Postado em 25/09/2015
Assista no player abaixo os vídeos das mesas dos dois dias de Seminário
Nos dias 27 e 28 de outubro de 2015 acontecerá no Sesc Ipiranga o seminário “Variações do Corpo Selvagem – Em torno do pensamento de Eduardo Viveiros de Castro”.
O evento reunirá antropólogos e pesquisadores de outras áreas, especialmente do campo artístico, com o objetivo de analisar o alcance da obra de Eduardo Viveiros de Castro e sua teoria no pensamento contemporâneo.
Além do próprio Viveiros de Castro, responsável pela conferência de encerramento, estão confirmados Patrice Maniglier, Bertrand Prévost, Tânia Stolze Lima, João Camillo Penna, Alexandre Nodari, Marília Librandi-Rocha, Roberto Zular, Pedro Neves Marques, Flávia Cera, Frederico Coelho, Renato Sztutman, Pedro de Niemeyer Cesarino, José Miguel Wisnik, Idelber Avelar e Marco Antonio Valentim.
O seminário integra a programação paralela à exposição “Variações do Corpo Selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo. Com curadoria do escritor e crítico literário Eduardo Sterzi e da escritora e crítica de arte Veronica Stigger, a mostra exibe, até 29 de novembro, cerca de 400 registros fotográficos feitos pelo antropólogo, além de ampla programação com apresentações artísticas.
Vagas esgotadas.
Devido à grande procura pelo Seminário, ele será transmitido ao vivo neste espaço.
Programação sujeita à alteração.
10h30 às 12h30 - Mesa 1: Aproximações ao perspectivismo
O que traz de novo o perspectivismo ameríndio, tal como teorizado por Viveiros de Castro, para a Antropologia, seu campo de origem, mas também para as demais ciências humanas? Viveiros de Castro, também filósofo? Viveiros de Castro, pensador político?
com
Patrice Maniglier - Professor do Departamento de Filosofia da Université Paris Ouest. Publicou, entre outros, Le Vocabulaire de Lévi-Strauss (2002), La vie énigmatique des signes, Saussure et la naissance du structuralisme (2006), La Perspective du Diable. Figurations de l’espace et philosophie de la Renaissance à Rosemary’s Baby (2010) e, com Dork Zabunyan, Foucault va au cinéma (2011).
Tânia Stolze Lima - Professora de Antropologia da Universidade Federal Fluminense; mestre e doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional/UFRJ. Além de diversos artigos é autora de Um Peixe Olhou para Mim: o Povo Yudjá e a Perspectiva (São Paulo: Ed. da Unesp/ISA, 2005). Desde 1984 desenvolve pesquisa junto ao povo Yudjá do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso.
Renato Sztutman - Professor do Departamento de Antropologia e pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios, ambos da Universidade de São Paulo. É autor do livro O profeta e o principal (Edusp/Fapesp, 2012) e organizador da coletânea Eduardo Viveiros de Castro: entrevistas (Azougue Editorial, 2008). Publicou variados artigos e ensaios em revistas acadêmicas e não acadêmicas. Suas principais áreas de pesquisa são etnologia e história dos povos indígenas das terras baixas sul-americanas, antropologia política e antropologia & cinema. Entre 1997 e 2006 foi fundador e integrante do coletivo editorial da revista Sexta Feira.
12h30 às 14h: almoço
14h às 16h - Mesa 2: Outras formas do humano
Confrontados com o perspectivismo ameríndio, os limites assinalados pelo pensamento ocidental para uma definição do que é – e do que não é – humano são fortemente abalados. O perspectivismo é um antropomorfismo – isto é, o contrário de um antropocentrismo. Se tudo é humano, a própria concepção de humanidade se modifica radicalmente. “Se tudo é humano, então tudo é perigoso.”
com:
Marco Antonio Valentim - Doutor em filosofia pela UFRJ (2007), com estágio pós-doutoral no Museu Nacional do Rio de Janeiro (2013). Desde 2006 é professor de filosofia na UFPR. Autor de estudos sobre história da filosofia moderna, desenvolve atualmente pesquisa em metafísica comparativa, articulando concepções modernas com ideias ameríndias transmitidas pela etnologia. Pesquisador do SPECIES – Núcleo de Antropologia Especulativa (UFPR, 2015).
José Miguel Wisnik - Professor de literatura brasileira na USP, ensaísta e músico. Escreveu, entre outros livros, O som e o sentido – Uma outra história das músicas (1989), Sem receita – Ensaios e canções (2004), Veneno remédio – O futebol e o Brasil (2008). Entre seus CDs de canções estão José Miguel Wisnik (1993), Pérolas aos poucos (2004), Indivisível (2011) e Ná e Zé (2015). Fez trilhas para cinema, teatro e dança.
Idelber Avelar - Professor Titular de Literaturas Latino-Americanas na Universidade Tulane, em Nova Orleans. Seus livros mais recentes são Transculturación en suspenso: Los orígenes de los cánones narrativos colombianos (Caro y Cuervo, 2015) e Crônicas do estado de exceção (Azougue, 2014). Também é o autor de Figuras da violência: Ensaios sobre ética, narrativa e música popular (UFMG, 2011) e Alegorias da derrota: A ficção pós-ditatorial e o trabalho do luto na América Latina (UFMG, 2003). Entre seus prêmios se contam o Kovacs Award, da Modern Language Association, e o do Itamaraty, no concurso internacional de ensaios sobre Machado de Assis. Seus ensaios sobre literatura latino-americana e teoria literária aparecem regularmente em revistas especializadas da Europa e das Américas.
16h às 16h30: intervalo
16h30 às 18h - Mesa 3: Culturas e contraculturas
Nas suas fotografias, Eduardo Viveiros de Castro documentou manifestações culturais ameríndias (Kulina, Yawalapiti, Yanomami, Araweté), sobre as quais também construiu sua obra antropológica, assim como manifestações contraculturais urbanas (Hélio Oiticica, Ivan Cardoso). Trata-se, aqui, de refletir sobre o pensamento teórico de Viveiros de Castro à luz de suas possíveis relações com as experiências da contracultura.
com:
Frederico Coelho - Professor de graduação em Literatura e Artes Cênicas no Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, ambos da PUC-Rio. Entre artigos, ensaios e organização de obras, publicou Eu, brasileiro, confesso minha culpa e meu pecado – cultura marginal no Brasil das décadas de 1960-1970 (Civilização Brasileira, 2010) e Livro ou Livro-me – Os escritos babilônicos de Hélio Oiticica (1971-1978) - EdUERJ, 2010.
João Camillo Penna - Professor de teoria literária e literatura comparada na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autor, dentre outros, de Parador (poesias, 2011), Escritos da sobrevivência (2013), e coorganizador de Comunidades sem fim (com Ângela Maria Dias, 2014), e Modos da margem (com Alexandre Faria e Paulo Roberto Tonani, 2015).
Flávia Cera - Psicanalista, doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina com tese sobre a arte experimental-ambiental de Hélio Oiticica.
18h45 às 19h30: Conferência final do primeiro dia, Déborah Danowski com "Nós, humanos... E daí?".
20h: Performance “Desconstrução do processo de criação de Cia. Livre canta Kaná Kawã”, com a Cia. Livre (participação especial da Cia. Oito Nova Dança)
Mesa 4 - 10h30 às 12h30: A literatura e o perspectivismo
O diálogo entre antropologia e estudos literários não é novidade, tendo conhecido seu apogeu à época do estruturalismo. Nos últimos anos, o perspectivismo ameríndio, tal como teorizado por Viveiros de Castro, tem impulsionado uma retomada daquele antigo vínculo, propiciando leituras renovadas de autores como Oswald de Andrade e Clarice Lispector.
com:
Alexandre Nodari - Professor de Teoria Literária e Literatura Brasileira da Universidade Federal do Paraná. Seu doutorado versou sobre o conceito de censura, e seu mestrado, sobre a antropofagia oswaldiana, a respeito da qual tem vários trabalhos publicados. Cofundador do Species – núcleo de antropologia especulativa, atualmente pesquisa ontologias literárias e a relação entre o ficcional e o virtual.
