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O premiado maestro polonês Zbigniew Preisner, autor de diversas trilhas sonoras para cinema, muitas delas fruto do trabalho com o cineasta Krzysztof Kieslowski (perfilado desta edição da Revista E), desembarca no Brasil para apresentar-se no Sesc Pinheiros, no dia 29 deste mês. Além de A Trilogia das Cores (A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha), a música de Preisner faz parte de todos os episódios do Decálogo e do filme A Dupla Vida de Véronique, entre outras produções do diretor polonês.

“Ele tem um papel preponderante na obra do Kieslowski em função das composições musicais serem pensadas, em alguns filmes, desde a elaboração do roteiro”, explica a professora e musicista Suzana Reck Miranda, doutora em multimeios pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora da dissertação de mestrado A Música no Cinema e a Música do Cinema de Krzysztof Kieslowski, defendida em 1998.

As trilhas de alguns filmes do cineasta polonês foram creditadas a um compositor holandês do século 18, Van den Budenmayer, que também foi personagem de algumas narrativas criadas por Kieslowski, em parceria com Preisner. Trata-se de um músico ?fictício, inserido, pela primeira vez, na 9ª parte do Decálogo.

Além do trabalho com o diretor polonês, Zbigniew Preisner compôs para outros cineastas, tais como a conterrânea Agnieszka Holland, o mexicano Luis Mandoki, o dinamarquês Thomas Vinterberg, os franceses Jean Becker, Louis Malle, Claude Miller e o argentino, naturalizado brasileiro, Hector Babenco, com quem trabalhou nos filmes Brincando nos Campos do Senhor (1991) e Coração Iluminado (1998).

Entre os muitos prêmios e citações que recebeu, destacam-se o Urso de Prata do Festival de Berlim, duas vezes o César, da Academia Francesa de Filmes, além de três citações consecutivas como o mais excepcional compositor de música para cinema do ano, no Los Angeles Critics Association Awards. “Preisner é talvez o músico de cinema mais importante que surgiu nos últimos 20 anos”, afirma Hector Babenco.

Preisner também fez a trilha sonora de diversos filmes publicitários do cineasta polonês, radicado no Brasil, Andrés Bukowinski, que o coloca ao lado dos italianos Nino Rota e Ennio Morricone, como um dos três mais importantes músicos para o cinema. “Ele é um cara muito vibrante, enérgico e de um talento impressionante. Eu tinha a impressão de que a música já estava na cabeça dele antes de qualquer coisa ser filmada.”

A peça Requiem for my Friend, finalizada em 1998, era para ser trilha sonora de um novo filme de Kieslowski que celebraria a vida, mas com a morte do cineasta polonês, em março de 1996, Preisner transformou a música em um tributo ao amigo. “Ele tinha uma profunda admiração por Kieslowski, uma veneração mesmo”, diz Andrés Bukowinski.

Além de se apresentar em São Paulo, o maestro regerá em Curitiba, no dia 3 de agosto, e em Brasília, no dia 9, em concertos acompanhados de coros infantil e adulto, da soprano Elzbieta Towarnicka e do pianista Konrad Mastylo, ambos da Polônia. No programa, constarão diversas trilhas feitas por Zbigniew Preisner e, simultaneamente, serão projetados trechos dos filmes.

“Nesses longas-metragens, a música tem um papel fundamental dentro do fluxo narrativo, mas também como entidade independente, espécie de personagem realmente com voz ativa”, analisa Suzana Reck Miranda. A apresentação será dividida em três partes, sendo que na primeira serão executadas as peças compostas para o Decálogo.

Em seguida, serão tocadas algumas das músicas feitas para filmes de outros diretores, incluindo Hector Babenco, e por último as obras realizadas para A Trilogia das Cores e A Dupla Vida de Véronique.
A iniciativa é uma parceria do Sesc com Urszula Groska Produções e tem apoio da Embaixada da República da Polônia e do Consulado Geral da República da Polônia.
Mais informações sobre o concerto no Em Cartaz desta edição.


