Postado em 15/06/2015
Este texto empresta o título do livro de Renato Cohen (1956-2003), ex-professor do Instituto de Artes da Unicamp que trabalhou como técnico de programação no Sesc Pompeia nos anos 1980. “Performance como linguagem - Criação de um tempo-espaço de experimentação” foi lançado em 1989, pela Editora Perspectiva/Edusp.
O Projeto PERFORMANCE escolheu dividir uma tarefa similar à de Cohen no livro citado. Não só pela sua relação próxima com o Sesc São Paulo desde a década de 1980, mas também pelo fato de ter trabalhado e deixado um legado para a produção intelectual e artística na cidade de Campinas, onde ele realizou KA (um dos seus trabalhos mais marcantes em torno da performance).
Apesar de não ser a única e absoluta fonte de informações sobre a Performance no Brasil, podemos dizer que, quando falamos, escrevemos e praticamos a Performance, dialogamos com as bases conceituais estabelecidas pelas pesquisas de Cohen. A intenção delas, segundo o pesquisador, não foi definir (o que seria uma tarefa paradoxal), mas apontar a estrutura e a ideologia que estava por trás da expressão artística na época, e ao mesmo tempo, enfocar todo um riquíssimo universo de criação ainda parcialmente desconhecido do grande público no Brasil.
A seguir, destacamos em três tópicos, parte das inúmeras proposições de Cohen:
- Abordar a performance enquanto expressão cênica, no entanto, enfatizar sua característica anárquica e de, em sua própria razão de ser, procurar escapar de rótulos e definições, rompendo com a representação. A performance abriga artistas oriundos das mais diversas linguagens e incorpora no seu repertório manifestações das mais díspares possíveis. “Essa "babel" das artes (...) se origina da busca intensa de uma arte integrativa, uma arte total, que escape das delimitações disciplinares”.
- Numa classificação topológica, a Performance se colocaria no limite das artes plásticas e das artes cênicas: linguagem híbrida que guarda características da primeira enquanto origem e da segunda enquanto finalidade. Há também um tangenciamento com expressões que não são consideradas artes (ritos terapêuticos, intervenções, etc). A ideia é de resgatar a característica ritual da arte, tirando-a de "espaços mortos", como museus, galerias, teatros, e colocando-a numa posição "viva", modificadora.
- A Performance, como uma arte de fronteira, em seu contínuo movimento de ruptura com a "arte-estabelecida", acaba penetrando por caminhos e situações antes não valorizadas como arte. Da mesma forma, toca nos tênues limites que separam vida e arte. No seu papel de radicalidade, “é uma linguagem de experimentação, sem compromissos com a mídia, nem com uma expectativa de público” e nem com uma ideologia engajada e funciona como “vanguarda nutridora das artes estabelecidas”.
o que: | PERFORMANCE em Encontro |
quando: |
de 19 a 30 de junho |
onde: |
Sesc Campinas | Rua Dom José I, 270/333 , Bonfim (19) 3737-1500 |
ingressos: |
Grátis. |