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A Co-Educação Entre as Gerações: Um Desafio da Longevidade

Foto: André Linn
Foto: André Linn

José Carlos Ferrigno (*)

 

RESUMO

A sociedade contemporânea caracteriza-se pelo distanciamento entre as gerações. A classificação do ciclo vital em etapas bem demarcadas e as expectativas de comportamento das diversas gerações precisamente normatizadas resultaram em uma compartimentalização de espaços sociais para cada faixa etária. Tal fenômeno tem suas raízes no século XVIII com a escolarização das crianças e atinge seu ápice no século XX com criação de programas sociais e culturais exclusivos para a Terceira Idade. Além da vida familiar, poucas são as situações do cotidiano que ensejam o contato entre as gerações. Uma dessas exceções são as instituições de educação informal. Em pesquisa realizada entre 2000 e 2003 nas unidades do Serviço Social do Comércio de São Paulo foram investigadas as interações entre jovens e idosos nas atividades culturais e de lazer. Através de observações sistemáticas e entrevistas verificou-se que o convívio intergeracional permite o desenvolvimento de atitudes mais positivas em relação às demais gerações. Outro importante resultado é o enriquecimento cultural obtido através das trocas de experiências geracionais em um rico processo de co-educação. Os idosos repassam aos jovens a memória cultural e modelos de como vivenciar o envelhecimento. Os jovens transmitem aos velhos novos valores de comportamento e habilidades para o domínio das novas tecnologias. Com o objetivo de ampliar tais experiências o SESC São Paulo resolveu criar um novo programa intergeracional, o SESC Gerações, que está sendo implantado em suas unidades da capital e do interior do estado. 

Palavras chave: gerações; educação; co-educação de gerações; relacionamento entre gerações; família; infância; adolescência; velhice; envelhecimento.

ABSTRACT

Present day society is characterized by the distancing between the generations. The classification of the vital cycle in stages well demarcated and the behavior expected from the different generations precisely defined resulted in a compartmentalization of social spaces for each age group. This phenomenon has its root in the 18th century, with children’s schooling, reaching its climax in the 20th century, with the creation of social and cultural programs for the Third Age. Beyond family life, there are few opportunities for contact between generations. Institutions of informal education are one of these exceptions. In a research carried through between 2000 and 2003 in the Social Service of the Commerce of Sao Paulo, interactions between the young and the elderly in cultural or leisure activities was studied. Through systematic observation and interviews, it was verified that intergeneration conviviality allows the development of more positive attitudes regarding other generations. Another important result is the cultural enrichment obtained through the exchange of generational experiences in a rich process of co-education. The elderly pass on to the young the cultural memory and models for experiencing aging. The young transmit to the elderly new ways of behavior and abilities regarding new technologies. Aiming at extending such experiences, the SESC Sao Paulo decided to create a new intergenerational program, SESC Generations, now being established in its unities in the capital and in the interior of the state. At this moment, different methodologies for the integration between the generations are being tried. 

Keywords: generations; co-education between generations; family, infancy; adolescence; old age;aging.

 

(*) Mestre e Doutorando em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo. Especialista em Gerontologia pela Universidade de Barcelona. Assessor da Gerência de Estudos e Programas da Terceira Idade do SESC São Paulo. Coordenador da revista “A Terceira Idade” do SESC São Paulo. ferrigno@.sescsp.org.br