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Alteridade e diferença

O espetáculo Otro, com direção de Enrique Diaz e Cristina Moura, realizado no Sesc Pompeia, entre os dias 3 e 26 de junho, trouxe para os palcos a discussão sobre as diferenças, afetos e limites entre o “eu” e os outros, em uma sociedade que vive no limiar entre a esfera pública e privada.

O espetáculo é composto por cenas fragmentadas, que misturam relatos, vídeos, música ao vivo, atores e cenas cotidianas. Encenada pelo Coletivo Improviso, a peça traz atores, bailarinos, coreógrafos e músicos, que desenvolvem uma linguagem cênica baseada na integração de disciplinas artísticas, observação e interação com espaços urbanos.


“É raro, hoje, existirem figuras como o Che Guevara, que habitam o nosso mundo real, por um lado, e por outro a nossa mitologia”
Jon Lee Anderson, jornalista norte-americano, em palestra durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, no Sesc Vila Mariana

“Nós europeus percebemos que intelectualmente o Brasil é um país muito interessante”
Slavoj Zizek, filósofo esloveno, em entrevista no Estúdio Aberto do ?Sesc Vila Mariana, durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural

Sobre dança

A 19ª edição do projeto Primeiro Passo voltou a reunir profissionais e estudiosos de dança numa reflexão acerca das possíveis relações entre os corpos em cena. Os conceitos foram conferidos na prática com apresentação, no Sesc Pompeia, dos espetáculos Nós e Um Duplo, ambos no dia 31 de maio; e Cornaca e 1º Estudo sobre Composição: Anagrama – os dois no dia 1º de maio. O evento contou com a presença da bailarina e professora Angela Nolf e da jornalista e curadora de dança Ana Francisca Ponzio.

Nova York-Brasil

No dia 13 de junho, o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, encontrou-se com Margareth Ayers, presidente da Robert Sterling Clark Foundation, em Nova York, para falar sobre as diretrizes da administração cultural no século 21, em especial sobre a forma autônoma de gestão do Sesc São Paulo em comparação com a filantropia realizada nos países anglo-americanos. O mediador desse encontro foi o jornalista do New York Times, Larry Rohter.

Glauber em foco

Destaque da grade de programação do CineSesc, em maio, a Mostra Glauber Rocha permitiu que cinéfilos e interessados conferissem, de 19 a 22, clássicos da obra de um dos mestres do cinema novo. Passaram pelo projetor títulos como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) e Terra em Transe (1967).

Como é que é?

Um belo dia o palhaço Careta encontra o apaixonado por circo Benvindo. O cenário é o camarim do artista, mas a conversa... Em vez de grandes conceitos sobre a arte circense, o diálogo descamba para um jogo cômico e surreal. A palhaçada acontece no espetáculo Palhaços, com os atores Dagoberto Feliz e Danilo Grangheia, direção de Gabriel Carmona, e apresentado no Sesc Santos, no dia 29 de maio.

Achados e perdidos

Três histórias de lugares diferentes se cruzam, se sobrepõem e se chocam, para formar uma única paisagem em O Jardim, espetáculo da Cia. Hiato que estreou no dia 27 de maio, no Sesc Belenzinho. A peça trata de memórias perdidas, perenes e “inventadas” – essas retiradas dos escritos de um esquizofrênico, empregados pelos criadores da montagem como material poético. 

Duas gerações

O já tradicional projeto Segunda no Carmo trouxe, no dia 23 de maio, os músicos Zé Geraldo e sua filha Nô Stopa para dividir o palco da unidade com o show Raízes e Frutos. Mesmo representando diferentes gerações da MPB, pai e filha se completaram em uma parceria que primou pela simplicidade. A apresentação teve também o violão de Zeca Loureiro e a percussão de Carneiro Sândalo. 

Por trás da obra

Quem acompanha a agenda cultural de São Paulo sabe que o projeto Primeiro Sinal, do Sesc Consolação, já ocupa lugar cativo na cena teatral da cidade. Voltada exclusivamente para novos realizadores, a grade apresentou, no dia 25 de maio, a vivência Caminhos sobre uma Terra, um misto de bate-papo e exercícios práticos que abordou o processo de criação de Terra Provisória, espetáculo do Grupo Ciranda sobre o universo do poeta tcheco Rainer Maria Rilke.

