Postado em 03/02/2015
Em um cenário de escassez de água, o rio Paraíba do Sul segue em pauta como a possível solução de fornecimento de água para as cidades abastecidas pelo sistema Cantereira. A transposição do rio, autorizada pela Agência Nacional de Águas no último dia 16 de janeiro, reascende algumas questões, como o seu processo de despoluição e os riscos para o abastecimento das cidades que atualmente já dependem do Paraíba do Sul.
Para estimular o debate sobre estes temas, o Sesc Taubaté realizou uma visita à Estação de Tratamento de Esgoto Taubaté Tremembé, monitorada pelo Técnico de Tratamento Sanitário Bruno Oliveira, que além de explicar passo a passo o processo de tratamento do esgoto, falou um pouco sobre a situação do abastecimento de água na região de Taubaté: “No Vale do Paraíba temos uma situação diferente da região metropolitana de São Paulo por que a captação de água é feita diretamente do rio, que ainda mantém uma quantidade de água suficiente para o consumo. Porém, já é notável que o volume do Paraíba do Sul também está diminuindo e, com a iminência da transposição, temos que ficar atentos a necessidade de reduzir o consumo de água por aqui também”.
A estação, inaugurada em 2010, caracterizou um passo fundamental para o processo de despoluição do rio Paraíba do Sul, colocando as cidades de Taubaté e Tremembé no mapa dos municípios com mais de 90% do esgoto tratado, o que atualmente representa um total de 400 litros de esgoto recebido por segundo.
Como o esgoto deixa de poluir?
O tratamento realizado na estação é uma reprodução potencializada do processo natural de limpeza da água, por meio da ação de micro organismos. Na primeira etapa, o esgoto bombeado pelas estações de elevação espalhadas pela cidade passa por uma filtragem feita por gradeamento em que tudo que não é biodegradável e tenha mais de 6mm é retirado e encaminhado para o aterro sanitário. Na sequência, é retirada a areia presente no efluente em um segundo tanque, do qual ela é sugada e também encaminhada para aterro sanitário. O próximo passo é adicionar a mistura escura, onde estão depositados os micro organismos que farão a decomposição dos resíduos. A esta mistura também é adicionado o oxigênio necessário para completar o processo.
Os últimos resíduos são retirados passando por dois poços de decantação e a água, já com aparência límpida, é devolvida ao rio Paraíba do Sul. De acordo com Bruno, a despoluição do rio já dá resultados positivos na vida da comunidade. “Há cinco anos, quando começou a operação do tratamento de esgoto ninguém pescava aqui; hoje sempre vemos pescadores nos arredores da estação”.
A participante Nilza Pinto Ferreira, de 74 anos, ficou impressionada ao conhecer os processos: “Eu sempre ficava imaginando para onde vai água depois que sai pelo esgoto; quase não dá para acreditar a forma como ela chega aqui na estação e como ela sai limpinha no final”.
Depois das avaliações técnicas e químicas, o indicador final é dado pela própria natureza. Na entrada do prédio administrativo, um aquário com dezenas de peixes é mantido com a mesma água despejada no rio, ao fim do processo de tratamento. “Se tudo está bem neste aquário, temos certeza de que a água não poluirá mais o rio”, afirmou o técnico.
A estação de tratamento está aberta para visitas de grupos. Para isso é necessário entrar em contato com a Sabesp para agendar uma data.
No dia 22 de fevereiro, o Sesc Taubaté realizará uma visita à Estação de Tratamento de Água (ETA) da cidade, onde é captada e tratada a água que segue para consumo nas residências. O passeio será seguido de uma corrida e caminhada no Parque Municipal do Vale do Itaim, promovendo a prática de atividade física em sintonia com a natureza.
Acompanhe a programação completa de Meio Ambiente no Sesc Taubaté.