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Arte em Libras

Nos últimos anos, tem aumentado a oferta de atividades culturais e esportivas voltadas a pessoas com deficiência. Exemplo disso é a Virada Inclusiva, cuja terceira edição ocorreu no início de dezembro. O evento, que contou com a participação de 24 unidades do Sesc, promoveu a convivência de pessoas com e sem deficiência em uma intensa programação norteada pelo livre acesso a todos os públicos.

Esse conceito permeia, ao longo do ano, a programação do Sesc, que inclui opções voltadas a esse público, como explica a técnica de programação Lucia Lopes, do Núcleo Socioeducativo e Geracional do Sesc Pompeia. “Temos atividades que promovem inclusão, como basquete de cadeirantes, contação de histórias com tradução em Libras e visita sensorial às exposições”, afirma. “Aos poucos o Sesc está procurando aumentar sua oferta de atividades acessíveis. Para cada uma é preciso verificar quais adaptações serão necessárias.”

Para o caso dos frequentadores com deficiência auditiva, as unidades contam com a presença de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Lucia afirma que as atividades com tradução em Libras começaram a ocorrer mensalmente, motivadas principalmente pelas necessidades de “inclusão social, estímulo ao exercício da cidadania plena e acessibilidade da proposta educativa do Sesc a um número mais amplo de pessoas”. Ao elaborar a programação, os técnicos se preocupam com a inclusão de todos os públicos, ou seja, são planejadas atividades de que deficientes auditivos possam participar junto com o público em geral.

Lucia atenta ainda para a importância da divulgação das atividades que incluem a população com deficiência. “Quando resolvemos fazer uma programação com tradução em Libras, divulgamos nas escolas bilíngues para surdos, nas ONGs que trabalham com eles, nos sites específicos e nas redes sociais.”

Linguagem

Os intérpretes que auxiliam as atividades com público deficiente auditivo são bastante familiarizados com o tema. De acordo com Vânia Santiago, intérprete de Libras do Sesc Pompeia, os profissionais que atuam hoje têm feito cursos de extensão ou de especialização na área e, em sua maioria, já tinham contato com surdos e fluência em Libras.

Vânia comenta a importância da interação para garantir o sucesso de seu trabalho. “No Sesc são contratados vários artistas e também os intérpretes de Libras, que, dependendo da atividade, entram em contato com esses artistas para ter acesso ao conteúdo da apresentação, ou recebem treinamento específico sobre a exposição ou atividade que terá interpretação”, explica. “É um trabalho em equipe.”

Para ela, não há diferença significativa entre a programação do Sesc para ouvintes e não ouvintes. “Nas atividades nas quais está disponível a interpretação para a Libras, os surdos podem participar integralmente, podem interagir com os ouvintes e surdos em um grupo por meio do trabalho do intérprete”, diz Vânia. “A cada dia aprendemos um pouco mais sobre como proporcionar a verdadeira acessibilidade para os surdos. Os que têm participado saem satisfeitos, pois têm acesso às informações na sua primeira língua.”

Acesso garantido

Virada Inclusiva ofereceu inúmeras alternativas de programação para os deficientes auditivos

A terceira edição da Virada Inclusiva, ocorrida nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro de 2012, reuniu programação especial visando promover a inclusão por meio de atividades culturais, esportivas e recreativas. As 24 unidades do Sesc que abrigaram o evento nos dois primeiros dias também ofereceram diversas opções para os deficientes auditivos.

No saguão da biblioteca do Sesc Campinas, o Baú de Histórias reuniu crianças e suas famílias para uma contação de histórias, com a Cia. A Hora da História. O Sesc Pinheiros também promoveu atividade semelhante, mas desta vez com a Cia. Sá Totonha, que traz para crianças clássicos da literatura latino-americana. As apresentações tiveram a participação de intérpretes de Libras.

O Sesc Pompeia organizou visitas monitoradas à exposição Isaac Julien: Geopoéticas, com tradução para Libras. Indicado ao Turner Prize em 2001, o artista é um dos principais nomes mundiais da arte em meios audiovisuais. Houve diferentes modalidades de visita educativa, encontros e oficinas.

Já no Sesc Sorocaba, a Oficina do Artesanato ensinou aos maiores de 18 anos diferentes técnicas de atividades manuais a fim de possibilitar uma alternativa de geração de renda a pessoas com deficiência auditiva. A atividade contou com uma intérprete em Libras. Ainda na mesma unidade, o coral Mãos que Cantam e Encantam, formado por deficientes auditivos, fez com que o público sentisse o som através de vibrações, das expressões faciais transmitidas pelo regente e da expressão corporal, recriando situações vividas na letra das músicas.