Pintura íntima

A ideia é aproximar o espectador da obra de arte. Por isso o Canto das Artes, do Sesc Interlagos, apresenta sempre uma única obra do Acervo Sesc de Arte Brasileira de cada vez. Além de mostrar a peça, a ação inclui uma ambientação que busca ampliar ainda mais a experiência sensorial com o trabalho exposto. Em junho, foi a vez do acrílico sobre tela Nu, de Carlos Leão – que deve ficar em exposição, na sede social da unidade, até o dia 17 de julho. A cenografia é de Carlos Colabone.

Nem tudo que reluz...

No projeto Teatro Mínimo, do Sesc Ipiranga, a proposta segue o clássico “o menos é mais”. Ou seja, saem todos os recursos possíveis a uma cena e ficam apenas o ator e o texto. É com esse formato que Eldorado, monólogo que estreou no dia 4 de junho, criado e interpretado por Eduardo Okamoto, conta a história de um cego em busca da mítica cidade de ouro que dá nome ao espetáculo – e que representa, na verdade, outros “tesouros” caros ao ser humano.

Cabe todo mundo

Em cena, vários guarda-chuvas são o passaporte para a viagem para a qual a Cia. Solar da Mímica convida a plateia em Chuva De Risos, destaque da programação do Sesc Itaquera no dia 29 de maio. Além de proteger das intempéries, os objetos “transformam-se” em trens, barcos e os mais diversos meios de transporte imaginados.

De olhos bem abertos

A unidade Osasco levou à Vila Menk, bairro na periferia do município, o espetáculo de rua Este Lado para Cima, com a Brava Cia. A peça fala sobre o poder do chamado “mercado”, e do controle que ele exerce sobre as relações humanas, com um humor anárquico e revolucionário. O evento fez parte da programação da ação sociocultural Mutirão Cultural da Quebrada, sediada no bairro.


Arte contemporânea

O projeto Um Corpo Só, do Sesc Santana, promoveu uma verdadeira mostra de arte contemporânea na unidade, com montagens que extrapolam os limites da dança e incorporam outras linguagens, como teatro, literatura e cinema. Entre os destaques, Algum Lugar Fora do Mundo, da Cia. Corpos Nômades, nos dias 26 e 28 de maio, e o trabalho de investigação artística Superfícies, de Roberto Ramos, no dia 27.


Que mundo complicado!

Cecília não consegue entender por que dizem que existem algumas brincadeiras de menino e outras de menina. Em busca de respostas para coisas complicadas como essa, e tantas outras que o mundo nos reserva, a menina decide consultar a avó. É esse o enredo do espetáculo História sem Tempo Que Conta o Tempo, que a Cia. Patética apresentou no Sesc Santo André, no dia 29 de maio. A atividade fez parte do projeto Já Pra Fora, Crianças!


Sanfona, triângulo e zabumba

As Quintas Brasileiras, do Sesc São Caetano, apresentaram, no dia 26 de maio, show do Zambo Trio, tradicional nome do forró pé de serra. Com nova formação, o trio prestou homenagem a dois compositores que ultrapassam gêneros quando o assunto é música brasileira: Tom Jobim e Vinicius de Moraes.


Frases

“Quando eu tinha 23 anos, no primeiro disco do Ira!, minha vida era totalmente a música (...) Neste momento, sou aquele cara com quatro filhos, tenho uma vida cheia de responsabilidades de pai. Na música, tenho uma visão bem mais ampla do que naquela época”
Edgar Scandurra em entrevista ao blog de música Bee Rock (http://beerock.com.br). O guitarrista, que começou a carreira tocando com a banda paulistana Ira!, apresentou-se no Sesc Santo André no dia 27 de maio



“Tive uma grande sorte de cair no Bar Baretto (...) Fiquei fixa na casa por dois anos, desenvolvi meu trabalho com mais calma... Mas, realmente, quem quer começar nessa carreira e tocar na noite tem que ter couro na pele”
Ana Cañas para a versão online da revista Marie Claire (http://revistamarieclaire.globo.com). A cantora e compositora fez show no Sesc Santos, no dia 21 de maio