Postado em 30/09/2015
EXPOSIÇÕES COM ARTISTAS DE FORA DO CIRCUITO TRADICIONAL AMPLIAM OLHARES E REPERTÓRIOS DO PÚBLICO
Quais os novos artistas que despontam no Oriente Médio? E na África, no Leste Europeu e no interior de São Paulo? Em geral, responder a essas questões não é fácil, já que os circuitos artísticos tradicionais não costumam alcançar essas produções. No entanto, na contramão disso, diversas instituições e curadores têm escolhido trilhar o caminho da renovação, com exposições que levam ao público novos artistas e obras.
Um exemplo é o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, evento que ocorre de outubro a dezembro deste ano com obras selecionadas por meio de uma chamada. Esse tipo de seleção possibilita que artistas ainda não inseridos nos circuitos tradicionais das artes se tornem conhecidos pelos curadores e pelo público. “Para ter uma ideia da eficácia dessa estratégia, este ano recebemos mais de 3 mil inscrições de 118 países, alguns deles difíceis de identificar no mapa”, conta a diretora e curadora da Associação Cultural Videobrasil, Solange Farkas.
Por meio de viagens regulares de pesquisa, participação em bienais, festivais e visita a ateliês, a equipe do Videobrasil também estreita contato com artistas de regiões fora do circuito padrão das artes, como Angola, Mali, Nigéria, Senegal, África do Sul, Marrocos e região do Caribe. “Isso amplia cada vez mais as nossas relações e favorece um network colaborativo com instituições e indivíduos por meio da participação em encontros e plataformas de trocas e intercâmbios”, afirma a curadora.
Tão importante quanto a difusão dessa produção é a ampliação do acesso do público ao trabalho desses artistas, completa Solange. “Além do Festival, que ocorre a cada dois anos, realizamos em parceria com o Sesc uma série de ações de pesquisa, difusão e mapeamento da nossa coleção de vídeos, como exposições internacionais, mostras itinerantes pelo Brasil e exterior, programas de residência artística, publicações, programas de TV e documentários”, detalha. “Todas essas ações contribuem para a formação de novos públicos, aliadas à realização de atividades como encontros e conversas com artistas, curadores e pesquisadores – que estimulam a reflexão sobre as obras e temas da curadoria em relação aos contextos locais –, oficinas e seminários em diálogo constante com diversas áreas do conhecimento.”
Outra iniciativa é o Breu, que ocorre até dezembro no Sesc Rio Preto. Para Danilo Oliveira, curador da exposição Cidade Inquieta, que integra a programação do evento, é uma oportunidade de as pessoas conhecerem possibilidades que sempre estiveram próximas. “O que consideramos consolidado, em geral, é o que parece se inserir com mais abrangência no sistema e no mercado. Podem-se encontrar artistas fortemente consolidados em seu fazer não somente dentro estruturas”, diz. “É muito mais sobre o que olhamos, não sobre o que está oculto.”
O curador também chama a atenção para a importância de se valorizarem artistas locais. “Quando cheguei a São José do Rio Preto pela primeira vez, me deparei com uma produção artística muito fluida, apontando para diversas direções”, recorda. “Uma exposição acontece em um lugar físico, em um espaço arquitetônico, geográfico e social do mundo. As relações estéticas se dão no espaço simbólico e são articuladas com a memória local. Isso também deve ser levado em conta.”
Da REPÚBLICA DO MALI ao INTERIOR PAULISTA
COM DIFERENTES LINGUAGENS, EVENTOS ESTIMULAM A DIVERSIDADE NA CENA ARTÍSTICA
• 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil/Panoramas do Sul – Sesc Pompeia - 6/10 a 6/12
Com um recorte da produção cultural do Sul Geopolítico com base nas questões históricas, políticas, sociais e humanitárias, o Festival conta com exposições, performances, encontros, seminários e ações educacionais. O Sesc Pompeia, principal espaço do 19º Festival, recebe as exposições Panoramas do Sul | Artistas Convidados e Panoramas do Sul | Obras Selecionadas. A primeira, com artistas como Gabriel Abrantes (Portugal) e Abdoulaye Konaté (República do Mali), traz temas como os efeitos do imperialismo e do colonialismo, a formação identitária, os trânsitos globais e a relação cultura/natureza. A segunda, instalada na área de convivência, apresenta trabalhos em vídeo, foto, pintura, gravura, performance e instalação de 53 artistas e grupos de 22 países.
• BREU - Sesc Rio Preto - 15/10 a 20/12
Com cerca de 100 atrações, a programação da quarta edição do BREU aborda as inquietudes urbanas e a relação do ser humano com a cidade. A partir das criações de artistas, articuladores culturais e iniciativas populares, o evento propõe olhar para as inquietudes urbanas em uma programação que conta com artes visuais, teatro, dança, música, literatura e atividades formativas. A exposição Cidade Inquieta, aberta em 15 de outubro, reúne trabalhos de mais de 15 artistas que provocam conexões entre o território da arte contemporânea e popular. Além deles, 15 artistas locais integram um Laboratório de Autocuradoria.
• 26ª Mostra de Arte da Juventude – Sesc Ribeirão Preto - 21/11 a 31/12
Criada em 1989 com o objetivo de estimular os jovens artistas, a mostra foi inicialmente direcionada aos universitários de Ribeirão Preto configura-se como um importante projeto de estímulo à produção artística emergente no interior paulista. Na 26ª edição, a mostra seleciona e premia artistas entre 15 e 30 anos escolhidos por uma Comissão de Seleção. Além da premiação, o Sesc Ribeirão Preto promove, em abril de 2016, uma exposição com as obras dos artistas participantes.