Postado em 24/06/2014
Entre junho e julho um assunto domina os bares, táxis, reuniões de família, encontros de amigos jornais e redes sociais: a Copa do Mundo de Futebol. No Sesc, não é diferente. O Sesc na Copa apresenta uma programação para refletir sobre o futebol e valorizar seus aspectos culturais.
Parte do projeto acontece online, com a publicação do "Visões da Copa", uma série de charges e crônicas sobre os jogos da Seleção Brasileira, publicadas nos dias seguintes aos jogos do Brasil ou após o final de cada rodada.
Acima, a charge feita pelo cartunista Cláudio. Abaixo, a crônica escrita pelo também cartunista Junião. Boa leitura!
Por Junião
“Garçom, por favor, quero comer um prato croata, o que você me sugere?”, perguntou Neymar ao desconfiado homem, gigante e corpulento, que aguardava o pedido com papel e caneta na mão.
Sem titubear, o nobre respondeu, educado.
“Nossa cozinha tem total influência mediterrânea, senhor, com pratos à base de carnes e massas, devido à nossa proximidade da Itália.” E o gigante garçom listou as opções que talvez agradassem ao nosso craque.
“Temos Pokolt, um guisado com molho de pimentão vermelho. Kulen, salsicha seca com molho picante. Carne de peru com azeite, o Krusnoj peci, e um cozido feito de peixes e batatas, o Brudet. Por fim, Prsut, um presunto bem próximo do parma, e Krvavice, chouriço feito de sangue de porco e arroz.”
Neymar franziu a testa. Achou tudo muito estranho, mas pensou que “é Copa, não dá para ficar escolhendo, não!”. Pediu a primeira opção e partiu para cima dos zagueiros. Driblou, chutou, e balançou a rede duas vezes. No começo foi difícil, mas traçou dois pratos, agradeceu a recepção e saiu feliz. Oscar também passou por lá depois e bateu um prato com biquinho.
A próxima refeição teria menu mexicano. Esse nosso craque conhece bem, por ter tido enfiada goela abaixo uma derrota apimentada nas Olimpíadas de 2012. E, depois, ter se refastelado em amistosos e na Copa das Conferederações no ano passado. Foi logo pegando o cardápio. “Por favor, quero chili de carne com feijão, tacos mexicanos, guacamole, salada mexicana e um flan de canela de sobremesa.”
O garçom olhou meio desconfiado, achou o pedido exagerado, mas seguiu o procedimento. Soa o apito, Neymar corre, dribla, chuta, cabeceia e nada. Gesticula, muda de posição, parte para cima. Nada. A bola não entra. O garçom volta com uma expressão de fanfarrão e diz: “Desculpe, meu craque, mas o goleiro Ochoa passou por aqui antes de vocês e fechou a cozinha só para ele!”. Neymar sai do restaurante zangado e com fome.
Como última chance de refeição nesta fase, restaurante camaronês. Portas se fechando. Era preciso conseguir uma refeição saborosa ou no mínimo um lanchinho de empate para enganar o estômago e seguir viagem – a outra opção seria interromper a aventura e voltar para casa. Mas o que parecia difícil mudou de rumo. Restaurante aberto, Neymar delicia-se com dois camarões, um servido pelo garçom Luiz Gustavo e outro pelo maître David Luiz. Fred também chegou, sentou-se à mesa, ajeitou o bigode e bateu o seu parrudo camarão. Fernandinho fechou o pedido, o prato veio de carrinho.
O restaurante das oitavas de final é chileno, velho conhecido pelas bandas de cá. A torcida já se instalou e pediu várias empanadas. Mas todo cuidado é pouco, pois é comum esse prato vir quente e queimar a língua dos desavisados. Torço para que nossos craques sentem à mesa com serenidade, façam uma refeição sem destemperos e saiam sorrindo e de barriga cheia. Bom apetite!