Postado em 17/10/2014
A bailarina Marília Costa falou à EOnline sobre sua própria experiência no processo de cura da doença do câncer de mama, e reforçou a importância do auto-exame
Já imaginou, para uma bailarina que trabalha intensamente com o corpo, e expressa através dele sua arte, seu sentimentos, sua delicadeza e sensibilidade, como foi descobrir um câncer de mama?
“Era uma tarde de dezembro de 2012 quando fui diagnóstica com câncer de mama. Tinha apenas 28 anos e me lembro do que senti naquele momento: primeiro senti medo por não saber como seria o tratamento, mas em seguida vi nascer dentro de mim uma força até então desconhecida. E com ela segui durante todo o ano seguinte. Realizei a cirurgia para remover o tumor, fiz 16 seções de quimioterapia e 30 de radioterapia. E o que vivi em 2013? Um intenso processo de transformação, não apenas do meu corpo que mudou devido às medicações e à cirurgia, mas principalmente pelas inquietas reflexões e pelos questionamentos.
Vivi e senti a impermanência da vida. Me restava apenas viver um dia de cada vez; meu corpo parecia estar entrando em colapso e as reações da quimioterapia eram diversas. Eu venci cada etapa do tratamento, hoje carrego comigo algumas cicatrizes que não me deixam esquecer o que vivi. Perdi os cabelos, mas ganhei muitos amigos. Sei que muitos me acompanharam nessa jornada, e sou grata a cada um deles que de perto ou de longe tiveram um papel fundamental na minha recuperação. Sou grata principalmente à minha família que se manteve unida ao meu lado a todo instante.
Ter visto a morte de perto faz com que hoje eu aproveite cada segundo da minha existência, me traz a consciência de que realmente o amanhã não me pertence. Não sei ao certo “por quê” tive câncer, mas a cada dia descubro “para quê”. Eu venci essa doença e com ela aprendi que nada é mais importante do que amar, primeiro a mim mesma, depois a todos que estão ao meu redor. A vida é um estalar de dedos e enquanto o tambor em meu peito bater, eu devo festejar e agradecer... Sempre!”
Você sabia que a cor rosa simboliza mundialmente a luta contra o câncer de mama?
Segundo dados da OMS, a Organização Mundial de Saúde, o câncer de mama é o tipo mais recorrente entre as mulheres em todo o mundo. Mas é uma enfermidade que tem cura, por isso é fundamental que mulheres e homens tomem conhecimento de como identificá-la, para aumentar suas chances de cura e, assim, mudarmos esse quadro.
Com intuito de estimular e alertar mulheres e homens, o Sesc São Caetano propõe duas atividades no dia 22/out, quarta, às 19h30. O espetáculo Inquieta Razão, com Marília Costa, tem como propósito contar um pouco de sua própria história e experiência de cura a partir da metáfora das estações do ano, forma que a bailarina encontrou de alertar outras mulheres e, principalmente, de desmistificar o câncer. E Outubro Rosa, bate-papo com Marília e Thais Kubota – mastologista que vai falar um pouco sobre os cuidados da saúde da mama como o auto-exame, diagnóstico precoce e tratamento.
“Vejo essa doença como uma grande oportunidade de se encontrar, de rever paradigmas e de poder mudar padrões de conduta. Reviver essa história em cena não é uma tarefa fácil, mas vejo que é necessário”.
“Dançar a dor é desatar os nós e desaguar as más águas, é caminha em sua própria direção e sentir a música de seu coração. Um momento em que a razão e emoção se fundem na plenitude do agora” Marília Costa