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O melhor ano da vida
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OSVALDO GONÇALVES DA SILVA
RESENHA:
O autor se propõe a escrever para aqueles que já chegaram à terceira idade. E explica por quê: “a maioria das pessoas acha que o ápice de sua vida está em torno dos 40 anos. Pior que isso, põe na cabeça que vai viver, em média, 65 anos. A absorção dessa premissa antropológica da vida tem sequência, no mínimo, perversa. O raciocínio processa-se mais ou menos da seguinte forma: como faltam apenas quinze anos para a morte, e como o apogeu de suas vidas situa-se numa fase anterior, as pessoas enviam ao cérebro a mensagem de que realizaram 90% de tudo que deveriam realizar". O resto do tempo é para esperar a morte.
Este é o paradigma de quem ainda não se deu conta de que a expectativa de vida vem crescendo de geração em geração. Sem dúvida, a vida entendida nesses termos constitui obstáculo a qualquer planejamento mais lógico e a qualquer processo de mudança, figurando como um estranho paradoxo, isto é, a fatalidade de não morrer. Diante dessa realidade, a postura em relação à existência deve ser equacionada de outra forma: vou viver minha infância e adolescência, trabalhar, aposentar-me nos termos tradicionais, por volta dos 55 anos, morrer aos 90 e o melhor ano de minha vida será o ano de minha morte.
Neste sentido, a proposta de " O Melhor Ano da Vida", A Vida como Exercício de Melhoria Contínua, de Marco Aurélio Ferreira Vianna, Editora Gente, São Paulo, 1996, é bem mais ampla. É também um alerta para as pessoas que ainda estão em plena atividade, ou seja, no mercado de trabalho, um convite à reflexão, para que elas se preparem devidamente para o momento que se convencionou chamar de reta de chegada da carreira profissional.
Nessa fase, executivos e trabalhadores em geral, devido à ausência de programação prévia e guiados por crenças e mitos, projetam para baixo a curva do ciclo vital, transformando sua terceira idade - a da sabedoria em urna decadência terrivelmente deprimente. E a aposentadoria é um fator de grande influência nesse processo. Mais que urna ruptura, representa urna virada na vida do indivíduo, tornando-o inseguro e infeliz.
Isto indica que o trabalho está de tal forma ligado à rotina das pessoas que elas vivem muito mais o papel de recursos humanos do que a verdadeira essência do ser humano.
Por essa razão, a grande maioria vê no trabalho um castigo que começa, miais ou menos, aos 20 anos e termina aos 55. Corno castigo, não faz sentido, urna vez que está entre as principais necessidades do homem. E todos aqueles que triunfaram, encontraram no trabalho o segredo de seu sucesso. Para eles o trabalho sempre foi planejado a longo prazo, independentemente da idade, porque sempre representou um valor social e não apenas urna justificativa do cheque no final do mês. Aliás, pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostraram que o sentimento de inutilidade aguda, somatizado em forma de câncer, enfarte, aneurisma, atinge mesmo as pessoas sem problemas financeiros.
Dentro de urna visão otimista, o autor acha que está ao alcance de todos conduzir seus próprios passos, de maneira que se tenha o controle da vida. Sua tese é a seguinte: "se a pessoa tiver urna "motivação dinâmica", isto é, se buscar continuamente a qualidade de vida, independentemente de sua idade cronológica, certamente escapará do paradigma nefasto de que a existência obedece inexoravelmente a urna linha ascendente até determinado patamar, seguindo-se cruel e irreversível descida".
À luz das transformações por que o mundo está passando neste fim de século, com forte impacto nas organizações empresariais, não há dúvida de que a motivação é um diferencial competitivo cada vez mais poderoso.
As pessoas que se mantiveram sempre motivadas e produtivas desafiaram o tempo e marcaram suas trajetórias com invejável e progressiva vontade de construir. Em outras palavras, programaram para si mesmas urna longevidade ativa, fugindo da amargura dós que encaram a longa existência corno urna fatalidade pior que a própria morte. A propósito, essa preocupação com a longevidade está presente em todo o livro, sendo a questão abordada sob os mais diversos aspectos.
Enfim, na tentativa de sintetizar o pensamento do autor, "vale a pena viver, quando se consegue harmonizar felicidade pessoal e sucesso profissional corno caminho para o triunfo". Utopia? Devaneio? Tire suas conclusões após a leitura dessas cento e sessenta e cinco páginas escritas com alma e muito entusiasmo.
VIANNA, Marco Aurélio Ferreira. O melhor da vida: A vida como exercício de melhoria contínua. Gente Editora, São Paulo, 1996.