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Tradição e vanguarda

Durante os primeiros séculos de colonização portuguesa no Brasil, a música erudita no país era restrita aos espaços das igrejas. A chegada de D. João VI e sua corte trouxe esse estilo musical para os trópicos, provocando uma mudança cultural nas terras brasileiras que até então só conheciam canções populares. Com a popularização da música erudita no século XIX, as apresentações de tenores italianos predominavam nas salas de concertos, que se multiplicavam.

A música erudita brasileira obteve reconhecimento após a obra de Heitor Villa-Lobos que ganhou notoriedade, em 1922, e permaneceu em destaque por quase 30 anos. Com o início da ditadura militar, em 1964, a composição de música erudita influenciada por outros ritmos brasileiros foi deixada de lado, durante um período em que o país enfrentou censura, sobretudo no campo das artes. 

É nesse contexto que surge o Festival de Música Nova, criado em 1962, pelo músico Gilberto Mendes, cujo objetivo era projetar a música brasileira para o mundo. “Gilberto sentiu a necessidade de representar seu país com uma música mais atual”, conta a musicista e amiga do maestro, Cristina Motta. Nesse período, a bossa nova uniu-se ao erudito de forma inovadora. “Esse movimento foi muito importante para todos os músicos, houve um resgate do nacionalismo musical, que tinha sido esquecido depois da era de Villa-Lobos”, reforça.

 

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Nascido em 13 de outubro de 1922, o compositor paulista Gilberto Mendes foi um dos pioneiros da música experimental no Brasil. Ele começou seus estudos aos 18 anos, no Conservatório Musical de Santos. Compôs sob orientação de Cláudio Santoro e Olivier Toni. Na década de 1950, viajou para a Alemanha, onde estudou composição e teve aulas com Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen. “A música dele é muito interessante porque reúne vários estilos. Diferentes instrumentos se sobressaíam e voltavam, terminando as composições de maneira suave”, descreve o maestro Jack Fortner, parceiro de composições e amigo de Mendes.

De volta ao Brasil, além de criar o Festival Música Nova, o músico lecionou na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Entre suas peças se destacam Nasce-Morre, Beba Coca-Cola e Ulysses em Copacabana.

 

 

Para o jornalista e cineasta Marcelo Machado, Gilberto Mendes abriu as portas da música do nosso tempo. “Com o festival ele mostrou que província e metrópole são noções ultrapassadas, que o experimental pode não ser de vanguarda e que a inovação era o compromisso de uma vida”, explica. Machado dirigiu o documentário Gilberto Mendes e a Música Nova, gravado em janeiro de 2017, no Sesc Santos, durante o lançamento do disco Festival Música Nova, realizado pelo Selo Sesc. A produção em homenagem ao artista estreia este mês no SescTV junto ao concerto Música Atemporânea, exibido na sequência. Sob a regência do maestro norte-americano Jack Fortner, o repertório relembra a obra de Mendes e o Festival Música Nova.

DOCUMENTÁRIO: GILBERTO MENDES E A MÚSICA NOVA
Dia 5, às 22h
Direção: Marcelo Machado
Classificação: Livre

ESPECIAL MUSICAL: GILBERTO MENDES E A MÚSICA NOVA
Dia 5, às 23h
Direção: Marcelo Machado
Classificação: Livre