Postado em 16/02/2016
Phedra de Córdoba nasceu em Havana - Cuba - como Rodolfo Felipe Acebal, em maio de 1938. Vinte anos depois, veio viver no Brasil, onde permaneceu até a sua morte, no sábado, 9 de abril de 2016. Antes de partir, a bailarina, vedete, atriz de teatro e cinema recebeu a Revista Mais 60 em seu apartamento na Praça Roosevelt, em São Paulo, onde concedeu esta entevista:
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Mais 60: Fale um pouco de você, sabemos que você nasceu em Havana – Cuba –, fale de sua infância, as lembranças de pais, irmãos.
Phedra de Córdoba: Tive duas irmãs, ambas já faleceram. Uma que eu não me dava bem com ela, e outra que eu adorava. Chamava-se Aurora. Eu era a caçula da família. A última, como papai falava... “a rapinha do tacho”. Ele não pensava em ter mais filhos, ele me contava – quando eu era adolescente – que antes de mim nasceram gêmeos.
Então eram suas irmãs, os gêmeos e depois você?
Não, os últimos eram os gêmeos. Mas, eu não sei, a história foi contada assim para mim. Você sabe que gêmeos sentem tudo igual? Sentem juntos, inclusive a doença. Dizem que é verdade, que eles sentem tudo igual. Então morreu um, doente, depois o outro ficou doente também, porque eram iguais.
Os gêmeos morreram?
Sim, primeiro um, logo depois o outro ficou doente e morreu também. Meus pais não pensavam em ter mais filhos, mas minha mãe ficou grávida de mim. Nasci antes do tempo, de sete meses, e foi um drama terrível. Era época de guerra – Segunda Guerra, Hitler –, 1938 (sic). Estava no Hospital Maria Auxiliadora, o médico que fez o parto pediu para meu pai tentar conseguir uma incubadora, para que eu ficasse até os nove meses. Eu era um rato, pequenininho.
E conseguiu, em plena época de guerra?
Sim, e foi um desespero. E essa história meu pai me contou quando eu estava já com 16 anos. Então ficou isso... quase morri, ainda bebê. Sei que é uma história um pouco dramática, mas bonita, não é mesmo?
Já temos uma demonstração da sua força.
É isso, e porque foi assim mesmo. Mas, você sabe, eu não combinava com minha mãe de jeito nenhum. Posso dizer que era inimiga a minha mãe. Não que eu quisesse ser inimiga, mas porque ela não me queria. Ela não me queria mulher. Ela não me aceitava feminina.
Sua mãe era muito rígida com você?
Sim, muito. Ela queria que eu fosse um homem como os outros homens. Ela dizia: “– Tu precisas ser um homem”. E aquilo me incomodava, porque eu nunca fui homem. Eu nunca me senti homem. Eu estudei flamenco. E ela falava de meu tio, Sérgio Acebal. Essa mania de que eu fizesse igual aos outros. Cada um tem sua personalidade, eu tinha nascido assim. Eu nasci com aquela ansiedade, uma força muito rara. E hoje, ainda, eu tenho essa força rara comigo.
Você menciona em várias entrevistas a forte relação com seu pai.
Sim, sim. Porque meu pai era meu amigo. Ele não criticava minha essência. Nunca me disse: “–Ah! Como você está maquiada, parecendo uma mulher”. Nunca! Ele me olhava como quem diz: “– O que eu vou fazer?”. Na verdade, ele dizia: “– Tudo bem. É artista!”; e eu sou, sou artista. Minha mãe, ao contrário, dizia: “– Maldita! Horrorosa!”. Isso me chocava. Olhava para meu pai, olhava para ela e dizia: “– Mas você é minha mãe, me pariu pra quê?”. Ficava muito revoltada com ela. Quando comecei a me interessar pelo teatro, saí do seu colo. Porque sou forte e disse: “– Eu vou ser alguém!”. Meu pai pedia para que meu tio me ajudasse no teatro. Meu tio era famoso.
Era seu tio por parte de mãe?
Não, não, era irmão do meu pai, da família do meu pai. Ele sabia que eu era artista, já tinham lhe falado de mim. Disseram que eu era muito audaz em cena. Pode ser que ele tivesse até um pouquinho de medo, porque como eu era, como se diz, “pintosa”, representava uma concorrência (risos).
