Sesc SP

O Sesc Verão 2000 abre ainda mais o leque de opções de lazer e tem como tema principal
a consciência ambiental

Demorou, mas chegou. Do jeito que o friozinho paulistano insistiu, os mais pessimistas acreditaram que o verão não ia aparecer. Mas agora que a temperatura subiu de vez, é hora de tirar aquele biquíni do fundo da gaveta, colocar mais gelo no copo, afrouxar a gravata e curtir. Maneiras não faltam.

O Sesc, por exemplo, já está prontinho para o verão. É o projeto Sesc Verão 2000, uma série de atividades por meio das quais será desenvolvida a temática "Atividade Física e Meio Ambiente".

Os jogos, espetáculos, exposições, passeios e brincadeiras estão voltados para conscientizar o público sobre o uso e a preservação da natureza e também dos espaços urbanos, agregando esses valores à prática de atividades físicas e esportivas na ocupação desses espaços. Essa é a quinta edição do projeto e ao longo desse tempo já se criou uma expectativa no público quando se aproxima o verão.

O projeto, cujas atividades vão até o dia 27 de fevereiro, reforça a cada ano a filosofia do Sesc de valorizar a sociabilização entre os participantes. Para isso, o lazer é entendido como um preenchimento criativo do tempo livre, com oficinas de artesanato, música e diversas práticas esportivas: da natação ao arco e flecha, passando por caminhadas, pedaladas noturnas e torneios de futebol.

A abertura do Sesc Verão 2000 aconteceu no dia 9 de janeiro, no Sesc Interlagos, com início às 9h30 e contou com a participação de 8 mil pessoas que se dividiram entre as piscinas, as caminhadas ecológicas por um percurso de 1.500 metros pelo interior da unidade e um show da banda Karnak, que encerrou o dia apresentando ao público sucessos como Alma Não Tem Cor e Comendo Uva na Chuva. Um domingo diferente para quem ficou em São Paulo nas férias, achando que não haveria nada para fazer.

Música, Astronomia e... Verão!

Entre as atividades que podem ser apreciadas no projeto, algumas privilegiam as pessoas que não puderam deixar a cidade durante as férias e nem têm tempo para passar o dia nos clubes. Pensando nesse grupo, o Sesc São Caetano aliou verão à astronomia e montou na unidade um planetário inflável de 6 metros de diâmetro, onde foi projetado um céu estrelado e um especialista explica aos presentes alguns fenômenos do universo. O programa escolhido é Viagem ao Sistema Solar, uma projeção de slides que permite aos espectadores uma visão abrangente das peculiaridades do universo. Como parte do programa, a palestra "O Ser e o Universo" abordou os corpos celestes a partir de lendas e mitos indígenas brasileiros, contrapostos a referências históricas e astronômicas, que foram interpretados pelo professor Walmir Thomazi Cardoso, diretor da Sociedade Brasileira para o Ensino da Astronomia, responsável pelo desenvolvimento do modelo de cúpula inflável exposta no Sesc.

Ainda foram ministradas quatro aulas que passaram noções de montagens de lunetas galileanas, relógios de sol e maquetes de naves espaciais. Isso sem contar a oportunidade que os participantes tiveram de observar o céu através de uma luneta e de participar do curso de introdução à Astronomia.

No Sesc Vila Mariana, a música recebeu atenção especial com várias oficinas e diversos artistas convidados. A aula aberta "Meio Ambiente" teve o objetivo de estimular a percepção musical dos participantes, sempre de olho na natureza. Assim foi com o instrumentista Fernando Sardo usando bambus e cabaças para fazer música, ou o musicista Lívio Tragtenberg aguçando os ouvidos dos participantes para as diversas camadas sonoras presentes na natureza. Se bem que o destaque ficou por conta da presença do multiinstrumentista e "bruxo" Hermeto Pascoal conversando com uma platéia de músicos sobre seu processo de gravação e sobre as sessões de gravação que resultaram em seu mais recente trabalho, o CD Eu e Eles, no qual Hermeto toca de piano à própria calça. Como? Ele explica: "Essa música que vocês vão ouvir agora chama-se 'Mercosom'", avisou ele aos "alunos".