Roberto Zular - Professor doutor de Teoria Literária e Literatura Comparada na Universidade de São Paulo. É coautor dos livros Sereia de papel – visões de Ana Cristina César (Eduerj) e Escrever sobre escrever – Uma introdução crítica à crítica genética (Martins Fontes). Organizou também o livro Criação em Processo – ensaios de crítica genética (Iluminuras). Desde 1993 dedica-se aos escritos de Paul Valéry e sua recepção entre os poetas brasileiros, o que o levou ao estudo da oralidade e da voz.
Marília Librandi-Rocha - Professora de literatura brasileira na Universidade de Stanford. Autora do livro Maranhão-Manhattan - Ensaios de Literatura Brasileira (7 Letras, 2009) e organizadora da antologia Poemas-Vida (7 Letras, 2008). Coeditora da revista ellipsis, prepara a antologia de ensaios Transpoetic Exchange: Haroldo de Campos, Octavio Paz and other Multiversal Dialogues, e está escrevendo o livro Echopoetics: Writing by Ear and the Acoustic Novel in Brazil (A escrita de ouvido e o romance acústico no Brasil).
12h30 às 14h: almoço
14h às 16h - Mesa 5: Antropologia e arte
A obra teórica de Eduardo Viveiros de Castro tem sido especialmente influente no campo da prática artística e da reflexão sobre as artes. Propõe-se aqui uma reflexão sobre essas duas dimensões da intersecção entre antropologia e arte.
com:
Bertrand Prévost - Filósofo e historiador da arte, é professor na Université Michel de Montaigne – Bordeaux 3. Entre suas publicações estão La Peinture en actes, Gestes et manières dans l’Italie de la Renaissance (2007) e Botticelli Le manège allégorique (2011).
Pedro de Niemeyer Cesarino - Professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. Publicou, entre outros, Oniska – poética do xamanismo na Amazônia (Perspectiva/Fapesp, 2011) e Quando a Terra deixou de falar – cantos da mitologia marubo (Editora 34, 2013).
Pedro Neves Marques – Artista e escritor (Lisboa, Portugal). É o editor da antologia sobre Antropofagia em língua inglesa The Forest and the School / Where to Sit at the Dinner Table? (2014) e do livro de ficção O Processo de Integração (2012). É editor-convidado do número especial da revista e-flux, Supercommunity, para a 56ª Bienal de Veneza (2015). Entre outros, expôs em e-flux (Nova Iorque), Sculpture Center (Nova Iorque), 12ª Bienal de Cuenca (Cuenca), Fundação EDP (Lisboa), Museu de Serralves (Porto), e no Doc Lisboa Festival Internacional de Cinema e Festival Indie Lisboa (Lisboa). Vive em Nova Iorque, EUA.
16h às 16h30: intervalo
16h30 às 18h - Mesa 6: Conferência de encerramento com Eduardo Viveiros de Castro
Eduardo Viveiros de Castro, a partir da exposição, refletirá sobre os nexos entre fotografia, antropologia e arte.
19h: Performance "Sagração do Urubutsin"
19h – 20h: Lançamento do livro "Metafísicas Canibais" (Eduardo Viveiros de Castro) – Editora Cosac&Naify
Com uma escrita erudita, poética e ao mesmo tempo militante, inventiva e mordaz, Eduardo Viveiros de Castro define este Metafísicas canibais como a resenha de um livro imaginário que jamais será capaz de terminar: O Anti-Narciso. O objetivo dessa obra inexistente seria ilustrar a tese de que antropologia é uma versão das práticas de conhecimento indígenas que lhe serviram de estudo. O perspectivismo ameríndio é exemplo de como o estilo de pensamento nativo afeta a imaginação antropológica. Duas obras fundamentais, da filosofia e da antropologia, são os pilares de sua reflexão: O Anti-Édipo de Deleuze e Guattari e as Mitológicas de Claude Lévi-Strauss. O livro reúne parte significativa da produção do autor desde a publicação de A inconstância da alma selvagem, e apresenta uma formulação atual de sua teoria sobre o perspectivismo, que o consagrou no Brasil e fora dele.
Leia mais sobre o projeto em matéria publicada na EOnline
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