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A Dama do Mar: um clássico de Ibsen reinventado por Susan Sontag e Robert Wilson
Em temporada até 7 de julho no Sesc Pinheiros, A Dama do Mar, de Susan Sontag, inspirada na obra de Ibsen, apresenta elenco brasileiro dirigido pelo diretor Robert Wilson.
Em A Dama do Mar, quarto projeto em parceria com o SescSP, o encenador norte-americano Robert Wilson dirige, pela primeira vez, um elenco formado só por brasileiros, e com um diferencial em relação às montagens já realizadas na Espanha, Coreia, Polônia e Itália: aqui, o papel da protagonista, Ellida Wangel, assim como o de sua enteada, Bollete, é alternado pelas atrizes Lígia Cortez e Ondina Clais Castilho.
Durante os testes para a composição do elenco, conduzidos por Bob Wilson, o encenador teve o insight de dividir o papel principal da peça. O protagonismo, contudo, fica em segundo plano frente à potência do espetáculo: “É um teatro quase coletivo, de uma companhia brasileira que está recebendo um diretor/autor/cenógrafo/iluminador, um artista que fez tanto pelo teatro”, acredita Lígia.
Em 1998, Susan Sontag adaptou a peça clássica do norueguês Henrik Ibsen – que discute o papel da mulher na sociedade por meio da história de Ellida Wangel, personagem dividida entre um casamento tradicional e um desejo antigo de render-se à paixão por um marinheiro desconhecido – especialmente para Wilson. Minucioso em seu trabalho, o diretor assina também a cenografia e a iluminação, baseadas em desenhos geométricos e temperatura das cores.
O figurino é de Giorgio Armani e a música, de Michael Galasso, foi composta a partir da adaptação de tradicionais canções folclóricas escandinavas, seu particular violino e sons do mar e gritos das gaivotas. “Robert Wilson nos disse que queria que o público entrasse no teatro e encontrasse um mundo artificial, um mundo que não existe. Ele não trabalha com o naturalismo e o realismo, mas com outra camada. O gesto não é um gesto cotidiano, assim como o som não é o som das coisas: é um outro som. Este conjunto produz uma aura riquíssima”, relata Ondina.
“A Dama do Mar é uma adaptação da Susan Sontag, uma mulher fascinante, a meu ver, uma pensadora, que faz uma adaptação muito moderna, um casamento muito bom também para o teatro do Bob Wilson. É uma história de amor, vamos dizer assim, ou de desamor, mas fundamentalmente uma história sobre a liberdade feminina, sobre a liberdade amorosa, sobre a liberdade no casamento”, explica Bete Coelho. “Além de trazer grandes reflexões para nós, mulheres, a peça também chama à reflexão qualquer ser humano que durante a vida se depara com as questões do próprio desejo e com conflitos de relacionamento que envolvem poder”, complementa Lígia.
Ficha Técnica
Encenação, cenografia e iluminação – Robert Wilson
Texto – Susan Sontag, inspirada em Henrik Ibsen
elenco
Lígia Cortez / Ondina Clais Castilho – Ellida Wangel*
Hélio Cícero – Hartwig Wangel
Ondina Clais Castilho / Lígia Cortez – Bolette Wangel*
Luiz Damasceno – Sr. Arnholm
Felipe Sacon – Estrangeiro
Participação especial de Bete Coelho – Hilde Wangel
*alternância de papéis
Co-direção – Giuseppe Frigeni
Assistência – Julian Mommert e André Guerreiro Lopes
Figurinos – Giorgio Armani
Maquiagem – Luc Verschuren
Música – Michael Galasso
Som – Peter Cerone
Luz – A.J. Weissbard e Robert Wilson
Assistente de luz – Fiammetta Baldiserri
Assistente de cenário – Valentina Tescari
Direção de cena – Rafael Bicudo
Realização – Sesc SP