E com o restante da família, como era o convívio com seus avós?
Com meus avós eu nunca tive problemas, porque eu sempre fui a queridinha, sempre. Convivi com meus avós maternos. É engraçado! Sabe, meus avós homens sempre gostaram muito de mim. Sempre me adoraram. Eu nasci para ser amada por homens.
Você tem um charme próprio.
Sim! Às vezes estou na rua, passa um rapaz e diz: “– Quer que ajude em alguma coisa linda...?” (risos).Eu digo: “– Sim, obrigada”. Sempre tem um jovem que quer me ajudar na rua com algo. Às vezes, eu me canso de caminhar com compras, com sacolas pesadas, logo aparece algum: “– Quer que eu ajude?”. É isso! Tenho estrela (risos).
Então, Phedra, seu pai sempre estimulou sua veia artística, não é mesmo?
Sim, sim. Meu pai queria que meu tio, que era do meio artístico, me ajudasse. Mas meu tio não queria. Ele dizia que eu tinha de me fazer por mim mesma, “blá, blá, blá”, e eu me fiz. Como eu queria que meu tio estivesse vivo agora para poder dizer: “– Tio, você foi uma estrela e, agora, eu sou uma estrela”.
Seu tio foi uma referência importante para você.
Eu acho que meu tio tinha alguma coisa dentro de si e lutou para ser quem era. Pelo que conta meu pai sobre ele, meu tio foi um jovem que estudou. Estudou advocacia e não quis seguir carreira. Quis seguir a carreira de ator. Meus avós, os pais dele, não queriam que ele fosse ator. Até que começou a atuar em grupos que não tinham nome, gente do bairro chinês. Tinha o bairro que era só de chineses. Mas era um bairro de artistas também. Sim. Foi ali que meu tio se fez artista. No bairro estavam grandes atores cubanos. Meu tio era apresentado como um ícone do teatro cubano. Aqui no Brasil podemos compará-lo com Procópio Ferreira. Meu tio não era feio como o Procópio Ferreira (risos), era um homem bonito, muito parecido com meu pai. Tinha nome. Empresários, diretores, todos os homens fortes de Havana, nos anos de 1940, o admiravam. Ele era assim, assim...
Uma figura proeminente...
Uma figura respeitadíssima. Quando meu pai me levou até ele, de longe ele acenava para esperarmos. Mas eu entendia, ele era muito astro. Era sempre uma multidão a sua volta: “– Me deixa tirar uma foto com o senhor?”. Eu vi que ele se fazia de grande astro, meu pai xingava ele (risos).
Porque ele queria que ele te ajudasse...
Não, não. Meu pai não gostava que ele o deixasse parado lá na rádio, porque ele fazia assim mesmo: “– Agora não posso. Espere um pouco”, fazendo gesto com a mão. Meu pai ficava muito bravo. Mas ele gostava muito do meu pai, porque meu pai era mais velho do que ele. Ele morreu muito depois do que meu pai. Tudo isso, a família, ele, o nome, era uma coisa exagerada, para aquela época. Os astros eram endeusados. Meu tio gostava disso. E eu herdei isso dele.
Ele foi uma referência para você?
Sim, porque, mesmo sem querer, tenho algo dele. Meu pai me incentivava, mas dizia assim: “– Seja modesto, mas não seja muito para não parecer burro” (risos). Eu quero sempre aprender mais. Quando entrei no Satyros, eu trouxe um trabalho muito complexo. Ser transexual e ser atriz. Eu me fiz respeitar dentro do mundo de teatro. Sou respeitada.
Conte para nós sobre a presentação vestida de mulher que sua mãe interrompeu.
