O imaginário do esporte em Arte Naif

Sete artistas naifs da região do Vale do Paraíba foram convidados pelo Sesc Taubaté para retratar os diversos cenários esportivos encontrados na região. O resultado deste trabalho é a exposição “A Prática Esportiva no Vale desenhada em Naif”, em que painéis com ampliações das obras ambientam os espaços da unidade

Trabalhar com o tema foi um desafio para todos os artistas, que buscaram dentro de seu imaginário e suas vivências o que a proposta remetia. As serras do Mar e da Mantiqueira, entre as quais a região de Taubaté está localizada, é uma referência recorrente nas obras.

A localização inclusive dá nome à obra “Entre Serras”, de Suely Rezende: “a primeira imagem que me veio foi a do paraglider, porém ao começar a pintar o fundo foram me surgindo mil possibilidades, cachoeira, caminhada, tirolesa, arvorismo, escalada, futebol, cavalgada, ciclismo...”.  A artista também vê no primitivismo uma sintonia com o tema abordado: “o esporte é algo dinâmico, e o quadro primitivista sempre tem que mostrar um movimento, ele não é um retrato, uma coisa parada”.

Descendo a serra do mar, Lea Rico e Rosana Simi retratam duas vertentes do Surf. Lea Rico, sempre prezando pela originalidade, buscou um esporte que ela ainda não tivesse retratado. “Eu pensei que precisava partir para algo novo, e me veio a imagem do surf”. E assim nasceu a tela “Pegando Onda”, onde a leveza dos tons azuis da água e a mata compõem um cenário imaginário. Para Rosana Simi a inspiração veio da sua convivência na cidade de Ubatuba desde a infância até os dias de hoje: “Ao pensar no tema eu já vi a praia de Itamanbuca, aquelas montanhas lindas, aquele mar azul e tudo mais que aquele cenário nos traz”.  Neste cenário, a artista retratou o surfe stand up, que tem conquistado muitos adeptos nas praias do litoral norte paulista. 

Em ano de copa do mundo, o futebol não poderia ficar de fora. O esporte é tema principal de três das obras criadas para a exposição. Além disso, 2014 também é o ano em que o Esporte Clube Taubaté completa cem anos de existência. Carlos Herglotz e Toninho Mendes fizeram suas homenagens ao clube taubateano. Na obra “Imaginário Paulista”, Carlos Herglotz relembrou a infância em que ia ao estádio assistir aos jogos e seus tios que jogaram pelo time: “eu trabalhei o personagem do jogador com referência às nossas figureiras e a visão da serra da Mantiqueira”. 

O apelido que o time de Taubaté recebeu quando perdeu o título de campeão da segunda divisão do campeonato paulista de 1954, por ter jogado com um atleta irregular, inspirou a obra de Toninho Mendes. Na ocasião, o time foi chamado de Burro da Central por uma importante revista esportiva da época e o apelido foi carinhosamente adotado por sua torcida. Nas palavras do pintor, a obra “Primeiro Centenário do Esporte Clube Taubaté", é “um quadro alegórico em que eu retrato o Burro da Central e o estádio Joaquim de Morais Filho”. Torcedor do Clube, o Toninho apropriou-se das cores azul e branco do escudo do time em sua tela. 

Na obra “Um Menino do Vale”, Maria Dalila representa um garoto jogando bola na várzea do arroz de Tremembé, cidade vizinha a Taubaté onde a artista se estabeleceu. O menino veste uma camiseta de chita, estampada com grãos de milho, arroz e café, produtos significativamente históricos da região do Vale do Paraíba.  A bola escolhida é a brazuca, modelo oficial criado para os jogos da copa do mundo de 2014, trazendo um ponto de atualidade: “O menino é um elemento humano de ligação entre o passado e o presente representado na bola”, explica Maria Dalila.

Já a artista Lenice retratou três planos na obra que ganhou o nome de “Sesc Verão”. Na tela, há elementos que caracterizam o Vale do Paraíba e que retratam o espaço e a programação do Sesc Taubaté: “no primeiro plano eu coloquei as casinhas, árvores, rio e montanhas que é o nosso Vale do Paraíba”, conta Lenice. No céu laranja voam um balão e uma asa delta. Da lona do circo – que também é uma referência ao espaço do Sesc Taubaté - descem as fitas da dança folclórica praticada na região que também ligam os atletas de diferentes modalidades.

A exposição permanece na unidade até o dia 28 de fevereiro. Na galeria você confere as obras que compõem a exposição: