Postado em 04/12/2015
Quando se fala em jogos eletrônicos ou jogos para computador, é comum associar essas expressões a jogos onde elementos visuais predominam, os chamados "video games". Há porém uma outra categoria de jogos eletrônicos, desenvolvida praticamente em paralelo aos "jogos visuais", chamada "audiogames", que se tornaram populares principalmente entre pessoas cegas ou com baixa visão. Para falar sobre audiogames, o Sesc Campinas recebe no dia 5 de dezembro Beto Ferreira, especialista em tecnologia assistiva, que irá discorrer sobre o funcionamento desses jogos, numa vivência que busca sensibilizar o público para as possíveis formas como os deficientes visuais "enxergam" o mundo. A programação faz parte da Semana Inclusiva e tem entrada gratuita.
Beto entrou no mundo dos audiogames de maneira despretenciosa. Ele conta: "Foi em 2008 durante o carnaval, quando passei as férias no interior de São Paulo, na casa de um amigo também cego. Para nos divertir, começamos a pesquisar sobre audiogames em inglês e alemão... e fizemos o download de alguns títulos para jogarmos. A partir dessa experiência, surgiu a ideia de traduzir os jogos para o português. Entramos em contato com os desenvolvedores para saber mais sobre questões relacionadas a direitos autorais, código-fonte etc. Todos foram muito solícitos e forneceram de graça o que necessitávamos para levar o projeto adiante, com a condição de que os jogos deveriam ser disponibilizados gratuitamente."
Nessa toada foram traduzidos os três primeiros títulos: Top Speed (corrida de automóveis), Audio Disco (arremesso de discos) e Dark Destroyer, com temática de batalhas interestelares. Pode parecer estranho pensar num jogo de corrida de automóveis para cegos, mas Beto explica como a mágica funciona: "Toda informação visual apresentada num video game, se transforma em informação sonora no audiogame. Num jogo de corridas, por exemplo, como é possível saber se o automóvel vai para a direita ou esquerda? Através do deslocamento do som nos fones de ouvido, ora para a esquerda, ora para a direita, ou seja, a referência espacial da visão é transferida para a audição."
A recepção do trabalho realizado por Beto e seus colegas surpreendeu os desenvolvedores estrangeiros, que consideraram a qualidade de interpretação dos brasileiros superior ao trabalho original: o equivalente a uma dublagem ambientada.
Quer saber como um audiogame funciona? Confira um trecho de "Dark Destroyer" a seguir:
Após essa demonstração, fica fácil perceber como os sentidos da audição e tato são fundamentais para pessoas com problemas de visão utilizarem o computador. É exatamente esse aspecto que Beto pretende destacar, ao propor uma dinâmica que permitirá aos participantes vivenciar como os cegos utiizam tais sentidos, de maneira eficaz, para se orientar no dia a dia ou para se divertir.
Para saber mais:
Blind Games Brasil
Audio Games.net (em inglês)
Tecnologia Assistiva
o que: | Clínica de Audiogames |
quando: |
5 de dezembro |
onde: |
Sesc Campinas | Rua Dom José I, 270/333 , Bonfim (19) 3737-1500 |
ingressos: |
Grátis. |