Postado em 08/03/2016
Uma laranja aqui, um pedaço de pão ali, um prato com comida pela metade, uma carroceria de caminhão com fendas. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) informam que cerca de 30% de tudo que é produzido anualmente pelo campo é perdido em algum momento de sua trajetória entre a lavoura e a casa do consumidor. No Brasil, segundo a reportagem “O que se Perde no Lixo Falta na Mesa”, em Problemas Brasileiros, milhões de toneladas de produtos alimentícios são jogadas literalmente fora todos os anos, uma tragédia para uma nação onde cerca de 3,4 milhões de indivíduos vivem em situação de insegurança alimentar.
A bem da verdade, as perdas acontecem em todas as fases da cadeia produtiva. No plantio o desperdício já oscilaria em torno de 5%, porcentual que se repete durante o crescimento e amadurecimento da cultura. O manuseio inadequado e técnicas ultrapassadas durante a colheita também resultam em perdas, assim como acontece com milhões de toneladas de frutas, de legumes e de verduras. O desperdício ainda ocorre durante o transporte (veículos inadequados para o deslocamento de grãos e estradas esburacadas), isto sem falar dos alimentos com validade vencida e do que o brasileiro descarta no lixo por razões diversas.
O campo também mereceu a atenção de Problemas Brasileiros em outra reportagem (“Novas Tecnologias Copiam a Natureza”), que discorre sobre a expansão do uso no país de defensivos agrícolas naturais. Um dos principais produtores agrícolas, o Brasil também acaba sendo, na mesma proporção, um dos maiores consumidores de agrotóxicos, o que representa dizer que as perspectivas para os defensivos alternativos são boas. O número de registros de produtos com esse rótulo cresce ano a ano, e só não anda a passos rápidos porque, ao contrário de consumidores de nações mais desenvolvidas, os brasileiros ainda não aprenderam a clamar com maior vigor pela oferta de produtos agrícolas mais saudáveis.
Outras reportagens de interesse publicadas nesta edição tratam da reciclagem do óleo de fritura (“Nada ao Ralo, Nem ao Sanitário”), das pessoas em idade avançada que navegam na internet (“Idosos Conectados”), do crescimento do mercado de bicicletas sofisticadas (“O Sucesso das ‘Magrelas’”) e das pedras no caminho do setor ferroviário (“Os Estigmas da Linha de Trem”).
Boa leitura!
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac