Postado em 14/09/2015
Exposição toma forma com a articulação de Danilo Oliveira, do coletivo Base V.
“A palavra articulador, para mim, substitui, com sobras, a palavra curador.”, afirma Danilo Oliveira, paulistano, artista plástico integrante do coletivo Base V e, como ele mesmo define, articulador cultural. “Entrei nesse meio pelo trabalho coletivo e, desde 1999, faço partes de grupos de artistas na cidade de São Paulo. O trabalho de curadoria em si foi a entrada nesse universo da articulação cultural, entender que o prazer pelo acontecimento artístico não necessariamente tem a ver só com minha produção autoral” – conta.
Desde maio, Oliveira vem demonstrando a consistência de sua autodenominação em uma série de workshops desenvolvidos no Sesc Rio Preto. Tratam-se dos encontros preparatórios para o BREU, evento que busca ativar a discussão em torno das inquietudes urbanas e do relacionamento do homem com a cidade. Nestes encontros com artistas de Rio Preto e região, acontecem discussões acerca da curadoria em projetos culturais, intermediações necessárias para a integração entre artistas e provocações que possam despertar olhares acerca da cidade em que vivem. “Um tema recorrente em minhas ações dos últimos anos é a cidade e a inserção da produção artística em seus diversos contextos. A forma como se reúnem os grupos tem muito a ver com a organização social do espaço, e olhar para esse espaço é olhar para nós mesmos. A autonomia da intervenção no espaço público me interessa” – revela.
Além desta série de atividades, Danilo Oliveira foi convocado pelo Sesc para mapear trabalhos locais e integrá-los à exposição Cidade Inquieta, um dos destaques da programação do BREU, que tem abertura no dia 15 de outubro. “Os temas que eu trouxe para o BREU trabalham ideias ligadas a coletivização da produção artística e sua inserção social ativa ou simbólica. Muitas conversas surgiram do próprio trabalho dos participantes, em bate-papos coletivos sobre a produção de cada um. Todo esse processo teve como objetivo gerar as quatro mini exposições que farão parte da Cidade Inquieta. A proposta de ser um ‘Laboratório de Autocuradoria’ busca criar novas forças críticas nos artistas, e, assim, gerar um corpo de trabalho que seja representativo dessa potência coletiva local, inserida no contexto da arte contemporânea” – explica. A exposição conta ainda com obras de artistas como Andrey Zignnatto, Cinthia Marcelle, Claudio Cretti, entre outros nomes já bem conhecidos no universo das artes plásticas e visuais.
Questionado sobre as relações estabelecidas nestes seis meses de trabalho em Rio Preto, Oliveira comemora: “Minha relação é de curiosidade, carinho e saudade. As relações desse processo todo são muito afetivas desde o começo. Tenho contato pessoal com cada artista envolvido e muitos já se tornaram grandes amigos, vínculos poéticos se tornam pessoais e vice-versa. Aproximar os artistas entre si e religá-los à cidade tem sido uma construção muito gratificante e que deixa marcas invisíveis, mas perenes, de todos os lados”.