Não foi apresentação, foi num carnaval de Havana. Eu estava num carro alegórico com mais duas colegas. Nos convidaram para desfilar, mas não falamos para a família. Estávamos lindas, usávamos roupas belíssimas, perucas. Minha irmã estava em um camarote, e me viu. Eu a vi lá decima do carro alegórico e falei para a Maria: “– Minha irmã está aí”; “– Ai, meu Deus. Ela vai ligar para minha mãe”. E ela ligou mesmo. Minha mãe apareceu na segunda volta do carro alegórico. Na segunda volta, vi minha mãe gritando. Ela já chegou lá gritando: “– Desce daí, desce...”. E eu não desci (risos). Um guarda, que estava tomando conta dos carros para ninguém assediar os artistas – porque a maioria era artista –, não deixou minha mãe chegar perto. Então ela disse que eu era menor, que não poderia estar ali...
Quantos anos você tinha, Phedra?
Ah, eu estava com 15 anos. O guarda, então, disse: “– Senhora, espere o desfile terminar. Quando o carro alegórico parar. Agora vá esperar, em outro lugar. Agora, ele é pago para ficar lá em cima”. Minha mãe estava furiosa. Ela fez escândalo. Quando desci do carro, minha mãe tirou minha peruca e jogou longe.
Mas você desfilou?
Claro que desfilei (risos). Depois disso, ela pediu para que meu pai não deixasse eu continuar com minhas aulas de teatro. Mas seu pai sempre te defendeu muito neste sentido. Não sei. Na ocasião meu pai não falou nada. Então, durante um tempo, minha mãe não me deixava ir às aulas de teatro. Depois de um tempo, pedi para meu pai, porque eu queria voltar às minhas aulas, e ele deixou. Então, recomecei. Foi quando comecei a sair, frequentar boates com as garotas. Fazer shows, ganhar um dinheirinho e fama também.
Você se apresentava como Felipe de Córdoba.
Sim, por causa da minha mãe.
Você seguiu fazendo shows e apresentações?
Sim, até que fui para os Estados Unidos. Fazia parte de uma companhia. Fomos para a Califórnia, depois Miami. Quando o diretor da companhia avisou que voltaríamos para Cuba, como estava com mais dois amigos – que eram gays –, resolvemos ficar.
Vocês ficaram nos Estados Unidos?
Sim, em Miami. Ficamos e trabalhamos. A princípio só por dinheiro, ganhávamos bem. A partir de um determinado momento, ficou meio difícil, tínhamos de ter cuidado. Nós queríamos viver uma vida de grandes artistas. Trabalhamos em lugares bons e tínhamos de nos vestir bem, e isso significava altos gastos.
Pensaram em voltar para Cuba?
Pensamos, mas tivemos muita sorte. Um dia, estávamos numa boate e, de repente, soubemos que o conjunto que estava tocando era de um patrício cubano. Quando terminou o horário do conjunto tocar, ele veio falar conosco. Muito simpático perguntou o que fazíamos ali e respondemos que procurávamos por trabalho. No mesmo momento ele disse: “– Espera que vou falar com o gerente, ele é porto-riquenho”. Tivemos de fazer um teste e conseguimos o emprego. O teste foi ótimo, empolgamos o público que gritava: “– Bravo! Bravo! It’s wonderful”. Enfim, ficamos.
E vocês permaneceram quanto tempo em Miami?
Seis meses, trabalhando nessa boate. Depois conhecemos outros managers que nos levaram para outras cidades. Para Tampa, na Flórida, por exemplo. Quando voltamos para Miami conhecemos outro manager que nos levou para Nova York. Pagou nossa passagem, foi quando começamos a fazer televisão, em Nova York.
O que vocês faziam nesse programa de televisão?
Dançava flamenco. Foi o que eu sempre fiz.
Eram programas de entretenimento?
Programa Eddie Fisher Show, você conhece?
Sim, foi cantor e tinha um programa de TV nos anos de 1950.
Isso mesmo, fizemos o programa dele. Depois disso, um manager porto-riquenho nos viu na televisão, e nos contratou como bailarinas. Mil dólares a dupla (risos). Imagine, estou falando de Nova York, 1953. Eu estava com 17 anos.
Foi uma experiência e tanto.
