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postado em 04/03/2022

Partilha do conhecimento

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Antonio Candido: afeto e convicção reúne um conjunto inédito de visões sobre a atuação de um mestre dotado de profundo senso ético e social, formador de gerações de críticos

 

Antonio Candido (1918-2017) foi um dos grandes nomes da crítica literária e ensaística brasileira. Formado em Ciências Sociais em 1942 pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, conquistou a cadeira de Literatura Brasileira três anos depois, em 1945. Em 1954 obteve o grau de doutor em Ciências Sociais. Entre os anos de 1958 e 1960 lecionou Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis. Em 1961 voltou à USP como professor colaborador da disciplina Teoria Literária e Literatura Comparada, tornando-se titular em 1974. Entre 1964 e 1966, também lecionou Literatura Brasileira na Universidade de Paris e, em 1968, foi professor visitante de Literatura Brasileira Comparada na Universidade de Yale (EUA). Aposentou-se em 1978, mas continuou lecionando no programa de pós-graduação da USP até 1992.

Como crítico, iniciou sua carreira na revista Clima (1941-1944), juntamente com Paulo Emílio Salles Gomes, Alfredo Mesquita, Décio de Almeida Prado, Gilda Rocha de Mello e Souza – com quem veio a se casar – e outros intelectuais da época. Em paralelo às atividades docentes e literárias, Candido militou no Partido Socialista Brasileiro e participou do Grupo Radical de Ação Popular, de oposição ao governo ditatorial de Getúlio Vargas. Posteriormente, participou do processo de fundação do Partido dos Trabalhadores. Autor de uma obra volumosa e profícua, desenvolveu um método de análise que relaciona literatura e sociedade, deixando como legado uma interpretação de país fundada na alteridade.

 


Trecho do livro

 

Em 2018, quando Antonio Candido completaria 100 anos, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo, em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, homenageou o crítico com o seminário Afeto e Convicção – Uma Homenagem a Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017). As mesas-redondas evidenciaram seu papel como acadêmico, a interação com personalidades e instituições e sua militância política. Fruto deste ciclo de palestras, o livro Antonio Candido: afeto e convicção reúne um conjunto inédito de visões em torno do legado do crítico, sociólogo e docente, permitindo o vislumbre de sua personalidade generosa e de sua abrangente atuação como mestre dotado de profundo senso ético e social, reconhecido pelo rigor conferido aos estudos literários, assim como pelo papel desempenhado na formação de gerações de críticos – ambos beneficiados por uma perspectiva analítica afeita a relacionar os problemas da literatura com os da sociedade.

O livro conta com textos de Adélia Bezerra de Meneses, Carlos Augusto Calil, João Cezar de Castro Rocha, Laura de Mello e Souza, Leandro Garcia Rodrigues, Luiz Carlos Jackson, Alejandro Blanco, Marcos Antonio de Moraes, Maria Augusta Fonseca, Max Gimenes, Norma Goldstein, Paulo Vannuchi, Rodrigo Ramassote, Telê Ancona Lopez e Walnice Nogueira Galvão.

A organização em três recortes – O Homem, O Intelectual e O Professor – evidencia o esforço de compreender essa figura singular. A dedicação de Antonio Candido à complexidade das questões nacionais o caracterizava como um intelectual comprometido com as questões sociais, que confiava na ampla partilha do conhecimento e da experiência de vida como os pilares de uma sociedade justa. Esta homenagem, também como gesto de retribuição a esse legado, deixa evidente a relevância de sua obra e a notoriedade de sua conduta. Antonio Candido nos deixou, acima de tudo, uma possibilidade inesgotável de formular novas interpretações e novos caminhos para o Brasil.
 

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