Postado em 02/05/2012
Conhece aquela pessoa que, somente aos fins de semana, tenta fazer proezas com a bola como um jogador profissional? E aquele outro que se submete a corridas ou pedaladas intensas para perder uns quilinhos ou entrar em forma? Muitos viram e se viram em situações assim, mas o que nem todos conhecem é o risco de desenvolver sérias lesões na falta de orientação adequada ao praticar esporte. “Por isso, fazer uma avaliação clínica e ortopédica é o primeiro passo de tudo”, alerta o preparador físico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, José Elias de Proença.
O segundo passo, enumera José Elias, é que o iniciante procure um profissional de educação física. “A sugestão é que ao iniciar a atividade ela seja leve e moderada”. Em outras palavras, se ninguém sai com um carro na terceira marcha, com o corpo humano não é muito diferente. “Não dá para o indivíduo abandonar o sedentarismo e se tornar um corredor, sem antes passar pela caminhada”, avisa.
Parafraseando a receita de Proença, ninguém corre antes de andar. Segundo ele, fazer uma corrida sem uma musculatura preparada é um fator preocupante, já que nessas situações ocorre a maioria das lesões (veja as dicas de práticas esportivas no boxe Movimento consciente). E complementa: “Exposto a essa condição, o indivíduo pode apresentar resposta dolorosa de musculatura profunda, dor lombar, dores nos joelhos e no tendão”, aponta o especialista.
Ação e autonomia
Então, antes de “pegar no pesado”, adaptar as atividades é uma alternativa eficaz. O vôlei, por exemplo, pode ser bem aproveitado se o peso da bola for alterado (de 260 gramas para 160). O ajuste é necessário, teoriza Elias, pois quando não praticada assiduamente, a modalidade pode trazer um trauma dependendo da velocidade ou altura que a bola é recebida pelo braço.
O Sesc São Paulo, por exemplo, trabalha com essas adaptações. “Há material próprio para a realização de aulas de iniciação de tênis”, conta o técnico da Gerência de Desenvolvimento Físico-Esportivo (GDFE) Paulo Vilela. “As bolas são mais leves e macias, diferentes das bolinhas de tênis usadas nos jogos e competições. Com isso o jogo fica mais lento, facilitando a aprendizagem”, afirma.
A instituição, além da metodologia de adaptações, preza pela prática da atividade física no interior das unidades, sempre de forma consciente e segura. “Pois quando há conhecimento sobre os limites do corpo e como respeitá-los, ficamos habilitados a integrar qualquer modalidade”, explica Vilela.
Quem passa pelo Sesc São Paulo não fica atrelado apenas a uma atividade. Nas unidades, a autonomia de cada um é trabalhada – pelos professores de educação física que coordenam exercícios de ioga, ginástica multifuncional. ?“Estimulamos os limites, a estrutura corporal, com o intuito de as pessoas terem conhecimento e subsídios para praticar várias modalidades”, analisa Vilela. “Com o tempo, possibilita que elas não necessitem do vínculo permanente de profissionais”.
Domínio e técnica
O trabalho desempenhado pelo Sesc – na busca pela autonomia e na adaptação das modalidades – tem sido fundamental, segundo recorda José Elias. Já que, para ele, orientar e adequar os equipamentos a serem mais leves, mais lentos e macios permite aos praticantes evoluírem no jogo. “Os ajustes beneficiam aqueles que não têm o domínio da técnica ou familiaridade com a atividade e, além disso, os protegem de lesões”, considera.
Para quem pretende fazer alguma modalidade esportiva, o também doutor em Desenvolvimento Humano José Elias dá outro motivo importante: “Antes havia uma preocupação voltada quase que somente à questão cardiorrespiratória, porém com o avanço da neurociência percebemos muita relação de equilíbrio em quem faz exercícios”, diz. Portanto, equilibrar-se em uma perna só, alongar e acordar a musculatura quatro vezes ao dia, por cinco minutos, ajuda a prevenir lesões e doenças – acrescenta ele.
Elias explica ainda que ao exercitar-se substâncias bioquímicas como a serotonina e a dopamina são liberadas, contribuindo para a preservação da juventude cerebral. E mais: segundo ele, há publicações como a Muito Além do Nosso Eu (Cia das Letras, 2011), do neurocientista Miguel Nicolelis, que relaciona o movimento do corpo e as pulsões psicológicas com a prevenção de males degenerativos como o Parkinson. “Ou seja, temos um recurso à disposição que pode ter custo zero, mas que oferece vários benefícios que extrapolam a lesão corporal e chegam ao âmbito psicológico do indivíduo”, define.
Movimento consciente
Acompanhe algumas dicas básicas para evitar qualquer dano ao iniciar a prática esportiva Alongamento
Alongamento
Antes de ingressar em qualquer atividade física, faça alongamentos pelo menos durante 20 minutos todos os dias.
Caminhada
a caminhada tem de ser feita alternadamente pela progressão de velocidade e em locais planos ou com inclinações moderadas.
Pedalada
pedalar alternando as situações dos locais (planos, descidas, subidas). Aumentar a rotação da pedalada por minuto até obter, gradativamente, preparo para percorrer uma determinada distância com a bicicleta.
Natação
inicialmente trabalhar com a resistência da água, percebendo a situação do corpo. Caminhar para frente e para trás com a resistência da água, sentindo a reação do corpo antes de nadar.
Futebol
o chute no futebol exige muito da musculatura, dos joelhos e da força dos quadris para levar a perna à frente. Antes de jogar, é recomendável preparar a musculatura, o suporte do esqueleto e as articulações constantemente.
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