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Matérias da edição

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Xico Chaves

por Xico Chaves


Fragmentos

poesia

sou eu
livre de mim
(1993)


van

cena1:
a vanguarda está fazendo barulho

cena2:
a vanguarda está fazendo água
(1999)


verniz

o toque de nova iorque
o tchan de amsterdã
o verniz de paris

tudo isso sai
com álcool
água raz
ou acetona
(2000)

toinhoinhoin

procuro uma fagulha
no emaranhado fabuloso
de teu cabelo pixaim
(1990)


manifesto autofágico

coma-se a si
ou
coma-se só
(1998)


nós

a ventania da noite de ontem
trouxe seu rosto risonho.
uma árvore, um navio, uma foto, uma bala perdida,
um pássaro com uma fruta no bico,
um papel em branco, um sapato,
um passo,
dois nós
nós dois
nós
(1998)


ossos

a palavra está na pedra
o poema na areia
o universo na janela
o planeta em ruínas
(1990)


pavuna

flor afro  índia  ainda branca
afrodisíaca láctea
constelação
                            aqui
                                                       ali
          lá       
                                      outra
estrela.


                      duas
                      luas
                      nuas
              

esta lenda foi contada pelo pajé da extinta tribo mura a um africano do congo e difundida por um etnólogo russo que tomou umas pingas na birosca do neném da pavuna.
(1998)


anhangabaú

foi preciso escrever muitas vezes no caderno do colégio marista: pindamonhangabaçupirá  pindapiraaçunhangaba nhanpiraaçuabapinda.
(1998)
enchendo

invento os lugares
para não estar neles
escrevo palavras que não leio
para me deixar inacabado

o dia amanhece de graça
por isso não vou a espetáculos
vou botar fogo nos poemas
porque estão enchendo o saco
(1995)


pontaria

se errar o alvo
acerto o sujo
(2010)


subindo a ladeira

o sol!
a liberdade!
a luz!
gritei!
bateram as janelas
até o Pedrão
fingiu que não me conhecia
realmente estou só
e bem acompanhado
(1996)


declaração

saio da história
para cair na vida
(1993)