Postado em 13/04/2015
Imagine o som de um globo terrestre se chocando e rolando pelo chão, o agudo de um sino preso a uma gaiola, latas, livros, louças sendo colocadas, todos arrastados e rearranjados pelo espaço. Pedaços e peças indecifráveis lançados ao solo, produzindo uma grande orquestra de sons e silêncios, marcados pelo contraste dos timbres ensurdecedores e reuniões caladas. Personagens de movimentos lentos e pouco convencionais, que têm seus rostos cobertos por poeira branca e expressões minimalistas.
Com influências da dança de Pina Bausch, da dramaturgia de Beckett e com fortes ligações à filosofia butô, a companhia francesa Kumulus traz o teatro para a rua em seu novo espetáculo Silêncio Ensurdecedor, no cenário da inquieta Praça da Sé, próximo ao Sesc Carmo. A apresentação também aconteceu no espaço externo do Sesc Campo Limpo.
Leia a declaração poética do diretor Barthélemy Bompard sobre o espetáculo:
"O mundo em que vivemos hoje mede a si próprio
contra um modelo de rentabilidade e eficiência.
O capitalismo atropela qualquer coisa que
não acompanha o passo,
livrando-se dos fracos e inúteis.
Um deserto de homens reduzido a detritos.
Estilhaçados, empoeirados e desgrenhados.
Homens humilhados. Esfarrapado e rasgado.
Atormentados, homens esfolados, caídos aos pedaços.
Homens deteriorados, mercadorias danificadas.
Uma caixa de vergonha onde se mantém o silêncio.
Essa lixeira periférica onde empilhamos todos os nossos dejetos
humanos é um reino invisível, e ainda assim, sagrado.
Ninguém quer falar sobre este lugar,
não mais do que quanto queremos fazer alusão ao tema da morte.
É colado, como um todo, pelo silêncio.
E assim mundos paralelos se abrem antes de nós,
uma série de minúsculos micromundos,
mundos que constantemente são deslocados para trás e para a frente
com a maré de resíduos e coleções de lixo..."
o que: | Silêncio Ensurdecedor |
quando: |
14 de abril, às 16h |
onde: |
Praça da Sé | Marco Zero |
ingressos: |
Grátis |