Postado em 18/09/2013
A diretora do festival, Francesca Azzi, dá detalhes da curadoria e do conceito da mostra, em cartaz no CineSesc de 20/set a 3/out
Por Amanda Zacarkim/CineSesc
Em 2013, o Indie Festival completa 13 edições em 13 anos. “É um adolescente”, brinca a diretora da mostra, Francesca Azzi. Mesmo com recortes variados ao longo dos anos, o Indie segue sua proposta de evidenciar cineastas contemporâneos em plena atividade. Esse critério vale para os longas descobertos ao redor do mundo - e reunidos na Mostra Mundial -, e para os diretores homenageados com a retrospectiva de suas filmografias: o chinês Wang Bing e o francês Jean-Claude Brisseau.
A ideia do festival surgiu em Belo Horizonte em 2000, quando Francesca e sua irmã, Daniela, resolveram levar o cinema independente em produções de todo o mundo para a capital mineira. “Quando começamos, a gente achava que seria um evento para cinéfilos, não tinha a expectativa de um público grande e o que aconteceu foi um boom na cidade, a primeira edição já foi uma loucura”.
De lá para cá, o festival ganhou corpo e estreou em São Paulo, no CineSesc, em 2007. Desde então, o Indie acontece nas duas capitais com público cativo. “A proposta é ser um festival mais cult do que tradicional, preferimos ter pessoas fieis que frequentam todos os anos do que espalhar o nome pelas cidades. A gente não quer ter aquela cara de ‘coisa consagrada’, isso pode ser ruim pelo lado criativo”, explica Francesca. O diferencial do festival - e que o torna queridinho de novos e assíduos frequentadores - é a curadoria atenta à produção contemporânea. “O cinema que a gente trabalha possibilita que algumas pessoas se apaixonem porque ele não trata de entretenimento, ele está ali para incomodar - sem deixar de seduzir”. Na seleção do Indie entram produções cinematográficas romenas, japonesas, brasileiras, chinesas, americanas… Para a seleção, são vistos filmes em todas as oportunidades possíveis e de todos os formatos disponíveis, até que o tema da película e/ou o estilo de seu produtor conquiste a equipe do festival. Um dos aspectos criativos definidos a partir de longas conversas curatoriais é a identidade visual do festival - o logo de 2013, por exemplo, é um neon construído exclusivamente para a ocasião a partir das referências do universo sedutor de Brisseau e das luzes da China, assunto do trabalho de Wang Bing.
Não sabe por onde começar a aproveitar o Indie 2013? Confira, a seguir, as apostas da diretora do festival, Francesca Azzi, para aproveitar o melhor desta edição.
Jean-Claude Brisseau: O ‘enfant terrible’ do cinema francês
“Brisseau é uma boa síntese do que é o nosso cinema no Indie”, observa Francesca, “há mulheres sedutoras, homens que ficam loucos por elas, é um cinema rico em conteúdos psíquicos - e até por isso muita gente pode sair incomodada das sessões”. A trilogia do cineasta sobre o prazer feminino e a transgressão dos tabus sexuais é composta pelos filmes Coisas Secretas (2002), Os Anjos Exterminadores (2006) e A Aventura (2008), todos em exibição durante o festival. Outros filmes como Céline (1992) também podem ajudar a compor a obra do cineasta, pois trata de questões de maneira mais espiritualizada.
Wang Bing e a China revelada
Nascido em 1967, o chinês Wang Bing possui um olhar único na sétima arte, seja em documentários ou em polêmicas ficções. Ele é conhecido por trabalhos que abordam mudanças físicas e sociais causadas pela Revolução Cultural em seu país. A relação de tempo e espaço também é uma questão recorrente - seu primeiro trabalho, A Oeste dos Trilhos, com nove horas de duração, também será exibido no festival. “Muita gente vai ficar revoltada pelo tempo longo com que ele constroi suas narrativas, mas acho importante bancarmos essa ideia, é um desafio para o espectador. Bing vai a fundo na denúncia quando reencena a história dos campos de trabalho forçados da China, toca na ferida”, define Francesca. As obras A Oeste dos Trilhos (1999-2003), Fengming - Memória de Uma Chinesa (2007) e Petróleo Bruto (2008) são definidoras de sua estética.
Mostra Mundial
Entre os destaques, figuram Heli, longa polêmico e radical do mexicano Amat Escalante, que recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes 2013 pela produção. Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-Velho, de Danis Tanovic, também se destaca por ser um documentário de ficção com atores não-profissionais - e que rendeu dois prêmios no Festival de Berlim 2013, um deles de melhor ator para o protagonista. E Upstream Color (2013) promete fazer sucesso entre o público mais antenado, de uma geração que se interessa por imagem e música.
A seguir, você pode assistir à vinheta do Indie 2013:
o que: | Festival Indie 2013 |
quando: |
20/setembro a 3/outubro |
onde: | CineSesc |