Postado em 07/03/2014
A paulistana Ná Ozzetti estrou na música junto ao Grupo Rumo, um dos pilares da vanguarda paulista no final da década de 70. Seu primeiro disco solo, lançado em 1988, recebeu o Prêmio Sharp de revelação feminina. Em mais de 30 anos de carreira, a cantora e compositora se firmou como uma das principais vozes femininas da música brasileira e neste mês, o Circuito Sesc de Música traz a cantora que apresenta seu décimo álbum em carreira solo "Embalar", um 'brinde às amizades musicais', como ela chama o trabalho se referindo aos amigos que participaram do CD como Tulipa Ruiz, Dante Ozzetti, Luiz Tatit, entre outros.
A cantora se apresenta no dia 8 de março no Sesc Osasco, dia 22 de março no Sesc Piracicaba e dia 27 de março no Sesc Taubaté.
Em entrevista a EOnline a cantora falou sobre suas referências musicais, a nova cena musical em SP e espaços que valorizam e estimulam a produção independente em São Paulo. Confira:
EOnline: Em entrevista à TV Cultura você disse que uma das principais influências do seu canto é da cantora Carmem Miranda. Quais características do canto dela você carrega para a sua carreira? Quais outros artistas acredita que foram referência para sua formação musical?
Ná Ozzetti: Sobre a Carmen Miranda, aprendi com ela a valorizar os detalhes. Acho genial a forma como ela dá vida e sentido às canções. Também a forma como desenvolveu um jeito de cantar os sambas, com toda graça e suingue. Sobre as minhas influências, foram muitas, algumas delas, Beatles, Milton Nascimento, Elis Regina, Nelson Cavaquinho, Adoniran Barbosa, entre outros.
EOnline: Como foi começar a carreira no Grupo Rumo e fazer parte da vanguarda paulista? Você carregou para a sua carreira solo um pouco da música experimental e do canto falado?
N. O.: Foi um começo de carreira marcante pra mim. Tenho orgulho de ter vivido isso e convivido com meus colegas de geração. Na minha carreira solo sempre mantive a ponte com essa origem.
EOnline: Acredita que hoje São Paulo ainda tem essa veia musical criativa? Quais nomes desta nova geração você acredita que se assemelham ao cenário alternativo de antigamente?
N. O.: Sim. Adoro a produção musical de SP. Tem bastante gente, Tulipa Ruiz, Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Iara Rennó, Anelis Assumpção, Rodrigo Campos, Romulo Fróes, são alguns nomes.
EOnline: O Lira Paulistana foi um marco para a vanguarda paulista. Qual espaço atual em São Paulo você acha que tem importância para a cena alternativa paulista?
N. O.: Depois que o Lira fechou, o Sesc foi a maior contribuição para o desenvolvimento da cena musical paulistana. Hoje estão surgindo casas bacanas como a Serralheria, a Casa de Francisca, Mundo Pensante, Casa do Núcleo.
EOnline: Você e Itamar Assumpção compuseram diversas músicas juntos. Você pode contar um momento marcante entre vocês?
N. O.: Todos os nossos momentos juntos foram marcantes. O Itamar era incrível. Produzia em tempo integral, não parava, e provocava!
EOnline: Como você enxerga o amadurecimento de sua carreira e seus álbuns? O que mudou na forma como compõe?
N. O.: O caminho do amadurecimento é natural. Não consigo ter o distanciamento para avaliar o que mudou no meu trabalho. Mas estou sempre pronta para mudar, experimentar.
EOnline: Sobre o álbum embalar, em entrevista você o definiu como um “brinde a suas amizades musicais”. Como veio a ideia de convidar tantos amigos para participar deste trabalho? Como foi o processo criativo do álbum?
N. O.: O disco foi criado em conjunto com a banda que toca comigo, Dante Ozzetti, Mario Manga, Sérgio Reze e Zé Alexandre Carvalho. No decorrer do processo me deu vontade de ampliar as possibilidades de timbres, incluindo as vozes. Então convidei algumas pessoas que admiro muito e que têm a ver com cada canção.