Ah, mas só até minha mãe chegar, novamente enchendo o saco. Ela apareceu em Nova York. Discutimos e ela afirmando: “– Você vai voltar comigo para Cuba”, e eu falando que não. Minha mãe, furiosa, queria chamar a polícia, porque eu era menor. Fui radical. O gerente da boate onde eu estava trabalhando era porto-riquenho, eu podia falar castelhano com ele. Fui ao escritório dele, e expliquei meu problema: “– Olha, eu sou menor e minha mãe está aqui. Quer que eu volte para Cuba”; e ele, apavorado, disse: “– O que eu faço agora? Não podemos chamar a polícia. Olha, vou perdoar a multa do contrato, vocês assinaram contrato de um ano comigo, faz só seis meses que estão aqui. Ainda faltam seis meses.”. Nós o convencemos a não cobrar a multa de rescisão e nos deixar livres para não ter problema com minha mãe.
Então, você voltou para Cuba?
Não (risos). Esse porto-riquenho tinha contatos e fui para Porto Rico. Chegamos a Porto Rico e na boate desse conhecido pedimos uma chance para mostrar nosso talento. Eu dizia: “– Estou pedindo um favor para nós, como irmãos. Se não agradarmos, tudo bem.”. Mas eu dizia isso porque tinha certeza de que seria um sucesso. Eu sou terrível em cena. Sempre fui (risos).
E vocês ganharam essa chance?
Sim, claro!! No show, era anunciada quando entrava em cena: “– Ladies and gentlemen, now, from Spain, flamenco dancing, born in Córdoba”. Toda a orquestra tocando. Desci do palco e fui diretamente para o público. Tocando castanholas. Os gringos ficaram loucos: “– Olé, bravo! Bravo!”. Era uma plateia seleta de americanos, ricos. Eu sentava nas mesas e perguntava: “– Do you like?”. E quando terminamos, só ouvíamos gritos. O porto-riquenho perguntou: “– Há quantos anos dança? Que personalidade. Que personalidade!”. Permanecemos quase seis meses. Até que o porto-riquenho, manager da boate, apresentou-me a um espanhol que tinha uma casa de flamenco, que havia chegado recentemente da Espanha. Ele ficava sempre ao fundo assistindo aos meus espetáculos. Com uma casa de sucesso ele veio falar comigo! “– De que parte de Havana és tu? Onde aprendeste a fazer isso? Teve professor em Havana?” Quando eu disse que havia estudado em uma academia, ele disse: “– Quero que tu estejas em minha casa!”. Eu quase morri!
Como e quando você veio para o Brasil?
Estava me apresentando em Buenos Aires e o Walter Pinto assistiu ao meu show e ficou louco comigo. Cheguei em 1958, para trabalhar no Teatro Recreio. Eu era Felipe D. Córdoba, bailarino e ator.
Você fez teatro de revista, cinema, está há 15 anos no Satyros.
Sim, no cinema sempre fui convidada pelos diretores. No Satyros fiz diversas peças. “Filosofia na alcova” faço há 15 anos. O Rodolfo não coloca outro ator que não seja eu. Sou eu que tenho de fazer e ele sabe que tem de ser eu.
“Divinas palavras”, “Retratos de vida e sangue”... “Hipóteses para o amor e a verdade”...
Sim, sim. “Hipóteses” é uma peça que fiz e que virou filme agora. Tantos atores já trabalharam comigo que, às vezes, eu quero lembrar com quem fizemos essas coisas. Muitas peças de teatro:“A vida na Praça Roosevelt”, “Transex”, “Liz”...
Muitos filmes também.
Sim, com Evaldo Mocarzel gravamos “Cuba libre” quando voltei a Cuba a convite do governo cubano. Muita gente boa: Kiko, Laerte, que agora virou mulher também.
Ele tem um programa de entrevistas: “Transando com Laerte”, muito bom.
Ele é uma simpatia. E, depois, tem cultura. Ele é de uma época em que a maioria dos que faziam charges e cartuns, como os irmãos Caruso, todos tinham de ter cultura. Conhecer tudo. Eu sempre falo, tenho me encontrado com ele várias vezes, falando da nossa época, das grandes figuras, os grandes nomes do teatro: Cacilda Becker, Tereza Raquel. Eu adoro a Cacilda, a Célia Biar, Sergio Cardoso, Beatriz Segall, todas interessantes. Sempre fui ver todos os espetáculos e, como eu era conhecida, me deixavam entrar.
A sua formação vem do teatro?
