Fechar X

Editorial
Ampliar a alfabetização digital

Postado em 01/08/2000

É sempre gratificante e alentador constatar a crescente multiplicação dos meios colocados à disposição da circulação do conhecimento, das idéias e informações. Cada novo periódico, cada nova emissão de rádio ou tv, cada novo livro traz consigo a possibilidade efetiva de adensar, com conteúdos relevantes, a rede de disseminação de dados e conceitos necessários ao fomento do saber, do debate, da troca de opiniões e do intercâmbio de pontos de vista, fatores estes indispensáveis à democracia.

Temos clara consciência de que só a quantidade não basta, de que sob a ótica do desenvolvimento cultural da sociedade, boa parte de tudo o que circula no universo da comunicação é dispensável ou, o que é pior, francamente nocivo. Estamos cientes, também, das graves distorções operadas no movimento de distribuição do conhecimento pelo conjunto da população. Enquanto alguns segmentos beneficiam-se de fácil acesso a uma profusão imensa de meios de informação e formação, contingentes consideráveis de pessoas permanecem à margem desse fluxo, relegadas à condição de consumidores passivos de produtos culturais refratários à assimilação criteriosa e à avaliação crítica.

Tudo isso representa um desafio a ser enfrentado por aqueles que trabalham pela expansão da educação, pelo acesso de todos aos benefícios da cultura.

Conclamar todos a uma participação ativa e cidadã na vida coletiva torna-se inócuo caso cada indivíduo instado a fazê-lo não disponha dos meios necessários para munir-se dos saberes exigidos por uma atuação consciente.

Esse gênero de reflexões vai-se tornando mais agudo à medida em que novas rotas de informação vêm acrescentar-se às já existentes. É o caso dos caminhos trazidos pela informatização, pela progressiva expansão do uso dos computadores pessoais, pelo alargamento da Internet. Atualmente, o Brasil já conta com quase 5 milhões de internautas, navegantes da informação ligados ao mundo através de uma tela à qual se pode convocar, em poucos minutos, a presença de temas os mais variados e inusitados.

É sabido que muitas pessoas, ainda que disponham de acesso a esses meios, abstêm-se de sua utilização. Fato absolutamente normal, decorrente de resistências e preferências compreensíveis. Nenhum problema decorre daí, visto tratar-se de escolha deliberada de quem se percebe conectado ao mundo de maneira satisfatória, independentemente do uso das modernas ferramentas eletrônicas.
O que não é aceitável, isto sim, é que a informática venha a consolidar-se como mais um fator de exclusão, como mais um componente a ativar discriminações no seio de uma sociedade já suficientemente provida de toda a sorte de desigualdades.

Importa atuar em favor da generalização democrática dos novos fios de contato com a informação e com o conhecimento. Compete definir e pôr em prática iniciativas que contribuam para a universalização da alfabetização digital, a exemplo do que o SESC de São Paulo tem feito em suas unidades, em toda a extensão daquilo que lhe é possível. Vamos torcer, e sobretudo trabalhar, para que a era digital não venha adicionar a outras tantas já existentes, mais uma modalidade de discriminação.

Abram Szajman
Presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado De São Paulo

Escolha uma rede social

  • E-mail
  • Facebook
  • Twitter

adicionar Separe os e-mails com vírgula (,).

    Você tem 400 caracteres. (Limite: 400)