Postado em 05/12/2013
“Mas acredite, um vampiro traz outro, o primeiro pode demorar, mas depois de algum tempo sua vida fica cheia deles”, revela a personagem Clara Baumgarten, logo nas primeiras páginas do livro Relações de Sangue, da escritora Martha Argel. Na trama, Clara, uma tradutora freelancer, lida com vampiros urbanos que, de uma hora para outra, invadem seu apartamento e dominam seu dia-a-dia. Mas um vampiro, ou uma dúzia deles, jamais entraria sem ser convidado: Clara, até então, levava uma vida “bem normalzinha”, como ela mesma faz questão de frisar, até que, seduzida pelos mortos-vivos Lucila e Daniel, deixa sua curiosidade falar mais alto e embarca numa jornada que coloca em risco o seu próprio pescoço.
A história de Clara, Lucila e Daniel, mesmo sem alcançar a popularidade do Drácula de Bram Stoker, da Entrevista com o Vampiro de Anne Rice ou do Sétimo de André Vianco, é uma das obras sobre o tema que melhor resume a atração que o mal ou a escuridão - em suas definições mais conservadoras - exercem sobre sociedade moderna. Apegado a seus frágeis valores - solidificados por séculos de repressões e punições - o homem contemporâneo, personificado na obra de Argel pela personagem Clara, até tenta resistir, mas não consegue controlar seu fascínio pelo desconhecido ou pelos seres que nele habitam. Na história de Clara, o “mal” trazido pelos vampiros são os disfarces que escondem seus próprios desejos sexuais, ambições e vaidade.
A busca incessante pelo entendimento, aceitação e convivência do homem com seu lado obscuro vêm permeando os filmes e livros sobre vampiros, em maior ou menor escala, ao longo de décadas. Os conhecidos “seres da noite” não são humanos, mas são tudo o que os humanos querem ser: criaturas sedutoras, misteriosas, conhecedores dos segredos entre a vida e a morte. São imortais e nem sequer envelhecem. Não estão presos às regras, conceitos e todo tipo de leis que regem, em várias esferas, a sociedade. Os humanos os temem, os combatem, mas vivem querendo juntar-se à eles. E isto explica o gigantesco número de obras de arte dedicadas à estes seres fantásticos.
O especial A Hora dos Vampiros, que o Sesc Rio Preto apresenta de 10 a 14 de dezembro, traz uma seleção de algumas produções do cinema e da literatura que moldaram a estética vampiresca na contemporaneidade. A programação busca, por meio delas, entrelaçar diferentes pontos de vista e metáforas sobre o mito. Filmes como A Dança dos Vampiros de Roman Polanski , Os Garotos Perdidos de Joel Schumacher ou Fome de Viver de Tony Scott, contribuíram tanto para a massificação destes personagens quanto o clássico livro Drácula de Bram Stoker e suas infinitas adaptações para o cinema.
Além das exibições, o evento conta ainda com a presença de Ivan Cardoso, cineasta, diretor do filme As Sete Vampiras e responsável por boa parte das produções do cinema de horror no Brasil; André Vianco, autor dos best sellers Sétimo e Os Sete; e do professor Diego Paleólogo, que desenvolve projeto de doutorado sobre o Imaginário do Vampiro na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A programação estende-se ainda para as artes plásticas, com um passeio por Arquiteturas Góticas, os cenários favoritos dos vampiros da literatura épica. O passeio será liderado por Augusto Vasconcelos Neto, arquiteto e professor de História da Arte.
A Hora dos Vampiros começa na próxima terça, 10/12, às 20h. Todas as atividades são gratuitas e os ingressos devem ser retirados na Central de Atendimento do Sesc, com 1 hora de antecedência.
Programação:
10/12 - Terça
20h - Filme: "Nosferatu" De Friedrich Wilhelm Murnau. Alemanha, 1922, 94 min.
21h30 - Filme: "Drácula" De Bela Lugosi. EUA, 1931, 75 min.
11/12 - Quarta
20h - Filme: "Os Garotos Perdidos" De Joel Schumacher. EUA, 1987, 97 min.
22h - Filme: "Drácula de Bram Stoker" De Francis Ford Coppola. EUA, Reino Unido, Romênia, 1992, 128 min.
12/12 - Quinta
19h30 - Bate-papo: "Os Vampiros no Cinema" Com Diego Paleólogo, doutorando em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de projeto sobre o Imaginário do Vampiro.
21h30 - Filme: "A Dança dos Vampiros" Roman Polanski. EUA, Reino Unido, 1967, 108 min.
13/12 - Sexta
19h30 - Filme: "As Sete Vampiras" De Ivan Cardoso. Brasil, 1986, 87 min.
21h15 - Bate-papo: "O Cinema Fantástico no Brasil" Com Ivan Cardoso, cineasta.
22h30 - Filme: "A Hora do Espanto" De Tom Holland. EUA, 1985, 106 min.
14/12 - Sábado
11h - Passeio: "A Arquitetura Gótica na Cidade" Com Augusto Vasconcelos Neto, arquiteto e professor de História da Arte.
14h - Bate-papo: "Vampiros: Da Literatura Para o Cinema" Com André Vianco, escritor, roteirista e cineasta.
16h - Filme: "Entrevista com o Vampiro" De Neil Jordan. EUA, 1994, 123 min.
18h - Filme: "Fome de Viver" De Tony Scott. Reino Unido, 1983, 100 min.