Sim, sempre me dediquei ao teatro. Estudei o texto de muitos dramaturgos de épocas passadas, porque são os melhores. Bem, tem alguns novos também.
E Sade... Você tem uma predileção por Sade?
Conheço uma pesquisadora, uma das melhores, sobre Sade. Tudo que publica ela manda para mim. Ela estuda só a trilogia do Sade, só. Cada vez que montamos uma peça, ela vem, dá palpite. Alguns encenadores – além de ter de ser bons encenadores – gostam de chocar. Como os filmes de Pasolini, todas aquelas coisas de sexo, mas era um luxo. Porque Pasolini era estiloso, grandioso. Aquelas mulheres gordas, com perucas enormes, vestidos esvoaçantes, luxuosas, comidas exuberantes. Eu sempre pergunto: “–E em quem se baseava Sade? Quem eram essas pessoas? Por que ele era odiado? Quem é esse homem?”. Essa bicha, porque ele era bicha. Não era homem-homem. Ele não era um homem, era bichona. Há um filme francês, que mostra a esposa de Sade, em uma das vezes em que ele estava preso, dizendo para que ele parasse de escrever, deixar a nobreza em paz. Ele olha para ela e responde: “– Quem é você para falar?”. Ele tinha de jogar na cara o que detestava. Ele escrevia sobre o que enxergava e o chocava, e são incríveis as coisas que ele escreveu.
Phedra, para encerrarmos e você descansar...
Já descansei até às três e meia (risos). Agora tenho a peça na sexta-feira e no domingo. Tenho de estar pronta para as “Satyrianas”.
Phedra, com 77 anos, o que você espera, com todo esse potencial?
Se eu espero? Espero o quê? Espero a hora em que eu vou embora daqui, tranquilamente, sossegadamente (risos). Eu quero uma coisa espiritual, eu penso isso, agora, não sei como fazer. Eu quero ir, mas que meu espírito fique para ver os acontecimentos, durante a minha ida. Queria ver o caixão, saber que estou ali. Eu quero assim. Ver... é isso aí que eu espero. A Maria Alice Vergueiro encenou seu próprio velório em uma peça, muito, muito forte. Vocês chegaram a ver?
A Marina Abramovich , que esteve aqui no Brasil no início do ano, em uma entrevista afirmou que tem todo o seu velório já preparado, pensado e organizado. Tudo concebido.
Ah, eu não sei, ela também já preparou? Bem, a peça da Maria Alice é maravilhosa e é claro que emociona, mas eu até falei para ela como era impressionante. No palco, ela não mexia um dedo, parecia que estava mesmo já morta. É muito forte. Ela de cara limpa, ela morre, ela faz a morte. É forte, também, como o público reage, porque ela convenceu a maioria do público que estava ali, que ela morreu de verdade. Todo mundo chorava. De repente, ela levanta, é incrível!
Phedra, para as novas atrizes, se tivesse a oportunidade de conversar com elas, o que você diria?
Eu já falei. No ano retrasado, eu fui convidada para falar sobre teatro e eu falei a verdade (risos). Eu sei que algumas não devem simpatizar comigo, pela fidalguia que eu tenho, e isso nem todo mundo gosta. E não é todo mundo que entende, compreende e perdoa. Eu disse a elas: “– ‘Laurus’, é melhor recolhermos, não afugentá-los”. Pensar que você, em uma peça, faz coisas inauditas,
só isso não é suficiente para ser uma boa atriz. As meninas hoje em dia não têm aquela elegância das nossas grandes atrizes. A vida particular não tem nada a ver com comportamento. Todas bem-vestidas, não parecem estudantes de teatro. Ao sentar-se não precisa aparecer. Deve ser normal. Prestar atenção e conhecer Maria Alice Vergueiro, uma tremenda atriz de teatro, reconhecida e considerada e respeitada, Cleyde Yáconis, Yolanda Cardoso, as grandes figuras! Falar, principalmente estudar os grandes dramaturgos, refletir sobre tudo que interessa aprender. Eu, eu quero ver, eu quero aprender, sempre!
Phedra, agradecemos sua gentileza em nos receber.
Para vocês verem como eu sou (risos)!