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Por uma sociedade para todas as idades
DANILO SANTOS DE MIRANDA
Diretor regional do Sesc São Paulo
O título deste editorial se reporta ao conceito adotado no Programa de Ação da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social realizado em Copenhague no ano de 1995, promovido pelas Nações Unidas. Igualmente, as duas Assembleias Mundiais sobre o Envelhecimento (Viena, 1982 e Madri, 2002) patrocinadas pela ONU, defenderam a integração social da pessoa idosa. Integração que, cabe ressaltar, implica no convívio com as demais gerações e se consolida na ideia de uma sociedade para todas as idades.
A partir da certeza sobre os incontestáveis benefícios que tal aproximação proporciona a jovens e velhos, nos anos mais recentes temos testemunhado os inúmeros desdobramentos dessa preocupação. Sob a forma de documentos de recomendações aprovados em congressos, simpósios e colóquios realizados em países de vários continentes, percebe-se uma mobilização crescente rumo a uma sociedade igualitária do ponto de vista etário. Tem sido possível constatar uma saudável proliferação de iniciativas de instituições públicas e privadas na implantação de programas intergeracionais no âmbito do lazer e da cultura, entre outras áreas do trabalho social.
Em consonância com essa tendência mundial, em 2003, o SESC São Paulo deu início ao SESC Gerações, programa de atividades culturais com o propósito de fomentar a coeducação entre pessoas de diferentes idades. Por meio de cursos, oficinas e eventos de diversas naturezas, crianças, adolescentes, adultos jovens e adultos idosos compartilham tarefas comuns e, nesse processo do fazer, refletem coletivamente sobre suas relações.
Simultaneamente ao exercício das atividades específicas, esse encontro de gerações abre espaço para conversas do cotidiano. Assim, se conhecem, trocam impressões e opiniões sobre muitos temas. Sem se darem conta tornam-se amigas. Sabemos que a amizade nasce de um clima de confiança mútua, situação em que se desenvolve a admiração pelo outro e o respeito à diferença. Diferença que não deve ser simplesmente tolerada, mas desejada na medida em que significa possibilidade de complementação de nossas qualidades e, por isso, contribuindo para nosso desenvolvimento pessoal.
Dando continuidade ao processo de reflexão sobre a questão intergeracional, o SESC SP promoveu, em novembro de 2010, o “Seminário Encontro de Gerações”. Para esse evento contamos com a presença de especialistas como Sally Newman, EUA; Mariano Sánchez, Espanha; Liliana Giraldo, México; Rafael Quispe, Peru; Santiago Pszemiarower, Argentina e José Carlos Ferrigno, Brasil. Todos trouxeram importantes contribuições teóricas e práticas acerca de programas intergeracionais realizados em várias partes do mundo. Destacamos, também, a participação de especialistas de diversas instituições que apresentaram trabalhos desenvolvidos em centros culturais por todo Brasil.
Com o intuito de divulgar e, assim, colaborar para o desenvolvimento do campo intergeracional, oferecemos esta edição especial cujos artigos, elaborados pelos conferencistas, foram baseados em suas apresentações no referido evento.