Postado em 01/08/2013
EDITORIAL
O cuidado é apontado por filósofos e pensadores como a essência do ser humano, ou seja, é o cuidado que nos faz humanos. Cuidar, em ampla conotação, representa uma atitude. Atitude de ocupar-se, de solidarizar-se e de envolver-se afetivamente com o outro que implica, em uma ação interativa e de respeito à sua autonomia e dignidade. Nos campos da gerontologia e geriatria esses termos estão, cada vez mais, na ordem do dia. O envelhecimento da população, a vida longa proporcionada pelos avanços tecnológicos e o maior acesso aos serviços de saúde contribuem para o crescimento da população idosa. Se, por um lado, sabemos ser possível um envelhecimento saudável, por outro, nos deparamos com o aumento de indivíduos com limitações físicas e cognitivas, decorrentes do processo de envelhecimento, que muitas vezes, atingem níveis que comprometem sua autonomia. Assim, a figura do cuidador – a pessoa e/ou profissional que cuida – e, também, as reflexões sobre a acepção dos termos, cuidado e cuidar, assumem papel importante no cenário da sociedade contemporânea. Esta edição traz considerações sobre os vários caminhos para o cuidado. Caminhos que se traduzem no olhar em busca do outro a fim de perceber, e estar atento, às suas necessidades. Pesquisadores apresentam o conceito do “cuidado centrado no indivíduo” que propõe a valorização da participação do idoso nas decisões que dizem respeito ao seu próprio cuidado. Outros investigam os motivos que levam um indivíduo a ingressar em um curso de cuidadores e, também, propõem discussões para que os idosos compreendam a sua importância como agentes na reinvindicação de mudanças no atendimento do sistema de saúde. O pesquisador José Ivanildo Ferreira apresenta, em seu artigo, metodologias para avaliação neuropsicológica do idoso. Assunto atual, uma vez que os estudos mostram que o funcionamento cerebral está relacionado ao comportamento geral do indivíduo. Ao considerarmos que o entendimento desse processo pode fornecer informações relativas às capacidades e limitações do indivíduo, abre-se caminho para pensar ações possíveis com objetivo de integração e inclusão - e o desenvolvimento de estratégias - para lidar com as limitações apresentadas, minimizando-as. A pesquisa Família de idosos estuda as complexas relações familiares, particularmente relações de sociabilidade e solidariedade no processo de coabitação de diferentes gerações. Desenvolver a solidariedade e o respeito é o objetivo das ações de nossas duas entrevistadas: Susan Langford e Sue Mayo. Ambas atuam na organização inglesa Magic Me e manifestam sua confiança na transformação do indivíduo por meio da arte e, principalmente, por meio do convívio entre pessoas de faixas etárias diferentes, uma vez que o respeito e a solidariedade podem contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva e solidária.
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional