Postado em 09/09/2013
Oitava edição da Bienal Sesc de Dança leva para Santos diversidade de espetáculos, intervenções, workshops, debates e exposição
A relação da dança com a cidade será tema da 8ª edição da Bienal Sesc de Dança, que ocorrerá entre os dias 5 e 12 de setembro, levando mais de 30 atrações a Santos. O evento contará com 22 espetáculos, oito intervenções, uma instalação, uma videoinstalação e a exposição Still Móvil em importantes pontos da cidade, como Teatro Brás Cubas, Bolsa do Café, Teatro Guarany, espaços do Sesc, além de outros locais públicos. A programação ainda inclui workshops e mesas formativas.
Quatro atrações internacionais são esperadas: Ultima Vez, da Bélgica, com o espetáculo O Que o Corpo Não Lembra; Javiera Peón-Veiga, do Chile, com a coreografia n o s o t r e s; a Companhia Periférico, do Uruguai, com o espetáculo Vazio; e Xavier Le Roy, da França, com uma releitura da Sagração da Primavera. A célebre obra russa composta por Igor Stravinsky e coreografada por Vaslav Nijinsky completa, em 2013, 100 anos de existência, e por conta disso sua importância será discutida em uma mesa intitulada Celebração da Sagração, composta pela crítica de dança Ana Ponzio e pelo coreógrafo e dançarino Xavier Le Roy.
A comemoração dos 20 anos do grupo catarinense Cena 11 Cia. de Dança também é destaque da oitava edição do evento. Três espetáculos serão apresentados, incluindo o inédito Sobre Expectativas e Promessas, solo do diretor e coreógrafo da companhia, Alejandro Ahmed. “Esse espetáculo se propõe como um discurso organizado por músculos e ossos, instaurado pelo movimento. Uma névoa-objeto, que evoca na sua aparência um nome próprio com identidade fantasma”, diz Ahmed. Para ele, a maior conquista do Cena 11 ao longo dos anos foi a continuidade da pesquisa em dança, sem ter se adequado ou se apoiado nas próprias fórmulas. “Bailarinos e platéia ocupam o mesmo ambiente num processo de investigação que comportam dois objetivos centrais da pesquisa do Grupo Cena 11: adaptabilidade e relocamento das funções de um corpo”, completa.
Outros espetáculos nacionais, como Baderna, do Núcleo Luis Ferron (SP), O Homem Vermelho, de Marcelo Braga (RJ), Big Bang Boom, de Michele Moura (PR), e intervenções como #Inverno#Primavera, do grupo Aspásia Mariana/Os Dois (CE), e Paisagens Inter-Urbanas, do Coletivo Inter Ação (RJ), compõem a grade da programação da bienal, que contou com inscrições de 445 grupos de 16 estados e 15 países na convocatória realizada entre janeiro e fevereiro de 2013. “No entanto, esse é apenas um dos mecanismos de convocação. Outro mecanismo é estarmos sempre atentos ao que está acontecendo no cenário da dança”, explica o assistente para dança da Gerência de Ação Cultural do Sesc, Juliano Azevedo. “Frequentemente viajamos para acompanhar festivais – e entendemos o que pode estar na bienal. Esses trabalhos também são levados em consideração e, a partir deles, podem surgir convites.”
Os grupos selecionados se apresentam em diversos pontos da cidade, mantendo uma tradição que se iniciou na primeira edição da Bienal Sesc de Dança. “Hoje o evento é esperado pela população de Santos”, observa Azevedo. “O que vem acontecendo na cidade é uma relação de reciprocidade, o que me deixa bem contente porque, nesse caso, a Bienal passa a produzir sentido para a cidade”. Ele acrescenta que a bienal vem se colocando com cada vez mais força, entrando na pauta da cidade, assim como o Mirada [Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos], o que pode ser notado pelo aumento de público nas últimas edições. “A cidade espera pela bienal, não é só um evento que acontece a cada dois anos. Ela reverbera entre uma edição e outra”, completa Azevedo.
Bastidores
O dançarino Marcelo Braga retorna aos palcos, depois do tratamento de um câncer, interpretando pela primeira vez um trabalho de sua autoria, O Homem Vermelho. Ele explica que o convite para participar da bienal vai permitir que leve a sua experiência a pessoas que ainda não conhecem o seu trabalho. “É um relato tão pessoal de coisas que vivi que acho que estou dividindo, na verdade, um pedacinho da minha intimidade com as pessoas”, declara. Braga também faz questão de ressaltar a relevância do evento. “Saber que a bienal já está atuando há tanto tempo é uma alegria porque são poucas as iniciativas culturais duradouras. Política de descontinuidade é o que mais tem nesse país”, diz.
Para Solange Borelli, diretora de produção do espetáculo Baderna, do Núcleo Luis Ferron, o ambiente da Bienal Sesc de Dança é propício para o lançamento de poéticas e para diferentes formas de percepção da arte. “Um evento que parte da premissa de apresentar a singularidade e a diversidade da dança contemporânea, promovendo ações de reflexão em todas as dimensões, seja nos processos de criação, seja na produção em dança, seja na difusão, é, no mínimo, uma das iniciativas mais importantes que temos hoje no país”, afirma. Em sua opinião, o contato direto estabelecido entre os participantes ao longo de uma semana é benéfico para o desenvolvimento da arte. “O mais importante é que novas redes de relações se estabelecem porque os artistas se encontram, se olham, se falam. Apenas dessa forma a dança pode evoluir, por meio das partilhas colaborativas.”
A artista Aspásia Mariana levará ao público o projeto de videoinstalação #Primavera#Inverno. “A proposta é que os vídeos sejam instalados em espaços públicos da cidade de Santos para que possibilitem o acesso à linguagem da videodança através dessa intervenção no espaço público”, explica. Aspásia também acredita que a troca entre os artistas será positiva durante o evento. “Uma das grandes potências da dança contemporânea é a arte do encontro entre pessoas e linguagens, suas diferentes formas de pensar, ver e fazer. Entendendo a dança contemporânea como um grande leque de possibilidades, para mim, esse é um dos fatores de grande importância nessa bienal”, acrescenta.
Acompanhe os destaques da programação
Sobre Expectativas e Promessas (Grupo Cena 11 Cia. de Dança, Santa Catarina) – 11/9 e 12/9, às 20h, no Teatro Guarany
Sagração da Primavera (Xavier Le Roy, França) – 10/9 e 11/9, às 21h30, no Teatro Sesc Santos
O Homem Vermelho (Marcelo Braga, Rio de Janeiro) – 6/9 e 7/9, às 20h, no Auditório Sesc Santos
O Que o Corpo Não Se Lembra (Ultima Vez, Bélgica) – 5/9 e 6/9, às 21h30, no Teatro Sesc Santos
Baderna (Núcleo Luis Ferron, São Paulo) – 10/9, às 18h, na Casa Frontaria;
n o s o t r e s (Javiera Peón-Veiga, Chile) - 6/9 e 7/9, às 18h, no C.A.I.S. Vila Mathias
#Primavera#Inverno (Aspásia Mariana/Os Dois, Ceará) – 5/9, 6/9, 11/9 e 12/9, às 19h, na Praça Dr. Caio Ribeiro de Moraes e Silva (Praça do Sesc) e 9/9 e 10/9, às 19h, no Clube Vasco da Gama
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