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Editorial
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A Organização das Nações Unidas definiu o ano de 1999 como o Ano Internacional do Idoso e recomendou que todos os países membros realizem atividades alusivas a esse tema, com o objetivo de alertar povos e governos para a urgente necessidade de estabelecerem políticas sociais que amparem esse segmento etário cada vez mais numeroso. Envelhecer não é uma tarefa fácil para ninguém. As inexoráveis limitações físicas impostas pelo envelhecimento do corpo podem resultar em maiores ou menores restrições à vida cotidiana. Todavia, quando às barreiras naturais do envelhecimento se somam o preconceito e a discriminação social, essa fase da existência torna-se um pesado fardo a ser carregado. A incompreensão para com os velhos é uma atitude corrente tanto em países desenvolvidos quanto em nações em desenvolvimento. Nestas, as carências materiais decorrentes, por um lado, dos parcos proventos previdenciários e, por outro, da péssima qualidade dos serviços prestados pelo Estado, determinam uma situação ainda mais desfavorável aos idosos mais pobres, que, aliás, representam a grande maioria dos representantes dessa faixa etária.
Segundo Simone de Beauvoir, o destino dos velhos depende do destino da sociedade, principalmente no que se refere a seus valores e princípios. Qual será o futuro desta sociedade? No encerramento de mais um milênio, a humanidade ainda se vê exposta a ambições imperialistas e a intolerâncias étnicas que desencadeiam conflitos em várias regiões do planeta, provocando morte e destruição de comunidades inteiras. Tantas iniquidades nos fazem pensar que além dos determinantes políticos e econômicos desse quadro tão preocupante encontra-se o ser humano ainda muito primitivo em relação a sentimentos como solidariedade e altruísmo.
Inúmeros preconceitos atingem as chamadas minorias, como negros, crianças, deficientes e idosos, entre outras. Os idosos vêm se constituindo em um segmento etário emergente em praticamente todas as partes do mundo como consequência do expressivo aumento da longevidade humana. No entanto, discriminados pela sociedade e pelos governos, os velhos são fadados à improdutividade e ao isolamento social. A boa notícia, porém, é que, cada vez mais conscientes de seus direitos, os idosos têm reivindicado maior atenção da comunidade e dos poderes públicos para seus problemas em áreas como previdência e assistência social, educação, habitação, transporte, lazer e cultura.
Como resposta aos anseios da Terceira Idade e à convocação da ONU, o SESC de São Paulo realizou a Assembleia Nacional de Idosos, de 06 a 12 de Abril de 1999, em Bertioga-SP. Esse evento reuniu cerca de 1400 representantes de grupos de idosos de todos as regiões brasileiras. As reivindicações dessa população foram sintetizadas em um documento a ser encaminhado ao Governo brasileiro e às Nações Unidas.
Através de mais essa realização, o SESC busca sensibilizar os poderes públicos, os empresários, os meios de comunicação e a população brasileira para a necessidade de uma corajosa e autêntica reflexão sobre o futuro dos nossos velhos. Assim fazendo, certamente estaremos discutindo o futuro de todos nós, brasileiros.
ABRAM SZAJMAN - Presidente do Conselho Regional do Sesc de São Paulo