Postado em 19/09/2013
Lançado no dia 17/setembro, o projeto Sampa CriAtiva é um canal colaborativo de expressão e articulação, que propõe um espaço ao cidadão paulistano para pensar sobre a cidade e refletir sobre como melhorá-la
Quase todo mundo já conversou com alguém sobre como tornar a vida em São Paulo melhor, não é? Que tal falar sobre isso em um espaço virtual colaborativo e aberto? Esta é a proposta do Sampa CriAtiva, um canal de expressão e articulação “para que os cidadãos de São Paulo voltem a ser protagonistas em cima do que eles querem que a cidade venha a ser”, explica Ana Carla Fonseca, economista especializada em urbanismo e curadora de conteúdo do projeto. A proposta é que os moradores repensem a cidade e compartilhem suas propostas para transformá-la em um espaço melhor para todos; além de se informar sobre inovações bem-sucedidas realizadas no país e no mundo.
São diversas as formas de participar, seja publicando uma ideia, comentando e ampliando a sugestão de outra pessoa, compartilhando links e fotos de descobertas inspiradoras na cidade ou acompanhando os conteúdos gerados pela equipe do site e pelos participantes. As sugestões enviadas precisam estar relacionadas a um dos cinco eixos temáticos do site: Governar Junto, Nas Ruas, Inovações Sociais, Negócios Criativos e Diálogos.
Algumas das propostas encaminhadas até 17 de novembro serão selecionadas e comentadas durante o Seminário Sampa CriAtiva, que acontecerá nos dias 2 e 3 de dezembro em São Paulo. “O Seminário irá trazer nove representantes de iniciativas realizadas em diversos lugares do mundo, que poderão tanto dialogar com coisas que já estão sendo feitas, quanto conversar especificamente com algum dos eixos temáticos do projeto”, explica Ana Carla.
Qualquer pessoa física ou jurídica que esteja engajada com a transformação da cidade pode participar desta iniciativa da FecomercioSP, do Sesc e do Senac em São Paulo . Segundo o diretor regional do Sesc em São Paulo, Danilo Santos de Miranda, o site é “um lugar para propor iniciativas de caráter público".
Saiba mais sobre o Sampa CriAtiva na conversa que a EOnline teve com Ana Carla Fonseca e com Danilo Santos de Miranda.
EOnline: O que é e como funciona o Sampa CriAtiva?
Ana Carla Fonseca: Sampa CriAtiva é uma plataforma colaborativa para que os cidadãos de São Paulo voltem a ser protagonistas em cima do que eles querem que a cidade venha a ser. Ela funciona de uma forma que você pode tanto fazer propostas plausíveis (não propostas que revejam todo o corpo de leis da cidade, ou que exijam orçamentos suntuosos, por exemplo), como também pode participar compartilhando coisas que você vê e gosta, que é justamente a área “Vi e Gostei”, na qual é possível postar e comentar a proposta de outras pessoas. Então, são dois grandes caminhos para a participação como alguém que inicia uma conversa: com o “Vi e Gostei” ou com a proposta em si. E se você quiser apenas acompanhar e dar palpites, ler matérias etc. Existe ainda um conteúdo que está sendo gerado pelas pessoas que participam e também pela equipe de redação que produz matérias e notas o tempo todo.
EOnline: Como acontece a transformação das propostas em ação?
A. C. F.: A ideia do site não é ser um ombudsman e nem ser aquele que vai centralizar e depois ficar pegando no pé de quem deveria cumprir o seu papel. A ideia é dar voz às pessoas e visibilidade àquilo que já existe. Transformar os 11 milhões de paulistanos em ombudsmans! Semanalmente, a equipe do projeto vai sistematizar todas as propostas que forem publicadas no site, encaminhar aos Poderes Executivo e Legistativo e aos parceiros, além de disponibilizá-las no portal. Isso para que todos possam ter acesso a tudo o que está acontecendo e para que as pessoas possam cobrar dos respectivos responsáveis os resultados de suas propostas.
EOnline: Qual será a dinâmica do Seminário Sampa CriAtiva?
A. C. F.: A ideia do Seminário, que acontecerá nos dias 2 e 3 de dezembro de 2013, é continuar um alinhavo que começou com o Seminário de Clusters Criativos, que aconteceu em junho. O Seminário Sampa CriAtiva irá trazer nove representantes de iniciativas realizadas em diversos lugares do mundo, que poderão tanto dialogar com coisas que já estão sendo feitas, quanto conversar especificamente com algum dos eixos temáticos do projeto.
