Museus, sítios arqueológicos, costumes, rituais e outros bens são analisados na perspectiva de seu retorno financeiro, em muitos casos necessário para a manutenção e gestão dos conjuntos preservados
A ampliação do conceito de patrimônio cultural nas últimas décadas do século XX no Brasil coloca a necessidade de avaliação dos avanços e limites no reconhecimento dos bens materiais e imateriais. Nesse sentido, o livro Economia do patrimônio cultural, de Françoise Benhamou, representa uma importante contribuição para as reflexões e práticas de gestão de espaços, monumentos e manifestações culturais, com o objetivo de alcançar equilíbrio entre preservação, administração e bom uso desses recursos.
Françoise Benhamou é professora associada de ciências sociais e de ciências econômicas. Leciona no Instituto Nacional do Patrimônio, no Instituto Nacional do Audiovisual e no Instituto de Estudos Políticos, todos em Paris, e também em diversas universidades estrangeiras. Além de ser membro dos conselhos de administração e científico do Museu do Louvre e do Círculo dos Economistas, preside a Associação Internacional de Economia da Cultura.
Em seu livro, exemplos de patrimônio cultural – como museus, sítios arqueológicos, costumes, rituais, gastronomia, cantos, técnicas artesanais – são analisados na perspectiva de seu retorno financeiro. Em muitos casos, esse retorno é necessário para o custeio de reformas, a realização de pesquisas, o pagamento de pessoal, a aquisição de materiais e equipamentos e para a própria subsistência de grupos que têm recursos patrimoniais como fonte de renda, a exemplo de comunidades quilombolas no Brasil.
O patrimônio cultural material e imaterial pode ser uma salvação para sociedades fragilizadas, mas sua hiperexploração também implica riscos nem sempre sustentáveis. A difícil articulação entre a presença massiva de turistas e a conservação do patrimônio cultural; a opção política entre gratuidade ou cobrança de ingressos em museus; a obsessão pelas rentáveis exposições blockbusters, em contraste com a visitação a exposições intimistas; e os limites entre o interesse dos patrocínios e do mecenato privado em face dos princípios públicos de gestão do patrimônio cultural são algumas das questões apresentadas nesta obra.
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