Postado em 29/07/2014
Segundo esporte preferido dos brasileiros, o vôlei passou por adaptações, ganhou espaço na mídia e conquistou apreciadores pelo país
Criado em 1895 nos Estados Unidos, o voleibol chegou ao Brasil na década de 1920 sem pretensões de competir com a popularidade do futebol. Tanto que foi só nas três últimas décadas que ganhou destaque nas quadras e telas de TV do país. Hoje, segundo pesquisa da Deloitte, o esporte é o segundo favorito dos brasileiros, com 46% de preferência – atrás apenas do futebol, com 72%.
O professor Cristiano Mezzaroba, do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, explica que a popularização se acelerou a partir dos anos 1980. “Atualmente o vôlei é uma modalidade esportiva bastante presente na mídia, principalmente na televisão”, observa. “Essa ‘oferta’ acaba gerando uma procura e faz o voleibol ser bastante praticado no Brasil.”
Entre os motivos, Mezzaroba destaca dois: o fato de o vôlei ter conseguido espaço nas aulas de Educação Física e acontecimentos marcantes nas décadas de 1980 e 1990. Após conquistar a medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles em 1984, a seleção brasileira masculina venceu o Mundial de 1990 e levou medalha de ouro nas Olímpiadas de Barcelona, em 1992. “Isso impulsionou ainda mais o vôlei nacional, já que, na época, aquela foi a primeira medalha de ouro em esportes coletivos em uma Olimpíada”, lembra.
O professor Giovani Pires, do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, ressalta também as modificações nas regras do esporte. “Sobretudo para adequar a ‘gramática’ do voleibol à ‘gramática’ da televisão, em função do modelo de broadcasting, que precisava reduzir ao máximo a imprevisibilidade do tempo de duração de um jogo”, explica. Entre as alterações, uma das principais foi no sistema de pontuação. No modelo antigo, os jogos não tinham o tempo determinado, dificultando as transmissões ao vivo.
O voleibol é uma das modalidades que mais se modificaram para se adequar à linguagem televisiva, completa Mezzaroba. “Antigamente, saques não podiam tocar na rede e pernas ou pés não podiam ser utilizados”, exemplifica. “Não havia parada técnica no 8º e no 16º ponto. Hoje, para reposição dos jogadores e ajustes táticos há um tempo de 30 segundos, período exato de um comercial de TV.”
Além de conquistar o público torcedor, o vôlei também ganhou adeptos nas quadras. A instrutora de atividades físicas do Sesc Mônica Queiroz aponta que o jogo traz benefícios a pessoas de diferentes idades. “A prática regular dessa modalidade esportiva fortalece os músculos que são exigidos para a realização dos saltos, ataques e saques, auxilia no fortalecimento da estrutura óssea e também na obtenção de um bom condicionamento físico”, esclarece. Além disso, o esporte desenvolve agilidade, flexibilidade, coordenação motora, cooperação, sociabilização e motivação. “Por isso, o voleibol promove também a autoestima e, consequentemente, a qualidade de vida”, finaliza.
Para todas as idades
Da prática esportiva a encontros com atletas, o vôlei conquista a atenção do público de todas as idades
Seguindo a tendência nacional, o vôlei é também o esporte mais procurado nas unidades do Sesc em São Paulo, após o futebol. Da adolescência até a terceira idade, o público pode aproveitar diferentes atividades: há desde cursos de iniciação até clube de vôlei e encontros com jogadores.
“O que o Sesc procura é oferecer um leque de possibilidades, mesclando diversas práticas”, explica a assistente técnica da gerência de Desenvolvimento Físico-Esportivo do Sesc Regiane Galante. “Por ser uma atividade de expressão do país, a programação traz atividades permanentes, sendo uma das modalidades específicas para adolescentes, adultos e público com mais de 60 anos no Programa Sesc de Esportes.”
Além da prática nas aulas e no clube de vôlei, há jogos entre empresas. “O vôlei é um esporte democrático e promove muita integração. Na unidade de Araraquara, por exemplo, a prática do vôlei feminino começou após um grupo de funcionárias de uma empresa do comércio procurar o Sesc para jogar”, lembra Regiane. Ela destaca também os eventos em que o público pode trocar experiências com atletas – pelos quais já passaram os paratletas da Seleção Brasileira de Vôlei Sentado e outros esportistas, como Nalbert e Dante, campeões mundiais e medalhistas olímpicos.