Por exemplo, estamos trazendo dos EUA o caso de uma novíssima iniciativa chamada TUMML, uma aceleradora de empreendimentos urbanos, que trata bastante do empreendimento criativo, mas não necessariamente do urbano. A TUMML foi organizada há alguns meses, já confirmaram a participação e irão falar de como o projeto está funcionando nos EUA, que poderá ou não funcionar em São Paulo, mas a idéia é justamente expandir os horizontes. Os palestrantes receberão de antemão as propostas que forem feitas até o dia 17 de novembro pelo site. Assim, o encerramento do Seminário se dará num esquema quase “pitching”: cada palestrante terá aproximadamente cinco minutos para comentar, sob seu olhar, as propostas.
EOnline: O que se espera da plataforma que foi criada?
Danilo Santos de Miranda:
É importante em primeiro momento para a Federação do Comércio, pois o comércio é uma das atividades mais antigas do mundo, começou com os fenícios, lá atrás, muito antes de Cristo. O comércio tem o poder de aproximar a economia e o cidadão. Onde a economia se realiza? No contato direto do cidadão, quando um produto é colocado na mão de um consumidor, isso é o comércio de fato. Portanto, o comércio tem essa possibilidade de aferir, de perceber o cidadão e a economia ao mesmo tempo; entidades ligadas ao comércio como a FecomercioSP, o Sesc e o Senac têm esse papel de poder colaborar para entender melhor os desejos do cidadão. Nesse sentido, a plataforma propõe ouvir a população de uma maneira organizada e sem a perspectiva política, sem buscar um voto do cidadão. O que esperamos, sobretudo, é a possibilidade efetiva de ajudar a cidade a pensar em si mesma e de alguma forma transformá-la e melhorá-la para todos: para o comerciante, para o trabalhador, para a dona de casa, o estudante, para os que precisam se locomover de alguma forma, enfim, para toda a população. Para que haja uma vida confortável para todos que precisam da cidade.
EOnline: Olhando os eixos principais da plataforma, percebemos que não existem explicitamente títulos como educação, sustentabilidade e cultura, temas que são caros ao Sesc em São Paulo...
D. S. M.: Não há definições dessa natureza. Existem os eixos como “inovações sociais” e “nas ruas” que abordam questões mais amplas, para que caibam na perspectiva dessa ordem. Nós não tivemos a intenção de buscar aquilo que é de interesse direto da instituição, mas sim o que de alguma forma poderá abrir caminho para que as questões que são caras para nós pudessem aparecer. Cultura, lazer, recreação, saúde, alimentação etc. serão objetos de considerações por parte daqueles que irão fazer sugestões.
Não estamos buscando informações referentes ao atendimento da instituição, e sim dar voz para que a cidade se manifeste sobre aquilo que deseja. Dessa maneira prestamos um serviço à população abrindo espaço e oferecendo à comunidade e aos dirigentes a possibilidade de entender melhor ainda o que a cidade deseja. A intenção não é substituir ninguém e sim facilitar o que muita gente já faz.
EOnline: Como surge essa iniciativa?
D. S. M.: O plano diretor desperta o desejo de discutir a cidade de São Paulo. Acredito que essa necessidade sempre existiu, mas diria que esta é uma ocasião especial onde a discussão se torna mais pontual, necessária e importante. Por isso, esse é o momento conveniente para que se discuta no formato que o Sampa CriAtiva oferece.
EOnline: Como funciona a questão da autoria das ideias publicadas?
D. S. M.: As pessoas assinam a ideia, mas de qualquer forma essa sugestão é oferecida à cidade, se alguém imagina que sua proposta irá lhe render algum tipo de resultado ou prestígio por ter sido quem sugeriu, já entra de uma maneira equivocada no processo. Pois quando você participa de um processo como esse, você está partilhando sua contribuição com outros que, por sua vez, vão enriquecê-la, transformá-la, melhorá-la, e aderir ou não àquela ou essa ideia. Dessa maneira, quando é feita uma proposta dessa ordem, que não é algo de caráter comercial e sim uma proposta de melhora na vida da cidade, você abre mão da característica de negócio. Nesse sentido, se alguém pretende transformar uma ideia em negócio, não é esse o local adequado para propor. Esse é um lugar para propor iniciativas de caráter público.