Postado em 18/09/2015
Uma das atividades mais concorridas no Festival da Integração é o passeio à Praia de Itaguá, onde é apresentado o que ainda resta da cultura Caiçara, o guia Cadu apresenta algumas casas e histórias dessa comunidade. O que se viu também por aqui nesta sexta, 18/9, foi a superação de alguns paradigmas no esporte.
A Eonline acompanhou o passeio até a Praia de Itaguá – na comunidade Caiçara, que os participantes do Festival da Integração puderam fazer em dois horários, às 9h e às 15h. Em uma pequena viagem de ônibus de aproximadamente 30 minutos, o guia Cadu de Castro – organizador desse passeio há 5 anos – aproveitou o trajeto para contar detalhes sobre a Cultura Caiçara baseando-se, sobretudo, nos relatos do mais antigo morador da comunidade: o senhor Doca, de 95 anos. Cadu explica que a figura do Caiçara seria como uma mistura daquele que está entre “a pesca e a roça” em suas atividades, e que descende da miscigenação de índios, portugueses e negros. O termo Caiçara vem do tupi e significa ‘cerca/defesa feita de pau’ - que os índios habitantes do litoral utilizavam como forma de se proteger dos conflitos com outras tribos.
Chegando à comunidade, os idosos visitaram a capela de Sant’Anna – construída pelo senhor Doca há 50 anos, onde Cadu contou, entre muitas histórias, sobre a função do antigo morador no processo da pesca: o de ‘espia’ - pessoa responsável por reconhecer o tipo de cardume e a rede certa a se utilizar.
Além da Capela e de uma rápida visita a praia de Itaguá, o grupo também passou por duas casas de moradores locais que possuem detalhes bem peculiares. A casa da Noêmia e do Baiano tem paredes repletas de conchas recolhidas da praia – obra dela que demorou 17 anos para ser concluída, e a casa do senhor Hiroshi, cheia de decorações feitas de materiais recicláveis – incluindo lanternas de lata de alumínio, semelhantes às famosas lanternas orientais, que remontam sua descendência japonesa. Após tomar o delicioso sorvete na casa do Hiroshi – dica do Cadu, o grupo retornou ao ônibus cheios de memórias Caiçaras, se tornando replicadores e preservadores também dessa história.
As lanternas japonesas na casa de Hiroshi | Foto: V.Naka/Sesc
De volta ao Sesc Bertioga, no período da tarde, os idosos puderam quebrar alguns paradigmas em relação ao esporte. Se o tema desse ano: “Ainda somos os mesmos?” tem inspiração na canção de Belchior “Como nossos pais”, que foi consagrada na voz de Elis Regina, outra música dessa dupla pode explicar bem essa questão. Diz-se na canção “Velha roupa colorida”:
“Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo.
Que uma nova mudança, em breve, vai acontecer.
O que algum tempo era jovem novo. Hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer.”
Barreiras invisíveis como a ideia de que “velho só pode fazer determinados esportes” são quebradas a cada demonstração de que sim, eles podem, eles fazem. Tais preconceitos antigos foram quebrados no Surfe lá na praia e na atividade de Lutas no ginásio, onde eles praticaram movimentos básicos do boxe. Como estamos no Festival da Integração, o exercício continha uma sequência de revezamento para duplas um pouco diferente: JAB – o clássico soco com a mesma perna de apoio para controle da distância, DIRETO – para um golpe potente – e... um ABRAÇO no colega.
Jab, Direto e Abraço | Fotos: V.Naka/Sesc
Assim, pudemos ver que algumas memórias podem e devem ser preservadas, como a tradição cultural Caiçara, importante em regiões litorâneas como Bertioga, enquanto outras memórias sociais, regidas por conceitos pré-estabelecidos, devem ser enfrentadas em nome de uma mudança que abra mais possibilidades para o bem estar, saúde e de integração dos idosos na sociedade. Ideias antigas se vão, ideias novas nos rejuvenescem.
RAPIDINHAS MUSICAIS DO FESTIVAL: Hoje o ritmo da música na Capela foi de Fado português e show no restaurante perto do almoço foi teve embalos dos anos 80.
Confira no vídeo e no álbum de fotos alguns momentos dessa sexta:
Leia aqui as outras histórias desta edição do Festival da Integração
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O Festival da Integração é um evento que acontece duas vezes no ano, reunindo idosos frequentadores das Unidades do Sesc em São Paulo, com a finalidade de consolidar as ações permanentes desenvolvidas através do Programa Trabalho Social com Idosos – TSI. Durante os dias do Festival, é oferecida uma programação especial que fortalece os objetivos da ação do Sesc junto a esta população. Além de usufruírem das instalações e ambientes do Sesc Bertioga, os idosos têm a oportunidade de participar de atividades de várias modalidades e linguagens, tanto esportivas, de lazer, como artísticas. No ano de 2015, o objetivo central é a reflexão sobre os papéis assumidos por nós ao longo da vida, percebendo se eles ainda nos cabem, se fazem sentido e refletem o que de fato somos.