Postado em 09/02/2016
O projeto Cio da Terra, série de shows dedicada aos artistas da região de Sorocaba, apresenta em fevereiro: Theodoro Nagô. Suingue singular no cantar e tocar é o que caracteriza e define o cantor e compositor. O artista tem fortes influências da música preta nacional, inspirando-se em Jorge Ben, Tim Maia, Wilson Simonal, Djavan, Itamar Assumpção, entre outros.
Em 2005, Nagô estreava em bares e casas noturnas de Itapetininga, sua cidade natal, com voz e violão. Desde então tem marcado presença em grandes festivais como o Festival Lollo Terra de MPB (2008), onde conquistou o 3º lugar e o prêmio de Melhor Instrumentista, e no Festival de Música Livre Venâncio Ayres, conquistando o 1º Lugar no estilo MPB e o 4º Lugar na classificação geral do concurso.
Confira o bate-papo que a Eonline teve com o cantor:
EOnline: Nascido em Itapetininga, você está na estrada há 10 anos. Como foi o início da sua carreira? Quais as alegrias e dificuldades encontradas nesta trajetória?
Theodoro Nagô: Agradeço todos os dias por poder viver daquilo que mais amo nessa vida. Às vezes, quando pintam as dificuldades paro e penso, se está difícil com ela, imagina sem. Não digo isso para colocar um olhar romântico, mas sim porque é o que sinto de fato.
Quanto as dificuldades: sim... elas existem, ainda mais para os artistas independentes. Temos que lutar todos os dias pelo que acreditamos e mesmo quando tristes, com alguma situação, a nossa arte deve prevalecer. É e será pra sempre assim. E 10 anos depois posso garantir que estou cheio de gás.
EO: Você afirma que tem fortes influências da música preta nacional, como as de Jorge Ben, Tim Maia, Wilson Simonal, Djavan, Itamar Assumpção, entre outros. Como a música preta faz parte da vida dos brasileiros?
TN: Ela está em tudo o que ouvimos neste país, está em tudo que pode ser relacionado com nossa arte, está no suingue e no lamento do povo brasileiro. Me autointitulo um representante da música preta porque me vejo na obrigação de disseminar e propagar a mensagem que estes artistas escreveram e ainda escrevem. Ouço os nomes citados desde que me entendo por gente e sem dúvida foram fundamentais para minha formação. Tanto musical, quanto pessoal. Me apoio nestes pilares para construir e seguir levando esta que também é minha mensagem.
EO: Você acredita que ainda hoje há preconceito racial na área artística?
TN: O preconceito em geral é algo que infelizmente está incrustado em nossa sociedade. Seria separatista de minha parte falar apenas da área artística, pois este problema horrível está em todas as áreas.
Acredito que a arte e a música em específico tem o poder para curar este câncer em nossa sociedade.
EO: Balanço Cruzado é o seu primeiro álbum autoral. Conte-nos como foi o processo de criação do álbum e a sua experiência com o crowdfunding (financiamento coletivo).
TN: Balanço Cruzado é o nome do disco e também da primeira faixa dele. A princípio ele se chamaria Theodoro Nagô, mas por sugestão de Marcel Bottaro (contrabaixista do projeto) mudei o nome, pois ele diz muito sobre a sonoridade e estética do álbum. Neste disco sou eu, Theodoro Nagô, com minha música preta enraizada e pop ao mesmo tempo, sendo acompanhado por quatro músicos que tem o jazz como uma de suas principais referências. É interessante e importante dizer que este disco foi gravado de forma “ao vivo”. Entravamos no estúdio, entendíamos as formas e fazíamos valer. Do jeito que era feito “nas antigas”, acredito em sua singularidade exatamente por isso. As inspirações estão nos temas cotidianos, escrevo sobre tudo o que vivo.
Conheci o crowdfunding através de um amigo há uns 2 anos e desde então vinha pensando em financiar o meu projeto através dessa ferramenta. Posso dizer que foi muito trabalhoso, pois corri atrás de cada centavo desse projeto e ele só se tornou possível por conta das pessoas que acreditaram e sonharam junto comigo. Com o projeto concluído posso afirmar: isso funciona, é um caminho para as iniciativas culturais e eu faria tudo novamente.
EO: O que o público pode esperar do show?
TN: Quem for verá um Theodoro Nagô vibrante, engajado, sincero, singelo e sutil. Este disco é a síntese do que sou e sinto neste momento.
o que: | Theodoro Nagô |
quando: |
11 de fevereiro, às 20h |
onde: |
Sesc Sorocaba | Rua Baraão de Piratininga, 555 | 15 3332-9933 |
ingressos: |
R$ 6 (Credencial Plena) | R$ 10 (meia) | R$ 20 (inteira). |