Postado em 26/08/2013
Contraplano, nova série do SescTV, estreia com o cineasta Ugo Georgetti e o psicanalista Tales AB’ Saber dialogando sobre os filmes '¡Revolucion!', 'A Batalha do Chile', 'Condor' e 'Che'.
A revista SescTV entrevistou o diretor da série, Luiz R. Cabral, 52, que é documentarista e diretor de TV. No SescTV, assina também a direção da Sala de Cinema. A seguir, a EOnline reproduz um trecho da entrevista (você pode ler a íntegra fazendo o download da edição completa de agosto da revista SescTV).
O Contraplano é uma espécie de continuidade do Sala de Cinema. Como surgiu esse programa antecessor?
Eu, o Miguel De Almeida [jornalista e apresentador] e o Beto Tibiriçá, da Plateau [Produções], chegamos à conclusão de que faltava um olhar mais aprofundado que mapeasse a cadeia produtiva do cinema nacional, desde a elaboração do roteiro, passando pela direção, pela direção de arte, pela distribuição. E conseguimos fazer esse mapeamento, em cerca de 130 programas do Sala de Cinema. A série começou em 2009, entrevistando sempre um diretor, roteirista, ator.
Era uma forma de colocar questões novas, fervilhantes, sobre a mesa?
O Sala de Cinema é um belo arquivo para quem quer pesquisar hoje o cinema nacional, mas não acho que ele tenha trazido discussões subliminares. Obviamente ele discutia política de distribuição, política de financiamento, discutiu muito o cinema comercial e o cinema autoral. São questões que foram levadas adiante por vários diretores, vários profissionais. A intenção era mesmo fazer um registro do cinema brasileiro.
Como se chegou ao Contraplano?
O Contraplano é uma segunda dentição do Sala de Cinema, pensando antropofagicamente. Achamos que o Sala estava se esgotando na forma. Foram três anos de programa, e, embora ainda houvesse o que se falar, pensamos que seria legal ampliar essa discussão, discutir o cinema e a “vida”, cinema e ditadura, cinema e música. Criamos um debate, abrimos quatro guarda-chuvas de temas: cinema e cultura, cinema e comportamento, cinema e sociedade, cinema e poder.
Como vocês chegaram a esses quatro temas principais?
No final de 2011, eu, o Miguel De Almeida e o Beto Tibiriçá elencamos esses quatro guarda-chuvas grandes de maneira meio consensual. Debaixo desses guarda-chuvas, elencamos subtemas. Em poder, por exemplo, há cinema e ditadura, cinema e povo no poder, cinema e golpes.
E para definir os subtemas?
Foram grandes discussões. Com os temas definidos, chamamos um pesquisador que faz pós-graduação em cinema na USP e é curador de algumas mostras. Ele foi adicionado ao grupo, e fazíamos reuniões. Cada guarda-chuva teria de render de dez a 12 programas. E foi feita então uma pesquisa, com 60 laudas sobre cada tema, com filmes ligados aos assuntos relacionados. Ele [o pesquisador] vinha com as propostas de filme e nós as negociávamos. Chegamos, então, a quatro filmes por programa, um em cada bloco de 15 minutos. Cheguei a fazer o piloto com seis filmes, mas ficou muito fragmentado. Da pesquisa constavam a sinopse de cada filme, críticas, material de apoio sobre o assunto, artigos. Eu e o Miguel assistíamos a todos os filmes e eu fazia um resumo da pesquisa. Sobre os tipos de filme, há os comerciais também, não adiantava fazer só com os que estão à margem. Você passar pelo olhar comercial, pelo cinema de entretenimento, é importante. Quando discutimos religião e cinema, você tem o Chico Xavier e, em contraponto, O Pagador de Promessas.