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Memória, velhice e pesquisa

Foto: Emidio Luisi
Foto: Emidio Luisi

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CLAUDIENE NASCENTES (1)

RESUMO:

Machado de Assis em sua famosa obra “Dom Casmurro” informa aos seus leitores, logo de início, o objetivo da empreitada do narrador-personagem Bentinhoao lembrar e contar sua história: “atar as pontas da vida e restaurar na velhice a juventude”. De fato, a memória, as lembranças, têm um papel fundamental em nossas vidas: elas nos permitem criar elos e significados ao longo do tempo. É a memória que nos informa o que fomos e, portanto, atribui significado para o que somos e nos possibilita imaginar o que seremos.

Ora, se todos temos uma grande história que é a história da nossa vida, - sempre feita de muitas outras histórias menores, como peças de um mosaico - de nada adiantaria constituí-la, tecê-la se nos fosse negado a capacidade de lembrá-la, de reconstruí-la e de certa forma revivê-la por intermédio da memória, por essa lógica muito própria de como as lembranças se organizam.

Assim, se há algo de valioso, de precioso e que podemos chamar de patrimônio pessoal ou universal, do qual todos devem zelar e preservar - é essa história que está inscrita nas lembranças, na memória de cada um. Todas as histórias são belíssimas, cada uma com sua dose de lirismo, de mesquinhez, de alegria, de tristeza, de dor, de prazer, de conto de fadas ou de tragédia, de vontade de lembrar ou desejo de esquecer...

Todas as histórias e todas as memórias são em si mesmo “as mais belas histórias”, porque são as histórias de cada um. É tudo aquilo que foi, que fez de cada um e de todos aquilo que são. As grandes tragédias da história da humanidade são, sem dúvida, tristes e abomináveis, mas tiveram a sua função, ainda que esta função seja a de nos mostrar como não proceder, como um exemplo a não seguir. Mas, de nada elas serviriam se nós, que as procedemos não pudéssemos conhecê-las e aprender com elas.

Palavras-chave: memória; pesquisa; identidade

(1) Licenciada e bacharel em economia doméstica pela Universidade Federal de Viçosa/MG, mestranda em gerontologia social pela UNICAMP, especialista em bioética pela Faculdade de Medicina da USP.