas escolares, ntercâmbio de textos, músicas, fotos, vídeos fazem parte do cotidiano da juventude atual. Todavia, o computador e a Internet ainda são estranhos para a maioria dos cidadãos mais velhos, conforme informações obtidas pela pesquisa “Idosos no Brasil”, de 2006, uma parceria entre a Fundação Perseu Abramo e o Serviço Social do Comércio (SESC Nacional e SESC São Paulo). Segundo essa investigação, realizada em várias regiões brasileiras, apenas 1% dos idosos utiliza a Internet. Mas há uma progressiva democratização de oportunidades que também vem incluindo as pessoas idosas. O idoso na era da comunicação virtual é o tema do artigo de capa desta edição. Celina Dias Azevedo, Assistente da Gerência de Estudos e Programas da Terceira Idade do SESC São Paulo, analisa a evolução das comunicações humanas por meio da Internet. A Internet aproxima ou afasta as pessoas, aumenta ou diminui a sociabilidade? Além dessas questões, Celina discute várias hipóteses para explicar as dificuldades de acesso dos idosos ao universo virtual, assim como reflete sobre o futuro da participação da Terceira Idade nessa revolução. Atento aos benefícios que a chamada inclusão digital pode promover aos idosos, o SESC São Paulo disponibiliza àqueles que frequentam nossos centros culturais e, portanto, também aos idosos, suas instalações e pessoal especializado do projeto “Internet Livre”. Nesses espaços é possível aprender a manejar os microcomputadores e navegar na rede mundial, beneficiando-se do acesso a um imenso manancial de informações. O SESC SP, com o programa Trabalho Social com Idosos tem como um dos objetivos prioritários, o desenvolvimento de novas habilidades do público da Terceira Idade. A apropriação de várias linguagens de expressão permite ao idoso um considerável aumento de seu universo cultural, além de um significativo enriquecimento de suas relações sociais.