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Sesc Bertioga: Novos Sentidos e Pertencimentos
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do Sesc São Paulo
Em seus 70 anos de existência, o Sesc ajustou suas premissas de trabalho alicerçadas em bases educativas, vislumbrando o empreendimento de ações passíveis de serem replicadas nas demais esferas da sociedade. Criada em 1948, a Colônia de Férias do Sesc, em Bertioga, um dos primeiros modelos do gênero na América do Sul, foi uma estratégia para oferecer bem-estar aos trabalhadores no seu tempo de recuperação e lazer.
Sem se descuidar dessa vocação prioritária para o turismo social, implementou ações complementares de sensibilização e diálogo com a comunidade, como o Centro de Educação Ambiental (CEA), que sinalizam a preocupação de adequar sua gestão em sintonia com as demandas do entorno. A partir daí o trabalho da instituição neste município, com uma das mais expressivas taxas de crescimento populacional do Estado e com forte pressão imobiliária, vem sendo orientado por parâmetros de sustentabilidade, tanto nas instalações físicas do Centro de Férias, como na dimensão participativa e sistêmica da abordagem educativa empreendida naquele território.
Nesse sentido, a proposta de criação da Reserva Natural Sesc Bertioga possibilitou desencadear um processo que busca documentar as diferentes etapas de implantação e destinação da área: desde estudos e pesquisas para diagnóstico, com a mobilização e o envolvimento da população local e da comunidade científica para elaboração do plano de manejo participativo, até a sugestão dos desdobramentos educativos e socioambientais. Os resultados começam a aparecer e merecem ser compartilhados.
Difundir essa experiência pioneira cuja metodologia colaborativa de atuação é comprometida com a formação permanente para a cidadania e para a autonomia pode configurar importante subsídio para o estabelecimento de um outro estágio de comportamento social. Por isso, torna-se essencial contar com o interesse, a participação e o protagonismo das diferentes faixas etárias, com ênfase em uma rede de jovens e adolescentes, potenciais multiplicadores desses saberes.
Ao longo deste caderno, vários desses aspectos serão abordados em uma perspectiva multidisciplinar e transversal, a fim de inspirar ideias e ações para este novo tempo, que será tanto melhor quanto se possa avançar na substituição de padrões predatórios de relações com o ambiente por outros, a partir de intervenções e de contribuições locais, incentivando uma potente alfabetização ecológica, novos sentidos e pertencimentos, fundamentais para que uma transformação desse porte se efetive nos corações e mentes dos cidadãos.