Interior pujante
Um país só se desenvolve na sua plenitude se houver eqüidade
regional. Se no Brasil, a disparidade ainda é aguda, ao nos debruçarmos
sobre o Estado de São Paulo, parte de sua pujança financeira deriva
do fato de que os investimentos são distribuídos de forma descentralizada.
Nos últimos cinco anos, como apontam pesquisas da Fundação
Seade, dos cerca de 100 bilhões de dólares injetados no Estado,
apenas 32,5% se destinaram à região metropolitana da Grande São
Paulo. No rastro do dinheiro cria-se, fora da Capital, uma rede de produção
tecnológica e cultural que produz um círculo benfazejo, pois, cada
vez mais, investimentos e pessoal qualificado são atraídos para
o Interior do Estado. Esse processo está escudado na instalação
de infra-estrutura privilegiada e nos padrões de qualidade de vida que
despontam muito acima da média nacional.
A instalação de empresas de ponta abre muitas perspectivas para
o Interior: as bonomias vinculadas à atração do capital transformaram
totalmente o cenário idílico que vigorava até décadas
atrás. Assim, além de turvar a nostalgia idealista de alguns, o
novo panorama carrega alguns problemas práticos, como a escalada da violência,
antes restritos à Capital.
Ademais, se mal monitorado, o fluxo financeiro pode agravar o fosso social que
tanto nos envergonha. Torna-se essencial, portanto, no alvorecer desse novo século,
saber coordenar a difusão dos investimentos entre as várias regiões
do nosso Estado com a criação de políticas e ações
que arrefeçam a profunda desigualdade, empecilho fundamental para o desenvolvimento
do país.
Abram Szajman
Presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado de São Paulo