Postado em 28/11/2014
Num país onde uma em cada cinco pessoas contaminadas pelo HIV desconhece a própria doença, o documentário Aids: As Respostas das ONGs do Mundo se propõe a discutir e conscientizar sobre a gravidade da questão
Embora a Aids continue assolando a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo, o tema somente volta a ser discutido em datas específicas, como o Carnaval e o Dia Mundial da Luta contra a Aids (1/12). Para se ter uma noção do quão grave ainda é a epidemia e a necessidade de conscientização, só no Brasil 720 mil pessoas estão infectadas pelo HIV e, destas, uma em cada cinco não sabe que é portador(a) do vírus*.
A iniciativa mostra que emergiram três perfis de risco: jovens de 16 a 24 anos, os homens acima de 50 e as mulheres com mais de 30 anos. Outro dado importante é que 8% dos jovens entrevistados até 24 anos declaram não usar preservativo. Dado reafirmado por outra pesquisa, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que revela que um terço dos rapazes e moças de 15 a 24 anos dispensa a proteção por completo.
Longe dos clichês sobre a doença, o CineSesc e o SescTV exibiram o documentário inédito Aids: As Respostas das ONGs no Mundo no dia 1/12. Dirigido por Pedro J. Duarte e com entrevistas e edição da jornalista Roseli Tardelli, a produção traz depoimentos de ativistas que participaram em julho da 20ª Conferência Internacional de Aids em Melbourne, na Austrália.
Participam do documentário representantes de países como Tonga, Argentina, Uganda, Indonésia, Quênia, Sérvia, Austrália, Zâmbia, Porto Rico, Cazaquistão, Nigéria, Coreia do Sul, Camarões, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Egito e Brasil, que contam suas relações com a doença, experiências, desafios, demandas e o trabalho que desenvolvem em seus países e comunidades para educar, conscientizar, prevenir a doença, além de reduzir o estigma causado pelo preconceito.
Essa diversidade de vidas e experiências é retratada na produção, que mostra também a multiplicidade de ações, já que entre os entrevistados estão portadores do vírus, cadeirantes, simpatizantes da causa, médicos e prostitutas que trabalham ao redor do mundo em programas relacionados à Aids.
A cura para a doença ainda é um sonho distante especialmente no continente africano, onde o contingente de órfãos, infectados e mortos cresce a cada dia. Mas a esperança figura como unanimidade de 9 entre 10 pessoas como a grande impulsionadora para as ações educativas e preventivas. “Meu sonho é um mundo sem Aids. Meu sonho é que toda mãe possa ter um parto sem HIV e Aids. Que tenhamos uma geração livre de HIV”, diz o sérvio Karlo Boras.
Aids: As Respostas das ONGS do Mundo foi ao ar no SescTV àeno CineSesc. A produção dimensiona o quanto ainda há por fazer a respeito da epidemia globalmente, no sentido de lutar contra o preconceito e a estigmatização das pessoas infectadas. Ao mesmo tempo, o documentário mostra o caminho das ações relevantes que se dispõem a conscientizar as novas gerações a respeito da doença, e como, sobretudo, é urgente possibilitar aos portadores do HIV o acesso aos medicamentos e às crianças infectadas o direito à vida.
*Dados de uma pesquisa recente que deu origem ao projeto Atitude Abril – Aids