Postado em 02/06/2014
Das crônicas futebolísticas de Nelson Rodrigues e o potencial socioeducativo do futebol aos estigmas e preconceitos muitas vezes reforçados nos campos de futebol – e por que não nas torcidas organizadas? É assim que queremos trazer para a discussão o que já está em pauta nesse mês de Copa do Mundo: o futebol no Brasil. Uma reflexão sobre as dimensões culturais e políticas dessa prática esportiva é a proposta do ciclo “Futebol, Cultura e Política”, composto por cinco encontros independentes que acontecem em junho, no Centro de Pesquisa e Formação.
Racismo, xenofobia e homofobia no futebol é o tema do primeiro debate, que ocorre no dia 6 de junho. A ideia é analisar as atitudes preconceituosas que ainda hoje se expressam tanto em brincadeiras e comentários depreciativos sobre um ou outro atleta estrangeiro, quanto em homofobia e racismo explícitos - seja entre jogadores ou entre membros das torcidas (organizadas ou não).
Já no campo das manifestações culturais, propomos uma conversa sobre O futebol brasileiro sob a ótica das linguagens artísticas no dia 11 de junho. Quantos filmes sobre futebol você consegue lembrar agora, rapidamente? A lista é imensa e vai desde “Linha de Passe” (2008), de Walter Salles, e o “O ano em que meus pais saíram de férias” (2006), de Cao Hamburguer, a “Boleiros – Era uma vez o Futebol...”(1998), de Ugo Giorgetti. Se vasculharmos outras artes, lembraremos ainda que o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu diversas crônicas futebolísticas - que foram organizadas e publicadas posteriormente em “À sombra das chuteiras imortais” e “A pátria em chuteiras”.
A trajetória conceitual da construção da "cara" do povo brasileiro está diretamente ligada ao futebol, um esporte que foi criado na Inglaterra, mas literalmente apropriado por nós, a ponto de nos transformarmos em "Pátria de Chuteiras", passando antes pelo "Complexo de vira-latas” - uma expressão do próprio Nelson Rodrigues. Ao mesmo tempo, a mídia constantemente reproduz narrativas que reforçam essa associação entre a “paixão nacional” e a noção de brasilidade. Se você se interessou pela discussão sobre a Representação da identidade nacional no jornalismo esportivo, não perca o debate do dia 13 de junho.
No atual contexto da realização da Copa do Mundo no Brasil não poderíamos deixar de nos debruçar sob As cidades como cenário para a Copa de 2014. No dia 18 de junho, será feita uma análise crítica da atuação do Estado atrelado a interesses políticos e econômicos privados no impacto das cidades-sede do megaevento.
Para finalizar, realizaremos uma discussão sobre A dimensão socioeducativa do futebol, no dia 25 de junho, para pensar as possibilidades de novas vivências e experimentações que a prática esportiva traz. A mesa abordará o seu potencial educativo e libertador, com base na experiência do Sesc e no uso do futebol no atendimento de adolescentes inseridos em medidas socioeducativas em meio aberto.