Postado em 09/05/2016
O Dia do Desafio começou na manhã da segunda-feira, dia 09, no Sesc Jundiaí. A conferência “Cidade para pessoas”, com o professor e urbanista Carlos Leite, da USP, pontuou ações possíveis nos âmbitos privado e urbano para transformar os espaços públicos em locais propícios para o uso esportivo e de entretenimento.
O professor começou citando o termo “Acunpuntura urbana”, em referência ao pensamento de que cidades e pessoas têm características comuns, adoecem ou rejuvenescem de acordo com nossas atitudes. Para Carlos, o ativismo urbano tem tomado conta das nossas áreas de lazer, parques e praças, e a inciativa privada tem sido cada vez mais chamada para remediar o que há de errado com as cidades. “O grande recado do mundo é: nós queremos e precisamos de mais cidades para nós, e não para os carros. Nós queremos sair de nossos condomínios e nos encontrar lá fora, onde a vida de fato acontece”
Para retratar o que pode ser feito com áreas urbanas deterioradas, o professor citou o High Line Park, de Nova York, um parque aberto construído numa antiga via férrea abandonada. “O sucesso é total. As pessoas namoram, se encontram, se divertem ali. É uma verdadeira sala de estar urbana”.
Para o professor, vitalidade urbana agrega valor para as cidades. “Pela primeira vez da História, tem mais gente nas cidades do que no campo, isso é uma mudança de paradigma gigante. Por isso é que o século XXI é o século das cidades”, ressalta.
A conversa passou ainda pelo fato de que a promoção de cidades mais humanas tem que considerar o fator “prazer”, os espaços urbanos têm que ser divertidos e nos chamar para participar dele. Para alcançar essa urbanidade ideal, o professor coloca que a principal questão é avaliar a concentração da diversidade, ou seja, quanto mais diversa, múltipla e diferente for a ocupação de um espaço urbano, mais interessante ele será.
“Os jovens chamados “milleniuns” são o futuro, e eles não estão mais em busca daquela cidade do Vale do Silício, eles querem São Francisco, que tem parques, cafés, mais e mais pessoas na rua”, explica o urbanista. “A beleza de uma cidade vem de sua diversidade”, complementa, citando a arquiteta Jane Jacobs.
Carlos Leite citou ainda o exemplo do projeto “Ruas Abertas”, da Prefeitura paulistana, implantado em 2014. “Quando a prefeitura decidiu abrir a Avenida Paulista para as pessoas aos domingos, apenas 27% era a favor. Hoje, só 2 anos depois, o índice de aceitação é de 80%, o que isso quer dizer? Os gestores públicos precisam saber arriscar”
CIDADES MOVIMENTADAS SÃO MAIS SEGURAS
Segundo ele, a questão da ocupação do espaço urbano pelos cidadãos está intimamamente relacionada com segurança pública. “As pessoas nas ruas são os olhos da segurança”, aponta.
“As pessoas gostam de se encontrar, as cidades nasceram para isso”, complementa. E para alcançar tudo isso, o urbanista ressalta a urgência de reformular o Plano Diretor das cidades para transformar o Marco Regulatório. “Precisamos fazer empreendimentos imobiliários onde as pessoas estejam usando mais. Isso faz diferença em todas as escalas”.
O urbanista cita exemplos das capitais e do interior, como por exemplo a cidade de Piracicaba, onde foi implantando o Parque Linear da Rua do Porto, projeto de aproximação cidades-pessoas-águas, para estimular as pessoas a orbitarem em torno do principal ponto de lazer da cidade, o rio.