Postado em 16/09/2015
Segundo dia e os idosos que participam do Festival da Integração continuam reinventando seus papeis sociais a cada momento, experimentando coisas novas, enfrentando velhos paradigmas e refletindo sobre sua importância em diferentes contextos.
Logo pela manhã, um grupo aceitou o bom desafio de estar às 7h para a prática de Tai Chi Chuan com o professor Mauro Miyasaki. Um pouquinho depois, lá pelas 9h, depois de um aquecimento animado na praia, a turma se dividiu em dois grupos: um foi fazer caminhada pela praia e o outro ficou nos jogos de bocha e câmbio – um vôlei adaptado onde a bola é arremessada.
Lá na Bocha tinha gente que frequentava a mesma unidade, mas ainda não se conhecia. Ester e Clotilde disputavam na ‘cancha’ – nome dado a pista de Bocha - ponto a ponto, até que a Clotilde resolveu mostrar porque já ostenta vários troféus da modalidade lá em Piracicaba e fez uma sequência de pontos encerrando o jogo. “Ela é boa mesmo”, disse Ester, indo beijar a mão da vencedora. Durante a conversa, Clotilde Annibal contou que lá em Piracicaba os homens não deixavam ela jogar Bocha ‘porque não é coisa de mulher’, mas Clotilde não deixou por menos - deitou no meio da cancha e falou: “Joguem aí, então!”, depois dessa e de muitas outras vitórias conquistou o respeito que merecera. A Ester logo compartilhou também uma história semelhante, nessa alguns diziam que “mulher no barco de pescador dá azar”, mas a Ester também não baixou a cabeça, queria pescar e pescou. Alugou com as irmãs um barco e passaram três dias no mar pescando e bebendo. Além dos estigmas em relação à velhice, enfrentam com força e bom humor o estigma da mulher frágil e reservada apenas a determinadas atividades.
Clotilde Annibal e Ester. Compartilhando suas histórias de força [Foto: V.Naka/Sesc]
Enquanto isso o Daniel de Araraquara assistia a turma jogando câmbio enquanto esperava a esposa que foi com o grupo da caminhada, disse que não a acompanhou porque não aguenta o pique, mas que agora eles estão fazendo hidroginástica juntos e sua condição física já está melhorando bastante.
À tarde um momento mais reflexivo, na vivência ‘Quem sou Eu na minha história?’ os idosos puderam lembrar e compartilhar entre si um pouco as histórias marcantes da vida, resgatando e pensando sobre seus papeis sociais e a força motivadora que impulsiona cada um deles. Refletir sobre esses papeis é pensar sobre a importância de cada um para os outros, para a sociedade, e para si também - como ser professora, bisavó, boa amiga, voluntária, quem cuida da mãe, cantora...cantora? Sim! A Teresa lá de Ribeirão Preto de 76 anos mostrou seu papel cantando. E se o papel social vem da relação que estabelecemos uns com os outros, ou seja , somos e temos múltiplas imagens para cada pessoa que conhecemos, a Teresa será lembrada entre muitas coisas, principalmente por ser a bela voz que encerrou a atividade emocionando a todos. Se emocione um pouquinho também:
RAPIDINHAS DO FESTIVAL: Os idosos puderam conhecer e praticar um pouquinho de um esporte diferente no Ginásio: o Beisebol! Ainda teve canoagem em duplas no Lago, oficina de microrroteiros, música na capela com violoncelo, violino e percussão, vivência de instrumentos feitos com argila, entre outras coisas. O dia terminou com o show da banda Sintonia Fina e Discotecagem. Confira no álbum um pouco de como foi essa quarta ensolarada no Festival da Integração 2015.
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O Festival da Integração é um evento que acontece duas vezes no ano, reunindo idosos frequentadores das Unidades do Sesc em São Paulo, com a finalidade de consolidar as ações permanentes desenvolvidas através do Programa Trabalho Social com Idosos – TSI. Durante os dias do Festival, é oferecida uma programação especial que fortalece os objetivos da ação do Sesc junto a esta população. Além de usufruírem das instalações e ambientes do Sesc Bertioga, os idosos têm a oportunidade de participar de atividades de várias modalidades e linguagens, tanto esportivas, de lazer, como artísticas. No ano de 2015, o objetivo central é a reflexão sobre os papéis assumidos por nós ao longo da vida, percebendo se eles ainda nos cabem, se fazem sentido e refletem o que de fato somos.