Postado em 19/11/2013
Com show de abertura da banda de pós-rock Labirinto, o duo canadense Nadja, que está celebrando 10 anos de carreira, faz única apresentação em São Paulo, na Choperia do Sesc Pompeia dia 28/novembro
Drone doom, dreamgaze, ambient doom e pós-metal são apenas algumas das nomenclaturas já utilizadas no intuito de definir o som do Nadja, duo composto por Aidan Baker (guitarra, percussão, eletrônicos, instrumentos de sopro e vocais) e por sua esposa Leah Buckareff (baixo, acordeão e vocais), mas nenhum subgênero parece ser capaz de conceituar as experimentações promovidas nos campos da música ambiental e experimental por esses artistas naturais de Toronto, Canadá, e que hoje vivem em Berlim. As complexas paisagens sonoras que tornaram o grupo único e indefinível, criadas por meio de efeitos de distorção, percussões eletrônicas e vocais esparsos e atmosféricos serão apresentadas para o público brasileiro em um único show em São Paulo, na Choperia do Sesc Pompeia.
A apresentação, que ocorre no dia 28 de novembro, quinta-feira, às 21h30, marca o lançamento de Queller, mais novo trabalho de uma prolífera lista, assim como a primeira turnê da dupla pela América Latina. E, para abrir a performance, o grupo instrumental Labirinto, considersado o maior nome do pós-rock ao sul do continente americano, apresenta um repertório de composições inéditas que integram seu último lançamento, um split com o também canadense grupo Thisquietarmy.
Excursionando por países nunca antes visitados, o Nadja, que em 2013 celebra uma década de atividade, evidencia elementos que caracterizam a banda desde sua fundação: inovação e renovação. O projeto nasceu em 2003, quando Aidan Baker, multi-instrumentista e poeta considerado um dos mais talentosos artistas de sua geração, que já havia despontado no cenário musical com seus elogiados trabalhos solo, decidiu explorar novas possibilidades da música experimental. Ao inverter seu nome, substituindo por “j” o “i”, o músico trouxe ao mundo o Nadja – nome que referencia tanto o romance homônimo do autor surrealista André Breton, quanto a personagem interpretada por Elina Löwensohn que intitula o cultuado filme de terror de Michael Almereyda, ambas notáveis influências em seu trabalho.
As referências à literatura e ao cinema presentes já no nome do projeto revelam muito sobre a concepção musical do artista, segundo o qual a “inspiração vem de todos os lugares. Outros tipos de arte, primariamente; filmes e livros; arte visual e outros tipos de música; mas algumas vezes somos inspirados por algo menos concreto, como o desejo de capturar uma emoção ou uma situação sensorial”.
Originalmente voltado apenas para gravações em estúdio, o constante desejo de inovação levou o Nadja a se aventurar por palcos e plateias a partir de 2005, quando Leah Buckareff se juntou ao projeto. Desde então se multiplicaram não só os convites para que o grupo se apresentasse nos mais diversos festivais ao redor do mundo, como também a produção de novas e cada vez mais ousadas composições. A respeito do processo criativo da dupla, seu guitarrista comenta: “Nós geralmente começamos a trabalhar em um álbum com algum tipo de conceito em mente. Algumas vezes algo bem específico, outras mais abstrato. Começamos gravando com estruturas bem básicas, montamos um tipo de espinha dorsal para o disco e então encorpamos as músicas com camadas e atmosferas sonoras, muitas das quais são improvisadas. As possibilidades do acaso e a aleatoriedade são sempre um elemento para a música”.
Para o duo, o caráter imersivo de sua música se mantém tanto nas gravações quanto nas performances – “nos apresentamos ao vivo e gravamos em estúdio usando os mesmos métodos”, diz ainda Aidan Baker. Ansioso pelo show em São Paulo, o músico afirma que “será interessante ver como o pessoal no Brasil reage ao nosso som. Nós nunca estivemos na América do Sul, então realmente não sabemos o que esperar”. Há 10 anos se renovando e testando os limites da experimentação, o Nadja se prepara para essa que, nas palavras de seu fundador, “será uma experiência nova”.