Postado em 05/04/2016
Sesc São Paulo realiza e apresenta obra inédita de Robert Wilson inspirada na trajetória do jogador Mané Garrincha; a estreia mundial já tem data: dia 23 de abril, no Sesc Pinheiros, com temporada até 29 de maio
O jogador Mané Garrincha (1933-1983), campeão nas Copas do Mundo de 1958 e 1962 e ainda hoje celebrado como um dos mais talentosos pontas-direitas da história do futebol, é a inspiração para o espetáculo inédito que o diretor norte-americano Robert Wilson apresentará no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, entre 23 de abril e 29 de maio (a venda de ingressos para a temporada começa no dia 7 de abril, saiba mais aqui).
Criado e produzido no Brasil, com elenco nacional, o projeto Garrincha resulta de mais de dois anos de pesquisas empreendidas pelo diretor e sua equipe internacional, num processo que tem envolvido trabalho de campo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, além de laboratórios realizados em Watermill, centro de criação mantido por Wilson no estado de Nova York.
Interpretado por um elenco de 16 atores e um sexteto musical, com dramaturgia pautada pela música executada ao vivo, Garrincha revisita a densa e dramática trajetória do atleta. No palco, o raro comando de Robert Wilson sobre a arte da encenação, sua orquestração das relações entre música e linguagem falada, movimento, corpo, figurinos e luz, luz e espaço, símbolo e significado exploram e enriquecem as possibilidades narrativas de uma biografia tornada mito.
O elenco
Além dos atores convidados Bete Coelho, Ligia Cortez e Luiz Damasceno, que já haviam atuado com Robert Wilson em A Dama do Mar (2013), fazem parte do espetáculo Carol Bezerra, Claudia Noemi, Claudinei Brandão, Cleber D'Nuncio, Dandara Mariana, Daniel Infantini, Fernanda Faran, Jhe Oliveira, Lucas Wickhaus, Naruna Costa, Nathália Mancinelli, Roberta Estrela D'Alva e Robson Catalunha. Completam o elenco os músicos Alexandre Ribeiro, Fabrício Rosil, João Poleto, Roberta Valente, Samba Sam e Zé Barbeiro.
A parceria
A parceria entre o Sesc São Paulo e o encenador foi estabelecida em 2012, com a apresentação, no Sesc Belenzinho, de A Última Gravação de Krapp, no qual Robert Wilson retornava ao palco após 12 anos sem atuar. Neste monólogo, escrito pelo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), Wilson era o velho Krapp, personagem que, aos 70 anos, decide a rebobinar a vida – em meio a rolos de fitas gravados com histórias passadas, relembra sua trajetória e confronta-a com o presente, tentando extrair graça da melancolia.
Também em 2012, o programa de parceria levou ao Sesc Pinheiros duas de suas produções mais consagradas, interpretadas pelo elenco da aclamada companhia Berliner Ensemble: Ópera de Três Vinténs (Bertolt Brecht, 1928), peça que articulava uma sátira mordaz do capitalismo por meio da história do casamento de um bandido com a filha de um explorador de mendigos...
... Além de Lulu, criada a partir dos textos de Frank Wedekind - O Espírito da Terra (1895) e A Caixa de Pandora (1904) - com música de Lou Reed. O espetáculo trazia como personagem principal uma dançarina de cabaré, uma verdadeira musa do underground coroada pelo experimentalismo da encenação de Robert Wilson somado à ousadia das guitarras de Reed.
Em 2013, em A Dama do Mar, apresentada nas unidades de Santos e Pinheiros, Robert Wilson dirigia pela primeira vez um elenco brasileiro, nesta peça com texto adaptado por Susan Sontag, inspirado no original de Henrik Ibsen. A trama centrava-se na história de Ellida, personagem acostumada a viver aventuras pelo mar da Noruega com o pai. Após a morte dele, Ellida se casava com um homem mais velho e passva a conviver com suas duas filhas. Em meio à rotina sufocante, sentia-se atormentada por uma paixão do passado.
Já em 2014, o público brasileiro pôde assistir a The Old Woman (A Velha), no Sesc Pinheiros. Adaptada da obra homônima de Daniil Kharms, autor russo perseguido pelo regime stalinista, a peça acompanhava a história de um escritor em dificuldades que não conseguia alcançar a paz consigo mesmo e era assombrado pela figura de uma velha mulher. O ator norte-americano Willem Dafoe e o bailarino letão Mikhail Baryshnikov compunham o elenco.
Antes desse programa de parceria, o Sesc São Paulo já havia trazido Wilson ao Brasil com Quartett, de Heiner Müller, com atuação de Isabelle Huppert (2009), além da exposição Voom Portraits (2008/2009), com videoinstalações, ambas realizadas no Sesc Pinheiros.
O diretor
Nascido em Waco, no Texas, em 1941, Robert Wilson está entre os mais importantes artistas de teatro e artes visuais do mundo. Seus trabalhos para o palco integram de maneira não convencional uma grande variedade de formas artísticas, incluindo dança, movimento, iluminação, escultura, música e texto.
Wilson recebeu diversos prêmios por sua excelência: a nomeação ao Prêmio Pulitzer, dois Prêmios Ubu, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza e um Prêmio Olivier. Foi eleito membro da Academia Americana de Artes e Letras, bem como da Academia Alemã das Artes, e detém oito doutorados honorários. A França o proclamou Comendador da Ordre des Arts et de Lettres (2003) e Oficial da Legion d’Honneur (2014); a Alemanha concedeu-lhe a Cruz de Oficial da Ordem de Mérito (2014).
Seus desenhos, pinturas e esculturas foram exibidos ao redor do planeta em centenas de mostras individuais e coletivas, e suas obras fazem parte de coleções particulares e de museus no mundo todo. Robert Wilson é o fundador e diretor artístico do Watermill Center, um laboratório para as artes localizado em Water Mill, Nova York.
o que: | Garrincha - De Robert Wilson |
quando: |
23 de abril a 29 de maio | De quintas a sábados, 21h; aos domingos e feriado, 18h |
onde: |
Sesc Pinheiros | Rua Paes Leme, 195 | 11 3095-9400 |
ingressos: |
R$ 18 (Credencial Plena); R$ 30 (Meia); R$ 60 (Inteira) |