"Acontece que uma hora lá no estúdio eu bati a mão na perna e percebi que o som da minha mão contra o tecido jeans da minha calça era bem interessante." Não deu outra, Hermeto criou o "neo baião", no qual se ouve o farfalhar de sua calça jeans entre outros instrumentos. Fato curioso é que o músico ganhou de um dos presentes um canudo de refrigerante com vários furos de onde era possível tirar sons estranhos.

Intervenções Artísticas, Lazer e, claro, Água

O espaço fresco e atraente do Sesc Pompéia também foi palco para várias atividades que ficam ainda melhores nos dias de sol. Nos finais de semana, não era difícil ter a atenção desviada por um grupo ou outro de artistas que "invadiam" o deck da unidade, lugar onde os freqüentadores pegam uma corzinha, para fazer suas performances. Eram espetáculos interativos, nos moldes do teatro de rua, com clowns e mímicos que usavam sua arte para falar do tema do projeto, meio ambiente.

Nos esquetes O Luxo do Lixo, S.O.S. Planeta e Lixo é um Luxo, noções de preservação e controle no uso da água foram passadas com muito humor pelos artistas. "Nós pensamos em trazer artistas que, além de falar de meio ambiente, também estivessem habituados a se apresentar em espaços abertos", conta um dos técnicos da unidade. Eduardo Mancini, dos Treinadores da Alegria, um dos grupos que se apresentou na unidade, conta que passar uma mensagem no Sesc é a certeza de uma missão cumprida.

"Nas unidades do Sesc, o público é muito heterogêneo. O que você fala aqui pode ser repassado em vários lugares, desde o ambiente de um escritório até os corredores de uma escola." Os artistas fizeram questão de entrar de cabeça no tema do Sesc Verão 2000. "Tudo é meio ambiente", diziam eles. "Se você economizar luz ou não jogar papel na rua, a natureza agradece."

Na piscina do Pompéia, o AquaSesc, festival de atividades aquáticas, faz o maior sucesso entre os participantes. Esportes como vôlei e tchoukball (uma variante do handebol) foram adaptados ao meio líquido, unindo o lazer à atividade esportiva. No meio líquido ainda, o projeto Hidro e Cia. se encarrega das aulas de hidroginástica e até nado sincronizado. A área de convivência também está no clima dos esportes de verão. Lá, pranchas e equipamentos de surf são o palco para esportistas darem dicas de manobra.

Porém, quando se fala em água, é impossível não lembrar do imenso parque aquático que faz a alegria dos usuários do Sesc Itaquera. Com 5 mil metros quadrados de piscinas, toboáguas, chafariz, cascatas e correntes, o complexo se vê tomado por cerca de 15 mil pessoas nos finais de semana ensolarados do verão, três vezes mais que nos sábados e domingos do resto do ano. Por conta disso, a unidade desenvolveu o Ciclo Água e Saúde, dicas que basicamente orientam no uso da piscina. Junto com o setor de tratamento da água, os monitores dão aulas sobre a piscina. Essas aulas conscientizam os usuários sobre a importância de preservar o meio para o pleno lazer.

Mesmo sob forte calor, as piscinas não são os únicos atrativos. A unidade apresenta, até 27 de fevereiro, a exposição fotográfica Imagens do Tietê, com fotos de autoria de Iatã Cannabrava, contando a história do rio que corta a cidade de São Paulo desde a época da colonização até os dias de hoje. "É interessante ter essas atrações alternativas porque nós não perdemos nosso público na parte da tarde", explicam os técnicos da unidade. "De manhã, as pessoas nadam e brincam, depois elas almoçam e vêm curtir outras coisas, como a exposição."